Angola: Chuvas provocam três mortos e dois desaparecidos
Lusa
29 de março de 2024
Pelo menos três pessoas morreram e duas outras estão dadas como desaparecidas na sequência das fortes chuvas que caem, desde quarta-feira, em algumas províncias, segundo os dados preliminares divulgados pelos bombeiros.
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Em declarações à agência Lusa, o diretor do gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros, Wilson Baptista, fez saber que as províncias de Luanda, Zaire, Cabinda, Cuanza Sul e Bié são as mais afetadas pelas chuvas intensas.
As vítimas mortais foram registadas nas províncias do Cuanza Sul (duas) e Bié (uma), segundo a mesma fonte, que indicou que dois cidadãos estão dados como desaparecidos.
“As buscas continuam durante este período e vão prolongar-se até as próximas horas”, assegurou.
Em relação à província de Luanda, com a capital do país a voltar hoje a registar níveis intensos de precipitação durante todo o dia, o responsável referiu que os dados preliminares apontam para 676 casas inundadas e várias ruas alagadas e intransitáveis.
As chuvas intensas que caem em grande parte das províncias angolanas, acompanhadas de fortes ventos e descargas elétricas, têm deixado vários bairros e localidades privados do abastecimento regular de água e de energia elétrica.
O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Angola prevê ainda para próximas 24 horas chuvas intensas e/ou moderadas em vários pontos do país.
Chuvas no Bengo: 2.700 famílias afetadas
Cerca de 14.000 pessoas estão desabrigadas na província angolana do Bengo em consequência das chuvas intensas, segundo as autoridades. 1.600 casas foram inundadas e quase 500 desabaram no município-sede.
Foto: António Ambrósio/DW
Sobreviver com o que restou
A intensa precipitação levou ao desabamento total ou parcial de cerca de 500 casas que não resistiram à pressão das correntes de água. Especialmente construções localizadas nas zonas consideradas de risco, "no caminho por onde a água passa", foram afetadas. Para as famílias, a saída é recolher o que ainda pode ser aproveitado e seguir para zonas que oferecem alguma segurança.
Foto: António Ambrósio/DW
Centro de acolhimento
Dois campos de acolhimento foram montados para minimizar a situação dos afetados, um na comuna de Mabubas e outro na de Sassa Pedreira. Nesses locais, as famílias são apoiadas com algumas folhas de chapa para montar um casebre e "fintar" ou proteger-se do relento. Fome e enfermidades dominam a lista de preocupações dos que são obrigados a passar um período indeterminado nestes locais.
Foto: António Ambrósio/DW
Proteger os habitantes de Caxito
Enquanto isso, o caudal do rio Dande continua a subir e ameaça invadir a cidade de Caxito, localizada numa região de baixa altitude. O dique que protege a cidade da invasão da água do rio revela-se frágil e pode ceder a qualquer momento. "Falta pouco" e "já não estamos a apanhar sono", disseram populares à DW.
Foto: António Ambrósio/DW
"Maternidade do paludismo"
O quintal da Administração Municipal do Dande tem estado constantemente alagado. Bem ao lado, nasceu um "lago" que já foi apelidado de "maternidade do paludismo de Caxito". Instituições escolares e hospitalares também foram afetadas.
Foto: António Ambrósio/DW
Em busca de soluções
Alargar a albufeira da barragem das Mabubas e aprofundar o canal do rio Dande são sugestões apontadas pelo académico Amílcar de Armando. "Temos os dados para levar à senhora ministra para que ela, ao mais alto nível, possa desencadear um processo para acudir às populações", afirmou o secretário de Estado para Ação Social, Lúcio do Amaral, de visita a um local alagado.
Foto: António Ambrósio/DW
Avanço de doenças
O resultado do casamento entre água e lixo nunca foi bom. Com as cheias, a malária ameaça alastrar-se ainda mais. Em dezembro, a governadora do Bengo, Maria Nelumba, já alertava: "conforme está a chover, vamos ter muito paludismo". Nesta altura, outra grande preocupação é a cólera que já afeta alguns países vizinhos. Angola trabalha para não acolher este perigo.