Angola critica dados da NASA sobre fogos em África
Lusa
25 de agosto de 2019
O ministro angolano da Comunicação Social, João Melo, afirmou que comparar as queimadas em vários países africanos do centro-sul, como Angola, com os fogos da Amazónia "é nonsense", admitindo, no entanto, o problema.
Publicidade
Na sua conta do Twitter, este domingo (25.08), o ministro fez alusão a um artigo da agência Bloomberg, que se baseava em fotos da NASA, a agência espacial norte-americana, e punha Angola no topo mundial em número de fogos, considerando que a comparação não faz sentido.
"O artigo atribuído à Bloomberg afirmando, com base em fotos da NASA, que há mais fogos em Angola, Congo e outros países do centro-sul de África do que na Amazónia é um completo nonsense. Como comparar queimadas, tradicionais nesta região, com o incêndio da maior floresta do mundo?", escreveu João Melo.
Dados da NASA
De acordo com uma notícia da Bloomberg, do dia 24 de agosto, que citava dados do satélite MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) da NASA, Angola tinha registado 6.902 fogos nas anteriores 48 horas, mais do dobro dos 3.395 na República Democrática do Congo e mais do triplo dos 2.127 fogos registados no Brasil.
"Os fogos que grassam na Amazónia podem ter colocado pressão sobre as políticas ambientais do Presidente Jair Bolsonaro, mas o Brasil é, na verdade, o terceiro país no mundo em termos de incêndios nas últimas 48 horas", referia a Bloomberg, salientando que estes números não eram invulgares na África central, quando os agricultores fazem queimadas para preparar a terra para cultivar.
Numa sequência de 'tweets', em que interagiu também com os seus seguidores, João Melo criticou o "carnaval" em torno das fotos da NASA e a confusão entre queimadas e fogos florestais.
"Confundir fotos de capim a arder na nossa região com incêndios massivos em florestas é brincadeira. E misturar isso com politiquice barata é pior ainda. Lamentável", escreveu o governante.
Ministro admite queimadas em Angola
João Melo reconheceu, contudo, que o problema existe e precisa de ser resolvido, respondendo a um seguidor que "o Governo está a tomar medidas para enfrentar esses problemas. Mas resolvê-los leva tempo".
O governante rejeitou ainda, em resposta a outro internauta, que os seus comentários estivessem relacionados com um 'tweet' do anterior ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Sales.
Sales reagiu às críticas do Presidente francês, François Macron, sobre o 'ecocídio' da Amazónia, escrevendo: "Mais fogo em Angola e Congo do que na Amazónia... e o Macron não fala nada... Porque será? Será que é porque eles não concorrem com os ineficientes agricultores franceses?".
"Não vi nenhum tweet de nenhum ministro brasileiro ou de qualquer país sobre este assunto", respondeu João Melo ao seguidor que o interpelou.
Fogos na Amazónia
O Brasil começou este domingo (25.08) a distribuir 44 mil soldados na vasta região amazónica para combater os incêndios florestais que ocorrem nesta região nas últimas semanas e que levaram o Governo de Jair Bolsonaro a ser criticado internacionalmente por não ter reagido a tempo.
Também neste domingo, os países do G7 (maiores potências industriais) concordaram em "ajudar o mais rapidamente possível os países afetados" pelos incêndios que se multiplicaram nos últimos dias na Amazónia, anunciou o Presidente francês, Emmanuel Macron.
"Há uma verdadeira convergência para dizer: 'nós concordamos em ajudar o mais rapidamente possível os países que são atingidos pelos fogos'", disse o anfitrião da cimeira de sete grandes potências mundiais que decorre em Biarritz até segunda-feira.
Lista Vermelha: Atividade humana ameaça milhares de espécies de extinção
A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) apresenta 25 mil espécies sob risco de extinção. A pesca, o tráfico de animais e as mudanças climáticas são algumas das causas deste problema.
Foto: Imago/imagebroker
Alimentado por turistas
A população de keas, eleito pássaro do ano de 2017 na Nova Zelândia, está diminuindo rapidamente. O motivo? Os turistas que alimentam estes papagaios com comidas nada saudáveis. Como resultado, os pássaros acostumam-se a experimentar alimentos novos e acabam comendo iscas venenosas para controlar pragas, como ratos ou gambás, que destroem até 60% dos ninhos de pássaros a cada ano naquela região.
Foto: Imago/imagebroker
Sem enguias, sem kittiwake
A alimentação dos kittiwakes de pernas pretas depende de determinadas presas, como as enguias. À falta de comida, as colónias de reprodução deste pássaro no Atlântico Norte e no Pacífico estão lutando para alimentar seus filhotes. Globalmente, pensa-se que a espécie diminuiu cerca de 40% desde a década de 1970. A principal causa é a sobrepesca e as alterações no oceano devido à mudança climática.
O bunting de peito amarelo – que já foi abundante na Ásia – é a prova de que a sobrevivência pode ser uma luta. Em 2004, o pássaro estava listado como "menos preocupante" na Lista Vermelha. Este ano, o seu status de risco aparece como "criticamente em perigo". A população desta espécie está diminuindo rapidamente devido à captura em redes, principalmente na China, ao longo de sua rota migratória.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Vaquita: extinção em tempo real
O golfinho vaquita é um dos muitos mamíferos marinhos ameaçados pela pesca – está sob risco de extinção devido a captura acidental em redes de pesca para o totoaba, um peixe traficado por causa da sua bexiga de ar. O status da vaquita "deve ser um alerta para que as ameaças aos cetáceos continuem, exigindo nossa vigilância contínua", disse Thomas Lacher, do Comité da Lista Vermelha da IUCN.
Foto: picture-alliance/dpa/WWF/Tom Jefferson
Perto das margens, os golfinhos sofrem
O golfinho do Irrawaddy foi reclassificado de vulnerável para "ameaçado de extinção" – sua população diminuiu pela metade nos últimos 60 anos. Este golfinho também é alvo das redes de pesca, de acordo com o especialista em cetáceos Randall Reeves da UICN. "Sem soluções práticas para este problema, as redução de golfinhos e botos devem continuar no futuro previsível".
Foto: picture-alliance/dpa/WWF/Roland Seitre
Agricultura insustentável
A desflorestação e os herbicidas, entre outros, representam uma ameaça para espécies de safras selvagens, ressalta a atualização da Lista Vermelha. Vários parentes de culturas básicas, incluindo arroz, trigo e inhame, foram incluídos na lista pela primeira vez este ano. "Ignoramos o destino dessas espécies sob nosso próprio risco", disse Nigel Maxted, especialista em agricultura da UICN.
Foto: Imago/blickwinkel
Menos coruja-das-neves
A coruja-das-neves atingiu o status "vulnerável", com estimativas populacionais recentes muito menores do que se pensava anteriormente. As mudanças climáticas atingiram em cheio o icónico pássaro do Ártico, aumentando o derretimento da neve e reduzindo a disponibilidade de presas. Um quarto das espécies de aves reavaliadas na Lista Vermelha, incluindo a coruja-das-neves, estão mais ameaçadas.
Foto: Imago/CTK Photo
Espécies africanas
Cinco espécies de antílopes africanos – das quais quatro foram listadas anteriormente como "menos preocupantes" – estão diminuindo drasticamente devido à caça furtiva. Outros problemas são a degradação do seu habitat natural e a criação de gado doméstico.
Foto: UltimateUngulate/Brent Huffman
O maior antílope do mundo
O maior antílope do mundo, o elande gigante – anteriormente avaliado como "menos preocupante" – agora está classificado como "vulnerável". Sua população global estimada é entre 12 mil e 14 mil no máximo, sendo que menos de 10 mil são animais maduros. Esta espécie está em declínio devido à caça furtiva, invasão em áreas protegidas e expansão da agricultura e pecuária.
Foto: UltimateUngulate/Brent Huffman
Macado-da-noite
O macaco-da-noite também entrou para as espécies "vulneráveis". A principal ameaça para este primata da floresta amazônica é o comércio ilegal de animais do Peru para o Brasil, onde são usados para pesquisa contra a malária. A conversão do habitat para a agricultura (arroz, óleo de palma e cultivo de soja, bem como pastagens) também está a afetar essa espécie.
Foto: Ben Lybarger
Boa notícia para a raposa-voadora
Algumas espécies dão esperança para o futuro. É o caso da raposa-voadora, que passou da categoria "criticamente em perigo de extinção" para "perigo de extinção" – graças à melhoria da proteção do habitat, projetos de reflorestação, melhor proteção legal e combate à caça. A menor incidência de ciclones, possivelmente o resultado das mudanças climáticas, também ajudou a população a aumentar.