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Angola condena golpe de Estado na Guiné-Conacri

Lusa
6 de setembro de 2021

Angola condena o golpe de Estado na Guiné-Conacri e considera a ação militar "antidemocrática e inconstitucional". Governo de João Lourenço apela ainda à libertação incondicional do Presidente Alpha Condé.

João Lourenço, Angola Präsident
Foto: Getty Images/M. Spatari

A posição expressa numa nota do Ministério das Relações Exteriores de Angola divulgada esta segunda-feira (06.09) sublinha que o país lusófono está a acompanhar "com muita preocupação" os acontecimentos ocorridos na Guiné, no domingo (05.09), que "culminaram com a detenção do Professor Alpha Condé, Presidente da República da Guiné-Conacri, e a tomada do poder por um grupo de Forças Especiais".

"Face à gravidade dos factos, a República de Angola condena esta tentativa de golpe de Estado, um ato antidemocrático e inconstitucional, que viola os princípios das Declarações de Argel e de Lomé, da União Africana, de 1999 e 2000, sobre as mudanças inconstitucionais", realça o documento.

Presidente angolano, João Lourenço, realizou em julho, a convite de Alpha Condé, uma visita de dois dias à República da Guiné-Conacri, durante a qual foi condecoradoFoto: dpa

Angola insta à salvaguarda da paz e estabilidade

Na nota, Angola sublinha que apoia a Declaração Conjunta do Presidente em exercício da União Africana e do Presidente da Comissão da União Africana, bem como a Declaração do Presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

"A República de Angola manifesta, por conseguinte, a sua solidariedade ao povo guineense, apela os autores deste ato a libertarem incondicionalmente o Presidente Alpha Condé e a preservarem a sua integridade física, assim como insta ao pronto retorno à ordem constitucional, em salvaguarda da paz e da estabilidade" na República da Guiné-Conacri, sublinha a nota.

No final de julho deste ano, o Presidente angolano, João Lourenço, realizou, a convite de Alpha Condé, uma visita de dois dias à República da Guiné-Conacri, durante a qual foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional daquele país.

Os golpistas capturaram o Presidente Alpha Condé e dissolveram as instituições de Estado do país no passado domingo. Foi instituído um recolher obrigatório noturno, e a constituição do país e a Assembleia Nacional foram ambas dissolvidas.

A junta militar recusou-se a revelar quando pretende libertar Condé, mas assegurou que o Presidente deposto, com 83 anos, tem acesso a cuidados médicos e aos seus médicos.

O tenente-coronel Mamady Doumbouya promete criar um "governo de unidade nacional" para um período de "transição" na Guiné-Conacri. O líder golpista assegura que não haverá "caça às bruxas" contra antigo governo.

Mamady Doumbouya anunciou o intuito de avançar para uma "transição inclusiva e pacífica"Foto: Radio Television Guineenne/AP Photo/picture alliance

CEDEAO ameaçou impor sanções

 A CEDEAO apelou à libertação imediata de Alpha Condé e ameaçou impor sanções, se esta exigência não vier a ser satisfeita.

Mamady Doumbouya anunciou ainda num vídeo divulgado após o golpe a criação de um "Comité Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento", com o objetivo de "iniciar uma consulta nacional para abrir uma transição inclusiva e pacífica".

A Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) exigiu também a "imediata" e "incondicional" libertação do Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, e o mesmo fez a União Africana e também a França.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também já condenou "qualquer tomada de poder pela força das armas".

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