Angola: Conflito interno na IURD pode estar longe do fim
Manuel Luamba
22 de dezembro de 2020
Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (INAR) legitimou o bispo angolano Valente Bezerra Luís como representante da IURD em Angola. Jurista considera decisão legítima, apesar de a IURD no Brasil não ter sido ouvida.
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O bispo Valente Bezerra Luís vai passar a representar legalmente a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola. A decisão é do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR) e surge na sequência de um longo conflito que opõem pastores angolanos aos brasileiros.
"É nossa prioridade buscar junto das autoridades competentes a devida autorização para a retomada dos cultos nos nossos templos e, simultaneamente, reconciliar toda família universal, pois somos todos irmãos", frisa o bispo Valente Bezerra Luís.
Numa nota enviada à DW África, a ala dos pastores brasileiros reage à decisão do INAR entendendo que "peca por afastar-se e contrariar as regras que estabelecem a sua própria competência".
No documento, pode ler-se ainda que "além da falta de legitimidade do INAR para tomar a referida decisão, deve ser tornado público que a Igreja Universal do Reino de Deus e seus representantes em nenhum momento foi ouvida, notificada, comunicada ou auscultada".
"Inexplicavelmente, a IURD foi mantida à margem e afastada do referido processo", acrescenta a nota que considera que o INAR interveio numa matéria para a qual não está legitimado.
Decisão "razoável"
O analista e jurista angolano Manuel Pinheiro considera "razoável" a decisão do INAR "na medida em que a IURD é uma associação de direito privado".
Questionado sobre se se estava diante do fim do longo conflito que se vive na IURD, Manuel Pinheiro entende que não: "Isso não termina com o conflito, porque o conflito é um potencial que existe em cada uma das pessoas interessadas nesse processo".
Os templos da IURD em Angola encontram-se encerrados por decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) e há pastores acusados de crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exportação ilegal de capitais, entre outros ilícitos.
Segundo Manuel Pinheiro, a decisão do INAR "não impede a marcha dos processos judiciais".
"Esses vão correr o seu curso e no seu tempo oportuno se saberá o despacho final que cairá sobre esses processos", conclui o jurista.
Nove mesquitas em África que são verdadeiras obras de arte
O continente africano possui diversos edifícios religiosos de várias épocas: de 670 a.C. a 2019, existem mesquitas para praticamente todos os gostos e estilos arquitetónicos.
Foto: AFP/SEYLLOU
A mesquita de Massalikul Jinaan, Senegal
Com um custo total de mais de 30 milhões de euros, a mesquita de Massalikul Jinaan foi inaugurada em setembro de 2019. É a maior mesquita da África Ocidental e tem capacidade para albergar 15.000 fiéis no interior e outros 15.000 no átrio principal. O nome do edifício deriva do título de um poema do xeque Ahmadou Bamba Mbacke, fundador da Irmandade Mouridiyya no século XIX e reverenciado santo.
Foto: AFP/SEYLLOU
Grande Mesquita de Cairuão, Tunísia
Esta mesquita é um dos mais antigos locais de culto do mundo islâmico e possivelmente o mais antigo de África. Foi fundada no ano 670 a.C. pelo general árabe Uqba ibn Nafi. O edifício tem uma influência mista da arquitetura pré-islâmica, romana e bizantina. Está localizado em Cairuão, no deserto do norte da Tunísia, e é Património Mundial da UNESCO.
Foto: Imago/Panthermedia
Mesquita de Larabanga, Gana
Apelidada de Meca da África Ocidental, a Mesquita de Larabanga está construída no estilo arquitetónico sudanês e pode ser vista e visitada precisamente em Larabanga, no Gana. Foi fundada em 1421 e é uma das mais antigas mesquitas da África Ocidental. Foi já submetida a vários trabalhos de restauração minuciosos, uma vez que esta obra é feita de reboco de lama.
Foto: Imago/UIG
Mesquita de Touba, Senegal
A Grande Mesquita de Touba foi fundada em 1887 pelo santo sufi e fundador da Irmandade Mouridiyya, Amadou Bamba. No entanto, só foi oficialmente concluída em 1963. Bamba morreu em 1927 e está enterrado na mesquita que agora é administrada pelos seus descendentes. É considerada uma das mais belas mesquitas do mundo.
Foto: Imago Images
A Grande Mesquita de Djenne, Mali
A Grande Mesquita de Djenne é a maior estrutura de tijolos de barro do mundo. Foi construída em 1907, usando um estilo arquitetónico único, que remonta às paisagens do Sahel no século XIV. Todos os anos, a comunidade de Djenne participa num festival que visa reparar danos causados pela erosão natural - uma festa que envolve música e comida, é claro.
Foto: Getty Images/AFP/M. Cattani
Mesquita Nacional de Abuja, Nigéria
Esta mesquita foi construída em 1984 e é a Mesquita Nacional da Nigéria. Embora tenha sido construída para responder às necessidades da população muçulmana da Nigéria, também está aberta ao público não muçulmano, exceto durante as orações oficiais. Está simbolicamente localizada em frente ao Centro Cristão Nacional.
Foto: Imago Images/F. Stark
Mesquita Nacional do Uganda
Terminada em 2006, a Mesquita Nacional de Uganda é um exemplar de arquitetura moderna. Foi encomendada em Kampala pelo ex-líder líbio Muammar Kadhafi e posteriormente renomeada em sua homenagem. Atualmente esta mesquita é também sede do Conselho Supremo Muçulmano de Uganda.
Foto: Imago/UIG
Mesquita Hassan II, Marrocos
Concluída em 1993, a Mesquita Hassan II era até recentemente a maior mesquita do continente africano e a terceira maior do mundo. Este edifício foi construído para comemorar o 60.º aniversário do ex-rei Hassan II. A sua localização em cima do oceano representa um verso do alcorão, que afirma que o trono de Deus foi construído sobre a água.
Foto: picture alliance/Arco Images
Djamaa el Djazair ou Grande Mesquita de Argel, Algéria
Foi concluída em 2019 após sete anos de construção, com um custo total estimado em 915 milhões de euros. A sua construção resultou de um esforço global: foi financiada pelo Governo da Argélia, projetada por arquitetos alemães e construída pela China State Construction Engineering Corporation. O seu minarete de 265 metros torna esta mesquita no edifício mais alto de África.