O ministro das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação de Angola anunciou, em Luanda, a construção de um novo satélite. AngoSat-2 substituirá AngoSat-1, lançado em dezembro e que não cumpriu os requisitos.
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"Da análise que as nossas equipas técnicas têm estado a realizar, com bastante intensidade, na sexta-feira, no sábado e no domingo, verificámos que o AngoSat-1, apesar de estar em órbita, não apresenta os parâmetros para os quais foi contratado", anunciou José Carvalho da Rocha, em Luanda.
O ministro angolano falava após a assinatura de uma adenda ao contrato de construção do satélite angolano com o consórcio russo formado pela S.P. Korolev e SC Energia, na presença de representantes do Governo de Moscovo e da agência espacial daquele país europeu.
"Diante desta situação há uma pergunta que se coloca: o que fazer? Naturalmente, as duas equipas (Angola e Rússia) cingiram-se ao contrato e o artigo 12.º prevê que nessas situações deve ser construído um outro satélite, neste caso o AngoSat-2, sem custos para a parte angolana", explicou José Carvalho da Rocha.
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Acrescentou que, também ao abrigo do contrato inicial, impõe-se que durante o período de construção do AngoSat-2 "devem ser fornecidas as compensações para que os serviços [de comunicação] continuem a ser prestados".
"Há uma série de serviços que nós prevíamos assentar no AngoSat-1", recordou, acrescentando que a adenda ao contrato hoje assinada, prevendo a construção do AngoSat-2 e a disponibilização de largura de banda para comunicações.
"Vamos continuar a trabalhar arduamente, é um caminho que temos de fazer, não é uma reta linear, temos que estar preparados para que nestes percursos tenhamos picos altos e picos baixos. O mais importante é que os nossos interesses sejam bem defendidos, como até aqui, e possamos fazer, com o apoio russo, este caminho, que sabemos deve ser feito por várias gerações", sublinhou o ministro angolano.
Sem custos para Angola
O consórcio russo responsável pela construção e lançamento do primeiro satélite angolano anunciou que o AngoSat-2 começa a ser construído na terça-feira (24.04), sem custos para Angola, decorrendo até 2020. A informação foi transmitida, em Luanda, por Igor Frolov, da empresa russa RSC Energia, na conferência de imprensa de balanço do projeto do primeiro satélite angolano.
O Angosat-1 foi lançado em órbita, a partir do Cazaquistão, com recurso ao foguetão ucraniano Zenit-3SLB, envolvendo a Roscosmos, empresa espacial estatal da Rússia.
A construção arrancou a 19 de novembro de 2013 e o lançamento aconteceu a 26 de dezembro de 2017. Logo após, surgiram notícias sobre problemas com a infraestrutura, nomeadamente a perda de comunicação.
A construção do AngoSat-1, de acordo com dados do Ministério das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação, envolveu três contratos, o primeiro dos quais, no valor de 252 milhões de dólares (205 milhões de euros), para a construção e o lançamento do satélite. Neste caso, só a construção do satélite está avaliada em 120 milhões de dólares (98 milhões de euros).
Um outro contrato, no valor de 50 milhões de dólares (40 milhões de euros), envolveu a construção de todo o segmento terrestre e o Centro de Comando de Satélite, localizado na Funda, arredores de Luanda.
O terceiro contrato, de 25 milhões de dólares (20 milhões de euros), serviu para alugar a posição orbital onde o satélite permaneceria durante 18 anos.
Globalmente, o projeto representa um investimento superior a 320 milhões de dólares (262 milhões de euros) do Estado angolano e pretende reforçar as comunicações no país, fornecendo ainda serviços para parte do continente africano.
Dessalinização de água com tecnologia europeia em Cabo Verde
Em Cabo Verde, as reservas naturais de água são escassas e a estação chuvosa dura apenas três meses por ano. Governo aposta na dessalinização da água do mar para abastecer a população. Mais de 55% da produção perde-se.
Foto: DW/C. Teixeira
Água fresca para os cabo-verdianos
Em Cabo Verde, a dessalinização garante água fresca para cerca de 80% da população. O país aposta no sistema de osmose inversa para produzir água doce. A Electra, Empresa Pública de Electricidade e Água, é responsável pela produção e distribuição da água dessalinizada nas ilhas de São Vicente, Sal e na Cidade da Praia. Na foto, visão parcial da central dessalinizadora da Electra na capital.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Dessalinização por osmose inversa
O processo de dessalinização por osmose inversa é uma moderna tecnologia de purificação da água que consiste em diversas etapas de filtragem. Logo após a captação, a água do mar passa pelos filtros de areia, que têm por finalidade eliminar impurezas e resíduos sólidos maiores. Na foto, os dois grandes cilindros são os filtros de areia de uma das unidades de dessalinização na Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Várias etapas de filtragem
Depois, a água é novamente filtrada, desta vez por micro filtros. Os dois cilindros azuis que se podem ver na foto possuem uma alta eficiência na remoção de resíduos sólidos minúsculos - como moléculas e partículas. Essas duas pré-filtragens preparam a água para passar pelo processo de osmose inversa.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Sob alta pressão
O aparelho azul (na foto) é uma bomba de alta pressão. Aplica uma forte pressão na água do mar, que é distribuída pelos cilindros brancos. No interior, encontram-se membranas semipermeáveis por onde a água é forçada a passar. Neste processo de filtragem, consegue-se a retenção de sais dissolvidos. Obtém-se a água doce e a salmoura - solução com alta concentração de sal - que é devolvida ao mar.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Volume do abastecimento
Na Cidade da Praia, funcionam duas unidades dessalinizadoras da Electra, com capacidade para produzir 15.000m3 de água doce por dia. Pelo menos 60% da população da capital recebe a água dessalinizada da Electra. Na foto, uma visão parcial da unidade mais moderna de Santiago, em funcionamento desde 2013. A Electra é reponsável pelo abastecimento de água de mais de metade da população do país.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Controlo de qualidade
A água doce produzida é analisada num laboratório onde é feito o controlo de qualidade. De acordo com a Electra, a transferência da água para consumo só é autorizada se apresentar as condições estabelecidas nos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na foto, a engenheira bioquímica Elisângela Moniz mostra as placas utilizadas para a contagem de coliformes totais e fecais.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Moderna tecnologia europeia
Cabo Verde utiliza tecnologias europeias, espanhola e austríaca, para a dessalinização da água do mar. Na foto, o reservatório de água da empresa austríaca Uniha, que tem capacidade para armazenar 1.500 m3 de água. A água dessalinizada não fica parada aqui: é constantemente bombeada para os reservatórios de distribuição existentes ao longo da Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Grandes perdas
Esses equipamentos são responsáveis por bombear a água para os tanques de distribuição da Cidade da Praia. No entanto, cerca de 55% de toda a produção é perdida durante este processo. As perdas são causadas por fugas de água em tubulações e reservatórios antigos para onde a água é enviada antes de chegar ao consumidor.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Desafios e esforços para produzir água
O engenheiro António Pedro Pina, diretor de Planeamento e Controlo da Electra, diz que os maiores desafios da empresa são "garantir a continuidade na produção, estabilidade na distribuição e combater as perdas que, neste momento, estão em cifras proibitivas". Pina defende, no entanto, que "tem sido feito um esforço enorme para garantir a continuidade da distribuição da água" em Cabo Verde.
Foto: DW/C.V. Teixeira
Recurso natural abundante
Terminado o processo de dessalinização, a água com alta concentração de sal, denominada salmoura, é devolvida ao mar. Composto por 10 ilhas, o arquipélago cabo-verdiano encontra-se cercado por uma fonte inesgotável para a produção de água potável. Os cabo-verdianos têm assim o recurso natural abundante para garantir à população o abastecimento de água dessalinizada e limpa, constantemente.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Preço da água ainda é alto
A água dessalinizada pela Electra em Santiago abastece os moradores da Cidade da Praia. Na foto, moradores do bairro Castelão, na capital cabo-verdiana, compram água no chafariz público - um dos poucos que ainda restam no país. Cada bidão de cerca de 30 litros de água custa 20 escudos cabo-verdianos (cerca de 0,20 euros). O valor é considerado alto por muitos cabo-verdianos.