Aumento do número de casos de queimadas, caça furtiva e exploração ilegal de madeira preocupam autoridades. Só até setembro deste ano já foram apreendidos mil metros cúbicos de madeira. Ativista pede medidas urgentes.
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Os municípios do Cuchi, Cuito Cuanavale, Mavinga, Cuangar e Menongue são os mais atingidos pela exploração ilegal de recursos florestais na província do Cuando Cubango. As espécies de árvores mais abatidas pelos garimpeiros são a mussivi, mussala, girassonde e mucussi.
Em entevista à DW, Domingos Afonso Dendica, chefe do departamento provincial do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) no Cuando Cubango, explica que "toda a madeira apreendida reverte a fazer do Estado". "Têm diferentes períodos de estacionamento aqui no pátio de interpostos aduaneiros: há madeira que está aqui há um ano, outra que está há menos", descreve.
As inúmeras ilegalidades na extração de recursos naturais no Cuando Cubango fez deslocar-se à província o secretário de Estado da Agricultura para a área florestal. André Moda afirma que houve uma diminuição no corte seletivo, mas frisa que os números continuam a preocupar o seu ministério, uma vez que a madeira é um recurso estratégico para o país.
Lutar contra abate ilegal de madeira
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"Constata-se que ainda existem garimpeiros que, em colaboração com as próprias populações, continuam a fazer cortes à madeira de uma forma ilícita. Organizámos sessões de sensibilização com as populações para explicar que não se pode queimar por queimar, não se pode fazer carvão por fazer, não se pode abater os animais por abater. É necessário que as nossas populações aprendam a respeitar a lei", diz André Moda, que acrescenta:
"Quem não respeita a lei, incorre em crimes ambientais (...) As medidas estão bem espelhadas no instrumento legal do Estado que é a lei de base das florestas e faunas selvagens. Quando alguém é apanhado [a desrespeitar a lei], o produto é apreendido, e a pessoa responsabilizada criminalmente”.
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Falhas na fiscalização
A fiscalização é outro problema. O Cuando Cubango é a segunda maior província de Angola em extensão territorial e conta apenas com 135 fiscais, um número considerado irrisório. Segundo o diretor do Gabinete Provincial do Ambiente e Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários, Júlio Bravo, para garantir uma maior fiscalização são necessários 500 mil agentes.
Estevão Caheta, ativista ambiental, culpa o Executivo angolano de nada fazer para inibir os crimes contra a natureza e apela ao respeito ao meio ambiente, frisando que os "danos [para a natureza] já são visíveis": "vemos o aquecimento constante, Menongue está a aquecer e de que maneira, estamos a entrar em novembro e não temos chuva... vamos assistir ao desaparecimento de algumas espécies que se vão embora por causa do abate indiscriminado de árvores".
Segundo o ativista, o abate indiscriminado de árvores e a caça furtiva é fruto, em muitos casos, da situação social de várias famílias. É por isso necessário, defende também, que seja feita uma sensibilização junto das comunidades.
A DW tentou ouvir o Ministério do Interior no Cuando Cubango sobre outros casos de apreensão e crimes ambientais, mas este recusou falar à nossa reportagem.
A desertificação causada pelo homem
Um terço da massa terrestre está coberto de desertos. As paisagens áridas não param de crescer em todo o mundo devido ao uso excessivo dos solos e a desflorestação. E a culpa é do ser humano.
Foto: picture-alliance/dpa
Desertos por toda a parte
Houve um tempo em que hipopótamos e elefantes ainda viviam no Saara. Hoje, o Saara é uma paisagem árida. Este pequeno lago é uma reminiscência dos tempos passados. O lago é alimentado por águas subterrâneas provenientes de chuvas absorvidas pelo solo há milhares de anos. Infelizmente, o clima mudou e criou uma enorme paisagem árida. Os desertos continuam a se formar e a culpa é humana.
Foto: Imago Images/robertharding
A ação humana destroi a natureza
A formação de desertos causada pela ação humana é chamada de desertificação. Quando humanos destroem os recursos naturais em áreas com clima seco, as plantas desaparecem e o solo se torna infértil. Estes fenómenos de desertificação são vistos em 70% das áreas áridas da Terra, como esta zona na Índia.
Foto: picture-alliance/dpa
Ameaça global
A cada ano, formam-se 70.000 quilómetros quadrados de desertos, o que corresponde à área da Irlanda. Segundo a Agência Alemã para Cooperação Internacional (GIZ), 40% da população de África está ameaçada pela desertificação. Na Ásia, são 39% e, na América do Sul, 30% da população. Algumas zonas dos Estados Unidos e da Espanha também estão ameaçadas.
Foto: picture-alliance/F. Duenzl
Excessos
Uma das razões para a expansão dos desertos é a explosão populacional em alguns países. Na China, por exemplo, o solo já seco tem que alimentar mais e mais pessoas. Os agricultores mantêm muitos animais em suas pastagens, que devoram até mesmo as últimas plantas. Assim, o solo é erodido pelo vento e pela chuva. Na China, cerca de 2.500 quilómetros quadrados de deserto formam-se a cada ano.
Foto: Imago/Xinhua
Um mar sem água
O Mar de Aral, na fronteira entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, é um símbolo da política agrícola fracassada que levou à desertificação. Anteriormente, o Mar de Aral era o quarto maior lago do mundo. Hoje, pouco disso restou. Desde a era soviética, os dois países exploram o lago para irrigar os campos de algodão. Consequentemente, os navios dos pescadores foram deixados em terra firme.
Foto: picture-alliance/dpa
Desflorestação
Não só os países emergentes sofrem com o solo seco. Na Espanha, a desertificação está a progredir cada vez mais rápido. O motivo é o grande número de turistas. Florestas inteiras são derrubadas para dar lugar à construção de hotéis. Assim, o solo perde a sua sustentação e fica desgastado. A região de Guadalajara, perto de Madrid, também está a ser afetada.
Foto: picture-alliance/ ZUMAPRESS/M. Reino
Deslocamentos
Além da destruição dos ecossistemas, a desertificação gera muitos outros problemas. Empobrecidas e desnutridas, muitas pessoas são forçadas a deixar a sua terra natal. Em África, a desertificação afeta 485 milhões de pessoas, segundo dados da GIZ. As Nações Unidas estimam que mais de 60 milhões de pessoas deixarão as zonas desertificadas de África até 2020.
Foto: Reuters/Murad Sezer
Luta contra a desertificação
Alguns países declararam guerra à desertificação. Há décadas, a China tem tentado neutralizar o fenómeno através do reflorestamento. O projeto "Green Wall" (Muro Verde) tem um objetivo ambicioso: replantar uma área do tamanho da Alemanha até 2050. As Nações Unidas também chamam a atenção para o problema do Dia Mundial de Combate à Desertificação, celebrado a 17 de junho.