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Cuando Cubango clama por melhores estradas na província

Adolfo Guerra (Menongue)
11 de julho de 2022

A menos de um mês e meio para as eleições gerais, os populares do Cuando Cubango pedem o cumprimento das promessas de melhores condições rodoviárias. Acusam o regime no poder em Angola de falta de vontade política.

Afrika Straßenverhältnisse in der Provinz Cuando-Cubango, Angola
Foto: Adolfo Guerra/ DW

A província do Cuando Cubango, no sul de Angola, sempre foi chamada de "terras do fim do mundo" pela distância em relação a outras províncias.

Nesta província com cerca de 5 mil quilómetros de estradas, a maioria não está asfaltada e o seu estado é péssimo. Quem vive nos municípios do interior para chegar a Menongue, capital provincial, tem de percorrer muitos quilómetros e enfrenta dificuldades em quase tudo.

A funcionária pública Fernanda Cacuhu, residente em Cuangar, diz que viajar é um enorme sacrifício - para além de gastar de transporte entre 15 a 20 mil kwanzas (o equivalente a 34 e 45 euros).

Sem serviços bancários, Fernanda Cacuhu conta que têm de que ir transferir dinheiro nos libaneses para conseguir qualquer coisa se tiver que levantar 10 mil kwanzas (22 euros).

"Pagas aos libaneses 5 mil kwanzas (11 euros). Eles saem mais a ganhar", relatou Cacunhu explicando ainda que, por causa da distância e o mau estado das estradas, " o preço da cesta básica é muito alto e as pessoas compram porque não têm como fazer".

Elioth Cameunho: "O Governo tem de ver este problema [das estradas]"Foto: Adolfo Guerra/ DW

Sobrevive-se no Cuando Cubango

"Aqui não se vive, sobrevive-se e a própria sobrevivência também é aquela, só Deus", prosseguiu.

A residente conta que transferir um paciente de Cuangar para Menongue, por exemplo, é impensável porque pode perder a vida no decurso da viagem. A única solução é transferir para a Namíbia, país vizinho de Angola.

Elioth Cameunho tem 40 anos de idade. Cameunho é camionista na via Menongue-Cuangar há 13 anos. Conta que por causa das dificuldades nas estradas, para transportar mercadoria de comerciantes o preço pelo peso da carga varia entre 200 mil (450 euros) a 250 mil kwanzas (perto de 600 euros) por 50 ou 60 toneladas.

"Esta via não está boa, há muitos buracos e traz danos aos carros, estamos a falar dos pneus, também estamos a falar de amortecedores e bombas injetoras. O Governo tem de ver este problema", reclama.

Acesso aos serviços bancários

Augusto Kassinda, munícipe de Menongue que trabalha no Instituto Nacional de Estatísticas no Cuando Cubango, lembra que em apenas cinco dos nove municípios existem serviços bancários: Cuíto Cuanavale, Mavinga, Calai, Cuangar na comuna e Menongue. E quem vive noutros municípios é obrigado a ir a outras localidades. Gastam mais dinheiro do que ganham.

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"O dinheiro de transporte que se gasta na ida e volta para o banco, para levantar o subsídio, não cobre esta despesa", disse Kassinda quando se referia às dificuldades que o poder local enfrenta para receber mensalmente o dinheiro do Estado angolano.

"Um soba às vezes é obrigado a acumular três ou até quatro meses que é para depois fazer esta deslocação. Mesmo assim, contando com o custo do transporte e talvez resta e aí uns 40 ou 60% da totalidade dos meses que ele acumulou", afirma o munícipe de Menongue.

Kassinda entende que se houvesse estradas em condições as ligações seriam mais rápidas e ajudariam a acelerar o ritmo de desenvolvimento local.

Novas estradas

Na inauguração da estrada N 280 Cuchi-Cutato em abril último, o ministro da Construção, Manuel Tavares de Almeida, garantiu que está em carteira a reabilitação da Estrada Nacional 140 e 235 ,que ligam a comuna do Caiundo (Menongue),Cuangar/Calai/Dirico/Mucusso ainda este ano, num financiamento garantido pelo Governo alemão.

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