Em comunicado, Governo angolano apela por transição democrática para garantir estabilidade e paz no país vizinho. Eleições foram adiadas para 2018 com acordo boicotado pela oposição.
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Em comunicado divulgado este sábado (12.11), o Executivo angolano defendeu a transição de poder por meio de eleições na República Democrática do Congo para que o país alcance estabilidade política. O documento assinala o "respeito à Constituição e aos instrumentos jurídicos" do país, tanto pelo Governo como pela oposição. "O Presidente da República só pode ser substituído através de um processo democrático", diz o comunicado divulgado pela agência Lusa.
O Governo de José Eduardo dos Santos pede que sejam criadas condições para que uma Comissão Nacional Eleitoral Independente cumpra sua missão de assegurar eleições livres, transparentes e credíveis. Luanda diz acompanhar a situação “com especial atenção" e reafirmou o princípio de não interferir nos assuntos internos do país vizinho.
Em 17 de outubro, um "diálogo nacional" aberto sem a participação da oposição possibilitou um acordo para que as eleições presidenciais fossem adiadas até abril de 2018. Aprovado em sessão plenária na capital Kinshasa, o acordo pretende manter o Presidente Joseph Kabila no cargo, embora seu mandato termine em dezembro deste ano e a Constituição proíba sua reeleição.
O Governo congolês e a comissão eleitoral defenderam o adiamento do escrutínio sob o argumento de que os cadernos eleitorais estão desatualizados.
O acordo prevê a criação de um novo Governo com o posto de primeiro-ministro exercido por um membro da oposição, que boicotou as negociações. Um porta-voz do "diálogo nacional" anunciou que as presidenciais vão ocorrer em 29 de abril de 2018 e a transferência de poder entre o presidente eleito e o presidente atual está prevista para 9 de maio do mesmo ano.
No comunicado deste sábado, o Governo angolano manifesta convicção de que as divergências políticas devam ser resolvidas com recursos legítimos, apelando às partes a "manterem o diálogo e a negociação, evitando-se a todo o custo a confrontação e a violência", conclui a declaração.
Kinshasa completa 50 anos
Há 50 anos, Léopoldville passou a se chamar Kinshasa. A capital da República Democrática do Congo (RDC) é a terceira maior metrópole de África, depois de Lagos e Cairo. Veja alguns momentos dessas décadas.
Foto: Per-Anders Petterson
Inquietações e independência
Aqui, o movimento pró-independência, pouco antes de eles alcançarem o seu objetivo. Em 1959, Léopoldville foi palco de uma manifestação de trabalhadores que exigiam a total independência do Congo, na altura colônia da Bélgica. O movimento, porém, foi brutalmente reprimido: 40 pessoas morreram e 250 ficaram feridas. Um ano mais tarde (1960), o país conseguiu a sua independência.
Foto: picture-alliance/dpa/AKG Images/P. Almasy
Autocarros movidos a eletricidade
A foto de 1955 mostra um autocarro movido a eletricidade em Léopoldville. A tecnologia foi levada ao Congo pelos belgas, que a obtiveram na Suíça. Abastecidos, esses autocarros podiam circular aproximadamente três quilômetros. A rede chamada de "Gyrobus" era, na época, a maior rede de transportes urbanos de todo o mundo. Até 1956, esses veículos serviam a dez milhões de pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/Keystone Pictures
Um ditador chega ao poder
Aqui, Presidente Joseph Mobutu no Parlamento de Léopoldville no dia 30.11.1965. O ex-chefe do Exército tinha recém chegado ao poder por meio de um golpe militar (há cinco dias). Joseph Kasavubu, o primeiro Presidente da independente República Democrática do Congo, foi deposto. Um ano depois, Kinshasa foi renomeada. Mobutu ficou três décadas no poder até que em 1997 precisou se exilar no Marrocos.
Foto: picture-alliance/dpa
O titã de Kinshasa
1974: imagem das Forças de Segurança a escoltar o pugilista americano Muhammad Ali ao sair do centro de treinamento em Kinshasa. Em 30.10.1974, Muhammad Ali venceu o adversário George Foreman a "luta do século". Cerca de 60 mil pessoas assistiram ao momento histórico no estádio de Kinshasa - e milhões em todo o mundo, pela televisão.
Foto: AFP/Getty Images
O legado de Muhammad Ali
Ainda hoje, Muhammad Ali emociona jovens de Kinshasa. No clube de boxe, ele inspira tanto meninos quanto meninas. Aqui, todos lutam juntos. Uma delas disse à DW que se sente como sua neta e que sabe tanto sobre ele. Seu desejo é poder, um dia, lutar tão bem quanto o seu ídolo. Para que isso aconteça, o treinador do clube espera poder contar com mais apoio do Ministério do Desporto.
Foto: DW/S. Mwanamilongo
Robô para evitar caos no trânsito
Neste cruzamento (Asosa) em Kinshasa não é a polícia que controla o tráfego, mas um robô. Isso acontece desde 2014. O sistema funciona com quatro câmeras. Os robôs enviam as imagens a um centro de informação, que analisa o fluxo do tráfego. Por trás do projeto está um grupo de engenheiros congolesas do Instituto Superior de Tecnologia Aplicada de Kinshasa.
Foto: D. Kannah/AFP/Getty Images
Semana de Moda de Kinshasa
Adeus Paris, Nova Iorque e Milão - bonjour Kinshasa! Estilistas congoleses apresentam sua alta costura. Colorido, estridente, elegante - ou de papel, como aqui: o estilista congolês Papa Griffe, na Semana de Moda de Kinshasa, em julho de 2015. Foi a congolesa Marie-France Idikayi que lançou o evento em Kinshasa em 2011. O objetivo: tornar estilistas africanos conhecidos no mundo inteiro.
Foto: DW/J. Bompengo
Reciclagem de lixo
O outro lado da cidade populosa é o lixo. É comum ver crianças revirando as sobras em busca de plástico reciclável. O que eles conseguem juntar, eles então levam a uma usina de reciclagem como esta, operada pela ONG local "Vie Montante". Em troca, as crianças recebem um salário mensal e os funcionários da usina, um trabalho.
Foto: Vie montante Développement
A Kinshasa de 2016 é uma Kinshasa em que tudo se pode?
Uma performance de Julie Djikey nos tempos de Joseph Mobutu era quase impensável, afinal ela questiona e provoca. Mas hoje, em "carro humano", ela apresenta o corpo cheio de graxa e filtros de óleo nos seios. Uma forma que encontrou de protestar contra a poluição. Além disso, ela apela às mulheres: "Uma mulher corajosa se reconhece pela sua firmeza contra seu sofrimento e seus problemas".