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Angola depende de apoio externo para concluir desminagem

28 de dezembro de 2016

O país precisará de apoio financeiro internacional para concluir a desminagem dentro do prazo estabelecido, dezembro de 2017, diz especialista. A crise do petróleo que abalou financiamentos do Governo é uma das causas.

Foto: picture-alliance / dpa

O Estado angolano é o principal financiador dos trabalhos de desminagem, mas deverá depender do apoio internacional para cumprir a meta dentro do prazo estabelecido pelo Tratado sobre a Proibição das Minas Antipessoais, conforme afirmou em entrevista à DW o engenheiro e membro da Comissão Nacional Intersetorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH) de Angola, Edgar Lourenço.

O membro da comissão angolana concorda que será preciso mais dinheiro e mais tempo para concluir a desminagem. Como alternativa, procura-se incentivar doadores internacionais a continuarem com o apoio porque, segundo Edgar Lourenço, "reduziu-se muito as atividades internacionais para Angola".

Mas o apoio internacional não tem sido motivo de otimismo. O financiamento externo às operações de desminagem para este país diminuiu 80% entre os anos de 2014 e 2015, de acordo com o "Relatório Minas Antipessoais" publicado em novembro deste ano (2016). 

Aliás, o beneficiário que mais apoio internacional perdeu foi Angola, que está na lista de países de "contaminação generalizada" (mais de 100 quilómetros quadrados do total do território).

Atividades desenvolvidas com o apoio do Centro Internacional de Desminagem HumanitáriaFoto: GICHD

Crise 

A queda do preço do petróleo faz com que Angola esteja muito mais dependente do apoio internacional para concluir a desminagem, diz ainda o engenheiro.

Desminar as áreas rurais do país, por exemplo, traria benefícios para o desenvolvimento agrícola e acesso aos recursos naturais em locais onde há, atualmente, o perigo de minas antipessoais. Um dos desafios é garantir que as atividades sejam implementadas nas áreas certas.

Segundo o membro do comissão de desminagem, o país deverá pedir em março de 2017 para adiar o prazo para eliminar as minas até 2025: "antevendo-se que Angola não estará livre das minas, está a preparar um novo pedido", afirma Edgar Lourenço.

Poucos avanços

Rhodes Guy, diretor do GICHDFoto: GICHD

Além da crise financeira, Angola tem perdido apoios porque os doadores internacionais viram poucos avanços nos últimos anos, afirma Rhodes Guy, diretor de operações do Centro Internacional de Desminagem Humanitária (GICHD, na sigla em inglês), organização não-governamental com sede em Genebra, na Suíça.

"Em Angola, a perda de financiamento está ligada a este 'momento de progresso' em que doadores têm apoiado o país por muitos anos mas, talvez, sem ver o sucesso que haviam esperado", disse Guy em entrevista à DW.

As minas em Angola foram instaladas de modo disperso pelo país por grupos guerrilheiros durante a guerra civil e isso, somado à geografia e ao clima do país, dificulta os trabalhos. Mas atuar em parceria com as comunidades para localizar as minas poderia ser uma alternativa para reduzir os altos custos dos trabalhos, acredita Rhodes Guy.

"Certamente, um desafio será aumentar o foco nas pesquisas que não requerem pessoal técnico especializado, pois podem ser feitas com equipas que trabalham em conjunto com as comunidades para localizar e desativar minas", defende.

Segundo o diretor de operações, o maior obstáculo para Angola não é "apenas" desativar as minas, pois desminar é muito mais fácil do que saber-se "onde" se deve desminar, já que o acesso aos dados é um dos maiores problemas para Angola, explica. 

28.12. Angola desminagem - MP3-Stereo

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