Jornalista denuncia que foi despedido por tematizar a degradação da cidade do Lubango, província da Huíla, na primeira "entrevista coletiva" do novo Presidente angolano. Rádio 2000, onde o jornalista trabalhava, nega.
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O jornalista António Manuel afirma que foi à conferência de imprensa do novo Presidente angolano, na segunda-feira (08.01), em representação da Rádio 2000 - Antena Comercial do Lubango. E aproveitou a ocasião para questionar João Lourenço sobre a requalificação da cidade do Lubango, criticando simultaneamente os baixos salários na estação.
"Fui [à conferência de imprensa em Luanda] com a autorização do diretor da rádio e fiz o meu trabalho. Acho que não tive uma má prestação para chegar ao ponto de perder o meu emprego", afirma António Manuel.
Angola: Despedimento de jornalista gera polémica
Mas as perguntas colocadas pelo jornalista não teriam sido do agrado da direção da Rádio 2000. No dia seguinte à conferência de imprensa, António Manuel, também conhecido como "Tony Fancy", foi despedido.
"Sou jornalista aqui na rádio há três anos e meio. Nunca gozei férias, nunca faltei ao trabalho e agora sou tratado desta forma deselegante e descortês", acrescenta. "Acredito que são ordens superiores, porque a forma como o comunicado para me afastar da rádio foi feito e à última da hora… Não creio que a direção tenha adotado uma posição meramente administrativa. Acredito mesmo que houve interferência do governo da Huíla."
Rádio 2000 nega
Mas a estação rejeita as acusações do jornalista. Segundo a direção da Rádio 2000, o despedimento aconteceu porque o jornalista violou o contrato e deslocou-se a Luanda sem autorização da empresa.
"Ele é um colaborador da rádio em tempo parcial. Apresenta alguns programas e noticiários. A colaboração é feita com base num acordo de confiança entre as partes. Quando uma delas é beliscada, um dos lados pode decidir rescindir a colaboração", diz o diretor da rádio, José Manuel Rodrigues.
A DW África contactou o governo provincial da Huíla, que preferiu não comentar por ser um "assunto interno" da Rádio 2000.
Eleições em Angola: Do combate à corrupção ao "Dubai africano"
A DW África analisou os principais factos que marcaram a campanha eleitoral angolana e as promessas mais faladas de cada partido concorrente às eleições gerais de 23 de agosto. Um resumo fotográfico.
Foto: privat
Pouco espaço para a oposição
Na pré-campanha, a oposição afirmou que nas ruas de Luanda só se viam cartazes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Segundo a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), as agências publicitárias recusavam-se a divulgar materiais da oposição, sob risco de perderem as licenças e os espaços publicitários atribuídos pelo Governo Provincial de Luanda.
Foto: DW/N. Sul de Angola
Propostas na rádio e televisão
Após a pré-campanha, a Comissão Nacional Eleitoral estabeleceu o período de 23 de julho a 21 de agosto para a campanha eleitoral. Além dos atos de massa, os partidos puderam apresentar as suas propostas nos meios de comunicação social do país. A oposição voltou a dizer que não teve o mesmo espaço que o partido no poder.
Foto: DW/B.Ndomba
Combate à corrupção
Combater a corrupção foi uma das metas apresentadas pelo MPLA. O partido no poder, que tem João Lourenço (foto) como cabeça-de-lista, reconheceu durante a campanha que o país "não pode mais sofrer com a corrupção". A ausência do candidato à vice-presidência, Bornito de Sousa, e do Presidente cessante José Eduardo dos Santos, que supostamente estavam doentes, também marcou a campanha eleitoral.
Foto: DW/ A. Cascais
"Interesse nacional"
Entre as propostas da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) está a gratuidade da educação até o ensino secundário. O maior partido da oposição também prometeu um Governo em que o "interesse nacional" esteja acima de "interesses partidários, setoriais ou pessoais". O partido liderado por Isaías Samakuva encerrou sua campanha eleitoral no Cazenga (foto), em Luanda.
Foto: DW/A. Cascais
Mudança depois de 42 anos
A CASA-CE, segundo maior partido da oposição, reuniu ao longo da campanha milhares de apoiantes em diferentes atos de massa nas províncias (foto em Benguela, a 29 de julho). No ato de encerramento, em Luanda, o candidato Abel Chivukuvuku pediu confiança dos angolanos para pôr fim aos "42 anos de sofrimento e má governação".
Foto: DW/N. S. D´Angola
Estados federados
A campanha do Partido de Renovação Social (PRS) foi marcada pela proposta de implantar um sistema federalista no país. O cabeça-de-lista Benedito Daniel (ao centro da foto) defendeu que só através dessa reforma as províncias angolanas – convertidas em estados – teriam autonomia para governar.
Foto: DW/M. Luamba
Angolano no "centro da governação"
A campanha da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) deu especial atenção à pobreza, saúde, educação e emprego. Liderado por Lucas Ngonda, o partido diz que é a "única formação partidária que tem o angolano como centro da sua governação". A abertura da campanha eleitoral aconteceu no Bié (foto), berço do antigo braço armado do partido, a União Para a Libertação de Angola (UPA).
Foto: DW/J. Adalberto
"Dubai africano"
A Aliança Patriótica Nacional (APN) é o partido com o candidato à Presidência mais jovem. Durante a sua campanha eleitoral, o ex-deputado Quintino Moreira (à esquerda na foto) prometeu criar um milhão de empregos – o dobro do que o MPLA prometeu nestas eleições. Além disso, disse que transformaria a província do Namibe num "Dubai africano".