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Angola: desvalorização da mão de obra local

23 de fevereiro de 2011

Um dos maiores défices de Angola é a falta de infraestruturas. As empresas estrangeiras que operam no país no ramo da construção civil pouco usam da mão de obra local, fato que desagrada os nacionais.

Na imagem um comboio da região de Benguela, Angola. No país a reabilitação de infraestruturas é uma das grandes apostas do governo.Foto: picture-alliance / dpa

Angola continua a ser um dos países africanos mais procurados por empresas portuguesas e brasileiras para negócios. A paz e a estabilidade política conseguidas nos últimos 9 anos são também a base para a entrada de milhares de brasileiros, portugueses e outros estrangeiros, que procuram emprego. Neste processo, os angolanos ficam para trás mesmo aqueles com boa qualificação.

No momento, no país investe-se em estradas, pontes e habitação para as populações. Apesar de muito já se ter feito, muito ainda está por se fazer. Por isso o ramo da construção civil é e sera por muito tempo procurado por empresas estrangeiras que pretendem fazer negócios fixados em Angola. Apesar destas darem emprego a trabalhadores nacionais qualificados e não qualificados, trazem consigo considerável mão de obra estrangeira até aquela menos técnica. Os nacionais não vem isso com bons olhos.

Um técnico local reconhece que o país não tem muita mão de obra e está à procura de qualificação, mas acha injusto e desonesto da parte das empresas trazerem pessoas não qualificadas. Outro trabalhador angolano disse: "Estive agora numa obra e quem está a fazer o trabalho de um ajudante é o estrangeiro." Outro trabalhador local lamentou o fato de se confiar mais no trabalho do estrangeiro do que do nacional.

Por causa do desemprego muitos angolanos são obrigados a encontrar outras saídas. Por exemplo o senhor José Pereira produz sapatos com pneus velhosFoto: Jule Reimer

Da desvalorização a acusação

A valorização dos técnicos angolanos, sobretudo na construção civil, é referenciada como sendo uma das fortes lacunas na relação empresa estrangeira – trabalhador nacional. É comum ouvirem-se queixas ou lamentos de quadros angolanos que numa mesma empresa, com formação e função iguais acabam por auferir um salário inferior ao do técnico estrangeiro.

Segundo um cidadão angolano "o brasileiro, o português quando vem para aqui acabam por ganhar experiência com o angolano, mas o quadro angolano nunca é valorizado, esse é o problema."

E ainda na opinião de algumas pessoas, a procura cada vez maior do mercado angolano pela mão de obra estrangeira pode ter reflexos negativos sobretudo para as famílias dos menos qualificados no país. Uma delas aponta algumas implicações: o aumento do número de desempregados, e o envio dos recursos produzidos em Angola para o exterior.

Segundo observadores, apesar de cada vez mais instalarem-se em Angola empresas estrangeiras de tudo e para tudo é ponto assente que faltam empregos para os angolanos. A olhos vistos vão crescendo os postos de trabalho ocupados por estrangeiros até em muitos casos com qualificação inferior a dos nacionais, estes, acusados de pouco profissionalismo e de não levarem a sério o emprego que lhes é oferecido.

Autor: António Carlos
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha

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