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Angola: Detenção afetou saúde de ativista Luther Campos

22 de fevereiro de 2023

Em entrevista à DW África, o ativista Luther "King" Campos, em liberdade desde a passada sexta-feira (17.02), acusa o Governo angolano de responsável pelo seu estado de saúde, que afirma ser muito grave.

Ativista angolano Luther Campos
Foto: Borralho Ndomba/DW

O ativista angolano Luther "King" Campos, que se encontrava detido por alegada instigação pública, está em liberdade depois de ter sido condenado, na sexta-feira passada (17.02), a um ano e dez meses de prisão pelo crime de instigação pública, com pena suspensa por um período de cinco anos.

Considerado "preso político” pela sociedade civil, Campos diz que as más condições da sua detenção de quase um ano levaram à deterioração do seu estado de saúde.

DW África: Como se sente?

Luther Campos (LC): Infelizmente não estou bem de saúde, porque os problemas de visão continuam por resolver.

DW África: A que se deve esta enfermidade?

LC: Quando eu fui preso, e porque o sistema é muito astuto, eles sabem tudo, sabiam que eu estava para viajar, e então, na cela onde me meteram foi onde comecei a desenvolver o problema. Não sei se foi a tinta que usaram. Trancaram-me lá dez dias e de lá para cá nunca mais [a saúde] voltou ao normal. A situação é crítica mesmo. Praticamente não durmo. As dores de cabeça não param. Eu tenho uma infeção grave na vista chamada infeção corneal. Uma infeção grave que piorou quando me colocaram numa cela solitária, que é uma cela disciplinar. Eu saí diretamente de casa para essa cela, onde só colocam o recluso que transgride, por exemplo, as normas da boa convivência, ou quando comete um delito dentro da penitenciária. No meu caso foi o contrário. Apanhei um choque psicológico. É uma cela pequena, de aí dois metros por um em meio, muito escura. Só saia para comer.

Angola: Detenção afetou saúde de ativista Luther Campos

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DW África: Considera ter havido intenção por trás das condições de detenção?

LC: Isso foi propositado, aquilo foi tudo político. Prepararam tudo porque antes de eu ir preso. Já tinha sofrido perseguição durante três anos: 2018, 2019, 2020. Parou um bocadinho em 2021. Depois retomaram a perseguição. Estive detido durante cinco dias. Libertaram-me com termo de identidade e residência. Depois decidiram voltar a prender-me para que não pudesse participar naquilo que é a maior festa de democracia: as eleições. Sofri todo o tipo de ameaça. Diziam que não tinha onde me esconder, que não ia sair do país. Eu conheço o tipo de governo que temos, então não me admira nem um bocado.

DW África: O que pretende fazer a seguir?

LC: Estou a lançar uma campanha para angariar apoios e custear as minhas despesas de saúde e jurídicas.

DW África: Vai sair do país para receber tratamento?

LC: Há tratamento da vista que não fazem [em Angola].

DW África: Quando a saúde o permitir, vai continuar a lutar pelas causas que sempre defendeu?

LC: A minha preocupação pelos angolanos é urgente.

 

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