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Angola e Guiné-Bissau na rota da droga brasileira

1 de dezembro de 2011

Estudos recentes mostram o quanto o Brasil se tornou numa grande porta de saída de droga da América Latina para outras partes do mundo, com destaque para a África.

Delegado João Geraldo de Almeida, Chefe da Delegacia de Repressão de Entorpecentes da Polícia Federal - Leiter der Abteilung Drogenbekämpfung der brasilianischen Bundespolizei Autor: Archiv der Brasilianischen Bundespolizei. Datum: 30.11.11 Honorar: Nein
O delegado João Geraldo de Almeida, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, no Brasil, lança o alerta sobre o papel da África no narcotráficoFoto: Brasilianische Bundespolizei

O último levantamento do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime mostra que a saída de substâncias ilícitas da América Latina aumentou nos últimos anos, passando de 25 toneladas, em 2005, a 260 toneladas, no ano de 2009.

No caso do Brasil, o país faz fronteira com três nações produtoras de cocaína: Peru, Colômbia e Bolívia. O delegado João Geraldo de Almeida, que é chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal tem uma explicação para o aumento: “Este tipo de droga é do interesse dos traficantes europeus”. E para colocar essas drogas na Europa, acrescenta o delegado, os traficantes usam “todas as formas e todos os meios”.

Também Cabo Verde está na rota dos traficantes, como mostra a droga apreendida em Santiago, em outubro passadoFoto: Polícia Judiciária de Cabo Verde

A África é placa giratória

É aqui que entra em jogo o continente africano, cuja posição geográfica, diz ainda o responsável, vem ao encontro dos desígnios dos traficantes: “Eles usam o continente como um entreposto para armazenar essa droga até uma futura remessa”.

Um estudo publicado na revista Américas Quartely confirma que grande parte da cocaína que vem da América Latina, escoada pelo Brasil, tem como destino a África. O especialista em segurança pública, Genilson Zeferino, detalha o mercado internacional de drogas, começando a explicar pela demanda brasileira: “Nós temos a presença da maconha produzida no Brasil, produzida em vário rincões e que abastece o mercado local. Mas tem também as drogas internacionais, principalmente a cocaína e o seu sub-produto, o crack”.

A polícia brasileira levou o combate à droga directamente às favelas do RioFoto: AP

Angola e Guiné-Bissau no centro do tráfico da droga

Ainda de acordo com a pesquisa, o comércio com o continente africano chegou a 17 bilhões e 200 milhões de dólares, no ano de 2009, quando o Brasil se tornou o principal ponto de partida da cocaína enviada para África. O delegado da Polícia Federal cita Angola e Guiné-Bissau, para além da Nigéria e do Senegal, como parte das placas giratórias da droga, destacando o papel de passageiros africanos que fazem o transporte da droga.

O documento publicado na revista Américas Quartely explica ainda que as ligações históricas entre o Brasil e os países lusófonos da África oferecem novas oportunidades aos traficantes que, segundo o criminólogo, Genilson Zeferino, que também é professor em gestão de sistema prisional, muitas vezes, envolvem jovens, tanto por aqui, como no continente africano: “No caso de África, sem uma política que dê à juventude condições de estudo, de trabalho, o tráfico de drogas aparece como possibilidade para ganhar dinheiro. No caso da África e do Brasil é muito comum o caso de jovens que são envolvidos como “mulas”. O que não quer dizer necessariamente que eles são viciados”.

Brasil reforça as medidas de combate ao narcotráfico

Apesar dessa situação, o delegado da Polícia Federal explica  que o Brasil tem feito a sua parte para tentar diminuir o tráfico de cocaína para África. Por exemplo foi intensificado o controlo de portos e aeroportos, e aumentado o número de agentes especialmente treinados para a deteção de estupefacientes. Também o reforço da cooperação internacional está na agenda para combater este crime.

A cocaína é uma das drogas mais procuradas no mundoFoto: Fotolia/ zylox

Autora: Camila Campos (Belo Horizonte)
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha

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