Angola e Guiné-Bissau pioram no índice de desenvolvimento
Lusa
9 de dezembro de 2019
Angola, Guiné-Bissau e Guiné Equatorial são três dos países que pioraram no ano passado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas. Cabo Verde e São Tomé e Príncipe tiveram prestações positivas.
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O Índice de Desenvolvimento Humano, que integra o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019, analisou os progressos de 189 países em matéria de desenvolvimento humano, centrando-se este ano nas desigualdades.
Segundo os dados, Portugal, o único lusófono no grupo de países de desenvolvimento muito alto, manteve-se na posição 40, enquanto o Brasil, considerado de desenvolvimento alto, caiu um lugar, de 78 para 79.
Angola, que integra com Cabo Verde, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial o conjunto de países de desenvolvimento humano médio, foi o lusófono que mais caiu na avaliação, passando da posição 147 para a 149.
Também a Guiné Equatorial desceu da posição 143 para a 144.
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Cabo Verde subiu do lugar 128 para o 126, São Tomé e Príncipe passou do 138 para 137 e Timor-Leste manteve-se no lugar 131.
Guiné-Bissau e Moçambique mantiveram-se nos últimos lugares da lista dos países com baixo desenvolvimento humano com a Guiné-Bissau a descer da posição 177 para a 178 e Moçambique a permanecer na posição 180, sendo o 9º pior país do índice.
Desigualdades atrasam desenvolvimento
Globalmente, o Níger ocupa última posição do índice, seguido pela República Centro-Africana, Chade e Sudão do Sul, enquanto a Noruega lidera a lista, seguida da Suíça, Irlanda e Alemanha, países que mantiveram inalteradas as suas posições relativamente ao índice anterior.
O relatório adianta que, apesar do progresso sem precedentes contra pobreza, fome e doenças, muitos países continuam com graves problemas provocados pelas desigualdades e destaca uma nova geração de desigualdades, em torno da educação, tecnologia e mudanças climáticas.
O estudo estima que, em 2018, cerca de 20% do progresso do desenvolvimento humano foi perdido devido às desigualdades.
Apontando como exemplo a igualdade de género, o relatório refere que, a manterem-se as tendências atuais, serão necessários mais de 200 anos para eliminar a diferença de oportunidades económicas entre homens e mulheres.
Angola: Como incluir a mulher no desenvolvimento?
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Preconceito de género cresce
Pela primeira vez, o relatório inclui um Índice de Normas Sociais, que revela que em metade dos países avaliados, o preconceito de género cresceu nos últimos anos.
Cerca de 50% das pessoas em 77 países pensam que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres e mais de 40% considera que os homens são melhores na área dos negócios.
Num outro exemplo, o estudo compara as perspetivas futuras de crianças nascidas no ano 2000 em países de desenvolvimento muito alto e de desenvolvimento baixo, adiantando como muito provável que 55% dos jovens nascidos no primeiro grupo frequentem o ensino superior contra 3% no segundo grupo.
Por outro lado, 17% das crianças nascidas em 2000 em países de baixo desenvolvimento terão morrido antes dos 20 anos, contra apenas 1% dos nascidos em países de muito alto desenvolvimento, e os que sobreviverem terão menos 13 anos de esperança média de vida.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) combina rendimento dos países, expectativa de vida e educação.
A Noruega, que lidera o índice, teve em 2018 uma pontuação de 0,954, enquanto o Níger, que ocupa a última posição, teve apenas 0,377 pontos.
Zonas de guerra transformadas em locais de desenvolvimento
Regiões da província de Maputo testemunharam ataques e mortes durante a guerra civil em Moçambique. Antigos cenários de guerra tornam-se hoje palco para o desenvolvimento local do comércio e da indústria.
Foto: DW/R. da Silva
Um passado de mortes
A região onde fica a aldeia 3 de Fevereiro, a norte da província de Maputo, foi a mais dilacerada pela guerra civil. Na altura, a imprensa tinha como manchetes para as suas capas o sofrimento dos residentes desta região. Não há números exatos, mas houve muitas mortes na sequência de ataques atribuídos à Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o atual maior partido da oposição.
Foto: DW/R. da Silva
A escola mais atacada
Este estabelecimento de ensino, construído na época colonial, dedicava-se à formação de professores africanos. Durante a guerra civil, foram reportados ataques e os alunos muitas vezes deslocavam-se à vila da Manhiça. Hoje, a escola é a sede do Instituto Médio Politécnico Alvor.
Foto: DW/R. da Silva
Abrigo para os fugitivos
Esta varanda já tinha donos: os deslocados dos arredores da vila da Manhiça encontravam neste lugar o mais seguro apenas para passar a noite. A varanda foi atacada algumas vezes, o que os desesperou. Hoje, como se pode notar, no local há estabelecimentos comerciais.
Foto: DW/R. da Silva
Marcas da guerra
Há zonas, como Magude, cujos edifícios nunca mereceram reabilitações que possam fazer esquecer as marcas da guerra. Este edifício faz parte da missão católica de Magude, que foi atacado durante a guerra, e que nunca mais conheceu uma reabilitação.
Foto: DW/R. da Silva
Única entrada, única saída
Esta é uma ponte que desperta curiosidade aos que pela primeira vez visitam a vila de Magude. Pela mesma ponte passam peões, motociclistas, viaturas e locomotivas. Por baixo, passa o rio Inkomati, que não impedia ataques durante a guerra a esta pequena vila.
Foto: DW/R. da Silva
Repovoamento de animais
O distrito de Magude localiza-se mais a nordeste da província de Maputo. Esta zona foi severamente afetada pela guerra e a população bovina baixou drasticamente. Mas agora, com projetos de repovoamento destes animais, Magude é dos maiores produtores de carne na província.
Foto: DW/R. da Silva
Isolamento
O distrito de Magude é um dos mais isolados da província de Maputo. O seu desenvolvimento está a ser muito lento, apesar de a guerra ter terminado há mais de 20 anos. Falta muita coisa por melhorar. Esta loja, por exemplo, ainda apresenta marcas da guerra.
Foto: DW/R. da Silva
Coluna militar
A guerra abateu-se muito sobre Maluana. Este posto administrativo do distrito de Manhiça ficou conhecido pelos ataques que sofria. A coluna militar era a única que ajudava as pessoas a passar por esta zona. Pouco depois da guerra, as marcas eram ainda visíveis - como carcaças de viaturas queimadas. Agora, está a registar um desenvolvimento, com o comércio informal a ganhar força.
Foto: DW/R. da Silva
Centro de tecnologias
O Governo de Moçambique criou um centro de tecnologias nesta região severamente afetada pela guerra, o que antes era impensável. É um edifício que foi instalado no meio da mata, precisamente numa estrada de terra que dá acesso ao centro de formação de militares de Munguine, mais a leste da província de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
De cenário de guerra a pólo económico
A região de Bobole, no distrito de Marracuene, também foi uma zona de guerra. Aliás, as atrocidades começavam nesta região e o cenário era de "cada um por si e Deus por todos". As colunas militares começavam ou descansavam neste ponto. Hoje, a multinacional Heineken instalou aqui a sua empresa e Bobole está a ter novo rosto económico.
Foto: DW/R. da Silva
Estância turística
Esta é a entrada para a aldeia de Taninga. Tal como a 3 de Fevereiro, esta aldeia testemunhava frequentemente mortes e muitos dos residentes destas duas aldeias vizinhas acabaram por se refugiar na vila da Manhiça e outros na cidade de Maputo. Hoje, há uma estância turística que faz esquecer as marcas da guerra.
Foto: DW/R. da Silva
Proteção dos corredores ferroviários
Os que viveram os momentos de instabilidade e que precisavam frequentemente se deslocar contam que o comboio de passageiros era igualmente atacado. O corredor do Limpopo era crucial para o transporte de mercadorias para países vizinhos. A RENAMO e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) acabaram por assinar um acordo para não atacar corredores ferroviários de todo o país.