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Angola e Moçambique entre as economias mais promissoras de 2013

8 de janeiro de 2013

Quatro países lusófonos estão entre as primeiras 10 economias que terão um maior crescimento económico em 2013, segundo estimativas da Economist Intelligence Unit (EIU).

Navio-plataforma Saipem que opera no norte de Moçambique
Navio-plataforma Saipem que opera no norte de MoçambiqueFoto: ENI East

A organização especializada em economia global, baseada em Londres, prevê que a economia de Macau vai crescer mais rapidamente este ano. Mas Angola, será a quinta, Timor-Leste a oitava e Moçambique a décima economia mais florescente em 2013.

Tanto Angola como Moçambique são países ricos em recursos naturais e os investimentos neste setor têm vindo a crescer bastante nos últimos anos.

Segundo a  Economist Intelligence Unit (EIU), Moçambique será uma das economias com um crescimento mais acelerado, principalmente por causa do setor da exploração do carvão.

Sebastien Marlier, econosmista e espacialista em assuntos de África, explica: "A exploração de recursos naturais, e especialmente do carvão, são os principais motores do crescimento económico a curto prazo e, a médio prazo, diria que o gás natural vai ter um papel muito importante nesse crescimento."

Ainda de acordo com previsões do economista da EIU, o investimento no setor do gás vai começar provavelmente em 2013 e ajudará a apoiar o crescimento económico.

Entretanto, outros setores são também fortes atores nesse crescimento, segundo Marlier que exemplifica: "O setor financeiro, turismo, transportes, especialmente para apoiar a exportação de recursos naturais. E também vemos um investimento mais forte no setor da agricultura comercial.”

De lembrar que em 2010 começou a exploração de carvão no país, as exportações foram iniciadas em 2011 e devem crescer muito rápido em 2013.

Sebastien Marlier lembra que os mega-projetos (investimentos a partir de 500 milhões de dólares) em Moçambique, como por exemplo, em alumínio, eletricidade e agora carvão, vão ajudar a expandir a economia moçambicana apoiando também o forte crescimento económico, o que terá um impacto positivo no rendimento do país e também no fornecimento de energia e gás mais barato.

O emprego ainda é uma questão relegada

Em Moçambique boa parte da população trabalha no setor informalFoto: Gerald Henzinger

Mas por outro lado, o economista cita um ponto crítico: “Sabemos que os mega-projetos são essencialmente, centrados no capital e não tem um impacto significativo em postos de trabalho."

Então uma consequência mais negativa deste forte crescimento, na opinião de Marlier, é que não incluiu setores tradicionalmente fortes em força de trabalho, como a agricultura tradicional ou pequenas fábricas.

Por isso ele apresenta os dois lados da moeda: "Então, temos um forte crescimento económico e aumento dos rendimentos, mas um impacto limitado em empregos.”

Ainda sobre o investimento estrangeiro Sebastien Marlier cita o importante papel da China no desenvolvimento económico de Moçambique: “Por um lado a China está a tornar-se um elemento importante naquele país, as trocas comercias aumentaram de cerca de 50 milhões de dólares em 2002 para mais de mil milhões de dólares em 2011."

A China também financia, através de empréstimos, alguns dos mais importantes investimentos em infra-estruturas em Moçambique, incluindo a estrada circular de Maputo e grandes projetos de eletricidade.

Mas o economista enfatiza que aquele país asiático tem fortes concorrentes: "Mas há também outros parceiros interessantes como o Brasil, a Índia e a África do Sul. E para o desenvolvimento do carvão e do gás, dois dos mais promissores setores em Moçambique, eu diria que a China não é o ator dominante.”
 

China continuará parceiro, apesar da insatisfação popular

A capital angolana tem uma nova imagem, também graças à construção civil dominada pelos chinesesFoto: Gianluigi Guercia/AFPGetty Images

No caso de Angola, que segundo a Economist Intelligence Unit será a quarta economia com um maior crescimento em 2013, a China também é bastante importante.

Segundo Joseph Lake, também especialista da EIU, em 2013, Angola vai continuar a aprofundar a sua relação com a China através de grandes transações e acordos de investimento, principalmente, na área do petróleo, construção e agricultura.

Mas Joseph Lake acrescenta: “No entanto existe uma oposição civil crescente em relação à presença chinesa no país, e o descontentamento está a aumentar por causa do aumento de imigrantes chineses, em particular, na economia local.”   

A Economist Intelligence Unit prevê que em 2013 o crescimento de Angola será dominado pelo petróleo e o gás natural. Atualmente os hidrocarbonetos são responsáveis por mais de 60% do produto interno bruto e por mais de 90% das exportações.

Gás, a novidade de 2013
A organização prevê que a produção no setor do petróleo vá aumentar de uma média de 1.6 milhões em 2012 para um pouco mais de 2 milhões de barris diários em 2013. No entanto, por causa de um historial de atrasos técnicos há o risco de que ocorra um desenvolvimento mais lento.

Segundo Joseph Lake, espera-se que nos próximos meses um projeto gigante de 10 mil milhões de dólares para gás liquidificado comece as exportações, apesar de também se preverem alguns atrasos. 

A China é um dos compradores do petróleo angolanoFoto: AP

Mas o crescimento em Angola, tal como em Moçambique “vai permanecer centrado no capital e dependente das exportações", diz Lake.

Ele prevê poucas ligações a outras áreas da economia, a não ser setores dominados pelo Governo, como a construção e as finanças.

Entretanto ele cita fraquezas: "O desenvolvimento de um setor privado vai ser dificultado por um capital humano fraco, um sistema judicial com falhas, fraca legislação, corrupção e domínio do setor privado pelo setor público.“

No caso, de Timor-Leste as reservas petrolíferas também são o ponto central no crescimento para 2013. O caso de Macau difere de todos na Lusofionia já que vai ficar a dever o seu crescimento em 2013 aos seus casinos e receitas dos jogos e aos visitantes chineses.

Autora: Carla Fernandes
Edição: Nádia Issufo / António Rocha

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