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Angola e Moçambique recuperam crescimento económico

Lusa | tms
4 de junho de 2018

De acordo com o Standard Bank, os dois países ainda enfrentam dificuldades económicas, mas vão ter ligeira recuperação até o ano que vem. Entretanto, serviço da dívida angolana aumentará em relação ao ano passado.

Petróleo é uma das principais matérias-primas de Angola Foto: AFP/Getty Images

Em Angola, o serviço da dívida vai aumentar de 89,4% em 2017 para 116,3% das receitas de impostos este ano. Esta é uma das conclusões da unidade de análise económica do Standard Bank, que defende o alargamento da maturidade da dívida angolana.

"Mesmo considerando um declínio orçamentado do défice das contas públicas para 3% este ano, de uns estimados 5,6% em 2017, o serviço da dívida vai aumentar para 116,3% das receitas orçamentais, quando em 2017 era de 89,4%", escrevem os analistas do maior banco a operar em África, que reconhecem, no entanto, que o Executivo está a par destas dificuldades e que está a tentar alargar os prazos de pagamento da dívida, renegociando os acordos bilaterais.

A análise considera ainda que a pressão no serviço da dívida "reflete um aumento no volume total de dívida pública face ao PIB, que passou de 68,6% em 2017, para 70,8% em 2018", sendo que, em percentagem do PIB, 34% é dívida contraída internamente, e 34,6% é dívida externa.

Recuperação

Entretanto, o relatório divulgado este domingo (03.06) pelo Standard Bank aponta sinais positivos para a economia de Angola e Moçambique, especificamente. Segundo este documento, a economia angolana vai crescer 1,2% este ano e 2,4% em 2019, depois de dois anos de recessão acumulada de 5%.

"Vemos um aumento no crescimento do PIB este ano e no príxmo, chegando a 1,2% em 2018 e 2,4% em 2019, alicerçado na melhoria dos preços do petróleo, que devem melhorar a liquidez de moeda externa e potenciar a procura interna", pontuam os analistas.

Exploração de gás na Bacia do Rovuma, em Moçambique (2012)Foto: ENI East

Sobre Moçambique, o Standard Bank considera que a desaceleração económica do país vai ter o seu ponto mais baixo este ano, com um crescimento de 3,5%, acelerando depois para 3,7% em 2019. Isto "devido às esperadas decisões finais de investimento nas Área 1 e 4 dos projetos da Bacia do Rovuma, que valem respetivamente cerca de 25 e 30 mil milhões de dólares, aliviando as pressões sobre a balança de pagamento e impulsionando a economia quando a construção da central de Gás Natural Liquida começar". 

"Prevemos uma atividade económica abaixo do potencial, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) talvez a bater no ponto mais baixo este ano, com um crescimento de 3,5%, o que compara com a previsão de 5,3% do Governo, face aos 3,7% de 2017 e aos 3,8% de 2016", lê-se no relatório.

Expetativa de crescimento acelerado em África

As perspetivas são apresentadas pelo Standard Bank ão ainda mais positivas quando se olha para o continente africano como um todo. De acordocom os analistas, África vai acelerar o crescimento económico nos próximos dois anos, beneficiando do aumento dos preços das matérias-primas e nas "robustas" condições macroeconómicas globais, pelo que "o crescimento dos exportadores africanos vai novamente ganhar fôlego".

Na mais recente análise dos mercados africanos, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas do Standard Bank não apresentam uma previsão concreta de crescimento económico, mas escrevem que, "tal como foi evidente quando os preços das matérias-primas desceram, especialmente entre meados de 2014 e o princípio de 2016, a recuperação do crescimento económico não será uniforme entre os países produtores".

A subida dos preços das matérias-primas, nomeadamente o petróleo, que tem vindo a recuperar sustentadamente para agora estar perto dos 80 dólares por barril, não fez com que os países africanos "embarcassem em exuberância", mantendo previsões "bastantes conservadoras" nos seus orçamentos, diz o Standard Bank, notando que, para além da Nigéria, o orçamento de Angola, por exemplo, "coloca o preço do barril de petróleo nos 50 dólares".

Isto, dizem os analistas, "deve garantir uma receita adicional se os preços do petróleo se mantiverem consideravelmente mais altos que as assunções orçamentais, com estes países a assegurarem excedentes orçamentais que podem aumentar as reservas em moeda estrangeira".

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