Economista diz que linha de crédito é "medida paliativa"
6 de agosto de 2025
A linha de crédito milionária (equivalente a 56 milhões de euros) anunciada pelo Governo é vista por muitos empresários como a varinha mágica para responder às necessidades mais prementes.
De acordo com dados oficiais, mais de 160 estabelecimentos comerciais foram vandalizados ou saqueados durante a greve dos taxistas angolanos contra a subida do preço do combustível, que descambou em tumultos na semana passada.
António Bumba diz que a sua unidade hoteleira foi um dos alvos dos saqueadores. Por isso, agradece a ajuda ao Governo.
"Este anúncio é bem-vindo, se for um anúncio que vem no sentido real de ajudar, preservando os empregos que foram perdidos," diz o empresário.
Linha de crédito
É o Banco de Poupança e Crédito (BPC) que deverá operacionalizar a linha de crédito. Para aceder ao apoio, os requerentes do setor formal terão de comprovar que apresentaram queixa na polícia relativa aos atos de vandalismo. Para obter financiamento para pagamentos aos trabalhadores, os empresários deverão ainda apresentar as folhas salariais dos meses anteriores.
Felícia Manuel, gerente de um supermercado saqueado na semana passada, diz que o crédito prometido pelo Governo angolano satisfaz quem viu todo o seu negócio parar de um momento para o outro.
"Achei a medida positiva e fiquei feliz, não só eu como os meus colegas, por o Governo apoiar as empresas. Este apoio é muito importante, visto que nós dependíamos disto para tudo," afirma.
André Mavo, proprietário de uma loja dedicada ao comércio de material eletrónico, mostra-se satisfeito com os apoios prometidos pelo Governo e espera que sejam canalizados o mais rapidamente possível.
"Que assim seja, porque é muita gente, muitas famílias que perderem emprego. Somos pais, temos família e pagamos renda, escola e isso depende do rendimento no nosso estabelecimento," relata.
Para este financiamento, o Governo fixou a taxa de juro anual em 5%.
"Medida paliativa"
O economista Heitor de Carvalho considera que a linha de crédito servirá apenas para atenuar as dificuldades imediatas de tesouraria das empresas. O problema de fundo – o aumento do custo de vida em Angola devido ao aumento do preço dos combustíveis – continuará por resolver.
"O problema é a situação explosiva em que as pessoas estão a viver neste momento. As pessoas não têm mais dinheiro e não suportam o aumento de táxi de 200 para 300 kwanzas (cerca de 19 para 28 cêntimos de euros)," critica.
Em suma, segundo o economista, a linha de crédito anunciada pelo Governo não passa de uma medida paliativa. Para enfrentar os desafios atuais, continuam a ser necessárias reformas económicas profundas.