Escola para deficientes físicos precária no Moxico
11 de junho de 2022Em Angola, na província do Moxico, a Escola Nº 326, que alberga crianças e adolescentes com necessidades educativas especiais, está aquém dos parâmetros exigidos.
A situação condiciona alguns pais a matricularem os filhos, como é o caso de Lorena Lemba, mãe de uma criança com deficiência auditiva.
Segundo a mãe, a sua filha não frequenta a escola porque faltam instrumentos básicos para o ensino dos alunos.
"O nosso Governo deveria apostar mais no ensino especial para evitar com que os alunos se sintam excluídos da sociedade", diz.
Também o aluno Isaac Tchinhama tem uma deficiência auditiva e visual e deseja mais salas de aulas.
"Somos muitos e a escola é pequena. Há quatro salas e tem sexta classe, sétima, oitava, nona, décima, décima primeira e décima segunda classes", disse.
"Só estamos a pedir ao Governo para construir mais salas de aulas para nós todos", acrescentou.
A adolescente autista Ana Clara gostaria de praticar exercícios físicos, mas a falta de uma quadra desportiva não lhe permite.
Falta de tudo
"Eu quero que o nosso governador arranje bem a nossa escola, pelo menos nós também devemos praticar educação física. Deveria ter umas torneiras, um campo, também material de aulas. Não temos giz, livros, lapiseiras, cadernos", desabafa.
A escola tem 29 professores para 315 alunos, e apenas 9 professores são formados para o ensino especial. Emanuel André, professor há dois anos, elenca as dificuldades.
"Precisamos de muito material didático [...] e de melhor formação. Estamos como se fosse numa casa, há pequenos degraus [...] e não há rampas", esclareceu.
Por seu turno, o psicólogo clínico Mafuana Conde faz um apelo para que as famílias com crianças portadoras de deficiência evitem também a discriminação.
"Imagine alguém que já é discriminado dentro da sua própria família? A família contribui para o desenvolvimento de qualquer ser humano, mas do ponto de vista psicológico, temos pessoas que vivem deprimidas por várias situações sociais e esses já precisam de um apoio social".
Os problemas que a instituição enfrenta já são de domínio do Gabinete Provincial da Educação, como frisou o seu diretor, Benjamin Funga.
"Já reportamos várias vezes. O gabinete provincial tem feito até onde há possibilidades. Não tem sido fácil adquirir material", disse.