Angola estuda implementar Acordo Ortográfico
16 de fevereiro de 2012 Nos últimos dias, diversas críticas ao novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa repercutiram em meios de comunicação portugueses, como a edição online do jornal Expresso e na página de internet do diário Público.
Este último enumera ações como petições no parlamento português e na internet, além de uma queixa na Provedoria de Justiça, a apontar que o chamado AO "fere a Constituição" portuguesa. O Público também fala da decisão de Vasco Graça Moura, presidente do Centro Cultural de Belém, de não aplicar o AO na instituição.
Ao mesmo tempo, Angola, que detém a presidência rotativa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), avalia procedimentos para adotar a nova ortografia em conjunto com países que já aprovaram o acordo: Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste.
Georges Chicoti, ministro das Relações Exteriores angolano e presidente do Conselho de Ministros da CPLP, revelou que uma equipa técnica de peritos angolanos apresentou já um estudo nesse sentido: "Pela importância que ele representa, os ministros recomendaram que este estudo fosse apreciado na próxima reunião dos ministros da Educação, em Luanda, e em função disso eventualmente serão feitas recomendações que serão tidas em conta no Acordo Ortográfico vigente", disse.
A reunião dos ministros da Educação terá lugar em finais de março, na capital angolana. Porém, ainda não há calendário definido para a implementação do AO no país ocidental africano que, assim como Moçambique, ainda não ratificou o tratado. De recordar que desde 2009 e até o dia 31 de dezembro de 2012, vigoram tanto a grafia nova quanto a antiga.
Questão sensível
A implementação do AO em várias velocidades foi matéria de trabalho na última sessão extraordinária do Conselho de Ministros, realizada em Lisboa na semana passada (06 e 07.02).
Segundo o chefe da diplomacia angolana, o referido estudo vai ajudar os países que ainda não ratificaram o Acordo: "Isso vai facilitar àqueles países como Angola e Moçambique, que ainda não ratificaram por causa de alguns problemas internos", afirmou Chicoti, que lembrou que a questão do AO é "relativamente sensível nas nossas comunidades. Os professores, os psicólogos e todas as pessoas que estão na área da didática e do ensino em Angola acharam que era preciso ter isso em consideração", explicou.
Fortalecer o Português no âmbito internacional
Por outro lado, Chicoti deu conta que há já um consenso entre os oito no sentido de envidar cada vez mais esforço político e diplomático para fazer com que o Português seja língua de trabalho nos fóruns internacionais.
"Nas organizações às quais pertencemos já o Português é uma língua de trabalho – seja na Organização dos Estados da África Central, na SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), na União Africana. Estamos a fazer a mesma batalha nas Nações Unidas, e acho que é uma batalha que vamos vencer a curto prazo", espera Chicoti.
Na semana passada, depois da reunião do Conselho de Ministros em Lisboa, o Jornal de Angola rejeitou o Acordo Ortográfico em tom duro, no editorial assinado pelo seu diretor, José Ribeiro. As duras críticas do jornal estatal angolano antecedem as posições de algumas instituições portuguesas, como a Faculdade de Letras de Lisboa, além do Centro Cultural de Belém.
Autores: João Carlos (Lisboa) / Renate Krieger
Edição: Helena Ferro de Gouveia