Angola: Ex-ministra das Pescas continua a ser investigada
Lusa | nn
21 de dezembro de 2019
A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola informou que prosseguem as investigações à ex-ministra das Pescas Vitória de Barros Neto, suspeita de recebimento de "luvas" em negócio com empresas estrangeiras.
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"Decorrem diligências de alguns factos que podemos considerar como crimes. Há um processo que está a decorrer na Namíbia e há outro processo que está a decorrer aqui em Luanda. Estamos a trabalhar em conjunto, uma vez que os factos ocorreram na Namíbia com intervenção de angolanos", disse na sexta-feira (20.12) o procurador-geral da República angolana, Hélder.
Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia de cumprimentos de fim de ano da PGR, que decorreu em Luanda, o magistrado referiu que o órgão que dirige trabalha "com a similar namibiana” e o "desfecho [da investigação] pode decorrer em qualquer dos países".
O nome de Vitória de Barros Neto, atualmente deputada do MPLA, partido no poder em Angola, e do seu filho, João de Barros, foi citado por um consórcio de jornalistas de investigação como tendo beneficiado de proveitos ilegais decorrentes do acordo de pescado entre Angola e Namíbia.
"A antiga ministra das Pescas Vitória de Barros Neto e o seu filho, João de Barros, também são nomeados nos documentos que mostram o esquema. O Presidente de Angola despediu Neto das Pescas em janeiro deste ano e não é claro se a saída estava relacionada com o esquema de pescas namibiano", publicou, em novembro, o The Namibian, o maior jornal diário da Namíbia, na sua edição 'on-line'.
Esquema envolvia milhões de euros
De acordo com os documentos citados no texto, em parceria com a Wikileaks, a televisão pública da Islândia, a Al Jazeera e o diário islandês Studin, a empresa Namgomar recebia as quotas de pesca cedidas pelo Governo da Namíbia a Angola e vendia-as ao gigante alimentar islandês Samherji HF muito abaixo do preço de mercado.
"Em troca, a Samherji alegadamente pagava luvas aos criadores da ideia, que fizeram o acordo acontecer através de lóbi e da conceção do esquema", acrescenta-se no artigo.
No princípio de outubro foi anunciado que as autoridades anticorrupção da Namíbia estavam a investigar um acordo de doação de quotas de pesca da Namíbia a Angola no valor de 150 milhões de dólares namibianos (nove milhões de euros), alegadamente capturadas por políticos namibianos e angolanos.
Em comunicado de imprensa, anteriormente divulgado, a PGR de Angola referia que os valores supostamente locupletados são resultantes da comercialização de pescado na zona costeira conjunta, ocorrido no período em que Vitória de Barros Neto era ministra das Pescas de Angola.
Questionado pela Lusa se o não levantamento de imunidades, sobretudo de deputados com processos em investigação, não trava as ações da Procuradoria nesse domínio, Pitta Grós assegurou que até ao momento a PGR não teve qualquer entrave.
"E creio que assim que forem para o tribunal e se o tribunal aceitar a nossa acusação, com certeza que durante a pronúncia requererá o levantamento da imunidade do deputado", vincou, acrescentando: "Podemos, talvez, é dizer se esse será o enquadramento melhor ou podemos ir a um outro tipo de solução".
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
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Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
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Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.