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Extração de inertes preocupa população do Kwanza Norte

27 de março de 2023

Exploração desenfreada dos solos nos arredores de Ndalatando, por uma empresa chinesa, preocupa população, que teme consequências ecológicas. Administração municipal admite que legalizou os trabalhos, apesar dos perigos.

Angola | Zuschlagstoffabbau in Kwanza Norte
Foto: António Domingos/DW

A extração de várias toneladas de inertes de forma desenfreada, na localidade do Kawabe, arredores da cidade de Ndalatando, levada a cabo pela empresa chinesa Quingdao Sinoworld Trading, está a preocupar a população. Muitos questionam os perigos ambientais e os benefícios da exploração nas receitas públicas da província do Kwanza Norte.

Há mais de um mês que a empresa chinesa instalou na localidade homens e máquinas para a exploração de matéria prima, para fabrico de mosaico. À DW África, o encarregado da empresa, Mateus Garcia, garante que a Quingdao Sinoworld Trading está legalizada para a exploração da terra.

Segundo o responsável, o inerte explorado naquela zona rica de Ndalatando está a ser levado para o município do Dande, na vizinha província do Bengo. "Para estarmos aqui, a empresa entrou em contato com a administração [municipal]. Só estamos a explorar esta terra aqui porque é para fabrico de mosaico, a fábrica está lá na província do Bengo, no município do Dande", afirma.

Empresa chinesa trabalha no local há cerca de um mêsFoto: António Domingos/DW

Munícipes "agastados"

A situação está a levantar questões entre os munícipes desta circunscrição do centro norte de Angola. Carvalho Kwinalissa, ativista social e morador da localidade, acredita que o problema reside na falta de comunicação prévia das autoridades locais.

"Essa exploração de inertes aí no Kawabe, na verdade está deixar os munícipes agastados. Não há nenhum tabuleiro que justifica qual é a empresa que está a fazer a exploração. Como munícipe, eu quero saber o que está a ser feito naquele local", exige.

Para Kwinalissa, a possível abertura de fendas nos solos e subsolos de Kawabe é uma grande preocupação. O ativista teme o perigo iminente do surgimento de prováveis ravinas no local explorado. "Há uma situação que a administração local não está a perceber, é o perigo que aquilo vai criar", sublinha. "Enquanto os outros estão a lutar para fechar as ravinas, nós aqui estamos a ver abertas as nossas próprias ravinas. Será que essa empresa que está aí a explorar os inertes está legalizada?", questiona.

Munícipes temem que a retirada de inertes leve à criação de ravinasFoto: António Domingos/DW

Contas em dia

Sebastião Barão, outro ativista ambiental certificado pela União Europeia, fala dos eventuais perigos ambientais que podem advir deste garimpo desenfreado, caso não sejam substituídas as grandes quantidades de inertes que estão a ser extraídas para a indústria transformadora.

O administrador municipal do Cazengo, Malundo Katessamo, reconhece os perigos, mas afirma que a empresa foi legalizada e "tem pago na Conta Única do Tesouro (CUT) através da [Referência Única de Pagamento ao Estado] RUPE".

"Qualquer empresa que quiser fazer exploração de solos aqui no município vai pagar", garante. "Até agora, já arrecadámos cerca de três milhões duzentos e cinquenta mil kwanzas [cerca de 6.000 euros]".

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