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Angola: Falta de sangue condiciona hospitais do Namibe

Adilson Liapupula
7 de junho de 2021

Devido à diminuição do número de doadores, por causa da Covid-19, o banco de sangue conta atualmente apenas com contributos de familiares dos pacientes. Unidades sanitárias registam mortes por falta de transfusões.

Angola | Antónia Cristóvão im Kinderkrankenhaus in Namibe
Chefe do departamento de diagnóstico do Hospital Materno- infantil, Antónia CristovãoFoto: Adilson Liapupula/DW

A província do Namibe, no sul de Angola, tem registado mortes de crianças e mulheres gestantes por falta de sangue, segundo as unidades sanitárias. A diretora provincial do Instituto Nacional de Sangue no Namibe, Rosário Ramos, confirmou à DW África que a falta de sangue nos hospitais é um problema nacional e que a redução dos stocks se deve à diminuição das doações de sangue, devido à pandemia da Covid-19.

Claudina Ngueve e Ester Tchongolola têm familiares internados na pediatria do Hospital Provincial Materno-Infantil do Namibe e contam que têm visto muitos jovens a comercializarem o seu sangue face à escassez que se verifica na província. Neste momento, afirmam, esperam um milagre.

"Nós encontrámos um jovem que pediu 25 mil kwanzas (cerca de 30 euros). Foram à procura dele para fazer desconto. Ela veio ontem com febre, dores de cabeça e vómitos e os médicos disseram para ficar internada. Precisa de sangue e já procurámos e até agora não encontrámos. A minha irmã é do grupo sanguíneo A Rh+".

Verónica Bento Lilo, doadora voluntáriaFoto: Adilson Liapupula/DW

Procura é cada vez maior

Verónica Bento Lilo, voluntária, comoveu-se com a história de Jessica, de 7 anos, internada na unidade hospitalar Provincial Materno-Infantil do Namibe e aceitou doar sangue para ajudar a família.

"Sinto-me feliz porque ajudar sempre é bom. Não conhecendo a pessoa, abracei a causa. Como diz o ditado: ‘ajudar sem olhar a quem'", exclama.

A chefe do departamento de diagnóstico do Hospital Materno- infantil, Antónia Cristovão, diz que os técnicos têm vivido momentos difíceis devido à falta de sangue.

"Tem sido a pior dor de cabeça para nesta instituição. O lema do profissional é salvar vidas então quando encontra esta dificuldade é uma grande dor de cabeça.  Não podemos esconder que têm acontecido mortes por falta de sangue, mas não é por nossa livre vontade. Estão pedimos a pessoas de boa-fé, que seja maior de idade, peso acima dos 50 quilos, que sejam pessoas saudáveis, que não tenham receios. Que vão salvar vidas", apela.

Segundo a diretora provincial do Instituto Nacional de Sangue no Namibe, Rosário Ramos, a procura é cada vez maior e o número de pacientes que necessitam de transfusão aumenta diariamente. O instituto está a trabalhar diretamente com ONG's para criar condições logísticas e humanas para a realização de campanhas de doações de sangue.

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