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Angola: Faltam ambulâncias na província do Cuanza Sul

Óscar Constantino (Sumbe)
21 de setembro de 2022

Hospitais de Conda e Kilenda estão à espera de novas viaturas de emergência médica para transportarem doentes. É o partido no poder, o MPLA, que faz de 'pronto-socorro' em casos urgentes.

Foto do Hospital Pediátrico Pioneiro Zeca no Lubango, Huíla, AngolaFoto: DW/A. Vieira

O hospital municipal da Conda, na província do Cuanza Sul, só tem uma ambulância, e as avarias desta viatura são constantes. Segundo a diretora clínica do hospital, Luísa Kiala, o motorista e os enfermeiros já tiveram de pernoitar na floresta, porque a ambulância deixou de funcionar durante uma deslocação.

"Nós temos uma ambulância já muita velha. Estaria a ser hipócrita se não falasse disso. É uma ambulância que mensalmente gasta dinheiro da quota financeira, que tem sido mesmo uma dor de cabeça. É uma ambulância que nós reparámos, mas numa semana só faz duas viagens e avaria", lamenta.

Várias vezes, em caso de emergência, é o partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que serve de serviço de 'pronto-socorro'.

"Caso haja uma urgência, recorremos ao partido MPLA e à administração municipal, ou se os familiares tiverem condições, eles próprios levam o seu paciente", relata a médica.

Interior de um hospital na província de Benguela, AngolaFoto: Daniel Vasconcelos

Faltam recursos financeiros

A situação arrasta-se desde 2017. O administrador municipal da Conda, Adão Pereira da Silva, está a par da situação, mas diz que faltam recursos para comprar uma ambulância nova.

"Uma ambulância custa 60 milhões de kwanzas [cerca de 139 mil euros], e os orçamentos das administrações não chegam para fazer face a isso. Mesmo assim, nós vamos fazendo um esforço pois a ambulância já está no seu tempo útil vencido. Já levámos ao conhecimento do governador e o pedido foi bem recebido. Não temos data, mas aguardamos que se abra uma janela financeira para o efeito", acrescenta.

Não muito longe da Conda, a 68 quilómetros, está o município da Kilenda, onde há outra ambulância em condições semelhantes.

Rui Nelson, diretor clínico do hospital da Kilenda, diz que a viatura já tem mais de 12 anos e também está constantemente avariada.  O responsável conta que já houve vezes em que mulheres grávidas tiveram de ser transportadas de urgência numa viatura de ‘turismo', que apoia os médicos do município. Noutras vezes, foi chamado o partido MPLA. "Solicitámos as viaturas do partido MPLA e [este] tem-nos dado esse apoio. A nossa luta é persuadir o administrador municipal no sentido de nos conseguir uma ambulância nova", admite.

Na campanha eleitoral para as presidenciais deste ano, MPLA prometeu reduzir a taxa de mortalidade materna e infantil em AngolaFoto: DW/ A. Vieira

Administração local sem autorização

O administrador da Kilenda, Darcy da Costa, informa que não é da sua competência a aquisição de viaturas. "Era nossa ideia ainda este ano fazer a aquisição de, pelo menos, duas ambulâncias, mas legalmente não temos essa autorização", garante.

As autoridades angolanas estimam que, em 2021, em cada mil nascimentos, 50 mulheres morreram durante ou logo após o parto.

Na campanha eleitoral deste ano, o MPLA prometeu reduzir a taxa de mortalidade materna e infantil; anunciou também que pretende expandir a rede de unidades sanitárias.

Os hospitais nos municípios da Conda e Kilenda pedem, para já, duas ambulâncias, para deixarem de recorrer às viaturas do MPLA em caso de emergência.

Médicos angolanos em protesto

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