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Figuras de proa da UNITA apoiam candidatura de Costa Júnior

20 de setembro de 2019

126 militantes do maior partido de oposição em Angola apoiam candidatura do atual presidente do Grupo Parlamentar da UNITA. Isaías Samakuva, atual líder da agremiação, mantém-se em silêncio sobre recandidatura.

Angola UNITA-Kandidaten | Adalberto Costa Júnior
Adalberto Costa JúniorFoto: Borralho Ndomba

A entrega de candidaturas para o XIII Congresso da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) a realizar-se de 13 a 15 de novembro arrancou na última segunda-feira (16.09). Apesar de permanecer a dúvida sobre a recandidatura de Isaías Samakuva, o atual presidente do maior partido da oposição em Angola, militantes como Raul Danda, Adalberto Costa Júnior, Kamalata Numa e José Katchiungo já manifestaram a intenção de se candidatar.

Esta semana, 126 militantes de proa, entre eles Samuel Chiwale, co-fundador da UNITA, e o ex-vice-presidente Ernesto Mulato tornaram público um manifesto de apoio à candidatura de Adalberto Costa Júnior, o atual presidente do Grupo Parlamentar da UNITA.

Figuras de proa da UNITA apoiam candidatura de Costa Júnior

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No manifesto datado de 18 de setembro, pode ler-se: "Adalberto Costa Júnior é a nossa aposta, porque é chegado o tempo de promover uma liderança mais jovem que projete o partido para o futuro".

Ilídio Manuel, analista e jornalista angolano, explica à DW África o que isso pode significar no conclave da segunda maior força política angolana. "Significa que ele é uma figura de consenso ao nível da UNITA. É mais ou menos a ponte que vai garantir a ponte da velha à nova geração", diz.

Mas, há um senão, acrescenta Ilídio Manuel. "É um candidato que goza de muito apoio no meio urbano, o que pode até certo ponto trair determinadas expetativas, uma vez que a UNITA tem fundamentalmente como seio de apoio o eleitorado rural. É aí onde terá alguns dificuldades em afirmar as suas pretensões", afirmou.

Samakuva em silêncio

Para além de Adalberto Costa Júnior, também já manifestaram a intenção de concorrer à presidência da UNITA Raul Danda, Kamalata Numa e José Pedro Katchiungo.

Isaías Samakuva ainda não se manifestou sobre uma possível candidaturaFoto: Getty Images/AFP/S. de Sakutin

Em silêncio continua o atual presidente Isaías Samakuva. Na liderança desde 2003, permanece a dúvida sobre se vai ou não candidatar-se. Esta sexta-feira, Agostinho Kamuango, secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), aumentou ainda mais a dúvida ao afirmar que "não será novidade se Isaías Samakuva voltar a candidatar-se, uma vez que os estatutos não preveem limite".

Ainda esta semana, a imprensa local apontou Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, como candidato de Samakuva ao Congresso do partido. A DW África tentou ouvir os dois, mas sem sucesso.

Entretanto, Ilídio Manuel afirma: "Isso já está a criar uma onda de choques em detrimento de setores, porque isso representaria a continuidade da velha geração. Em alguns setores, as sucessivas derrotas da UNITA têm sido justamente atribuídas ao fato de a UNITA não conseguir inovar e não conseguir apresentar candidatos jovens que possam criar uma mais valia".

Estratégia

O manifesto de apoio ocorre numa altura em que o empresário angolano Álvaro Sobrinho processou Adalberto Costa Júnior por crimes de calúnia e difamação. Em causa, estão pronunciamentos sobre o Banco Espírito Santo Angola (BESA) num projeto de reflexão liderado pelo radialista e apresentador de televisão Miguel Neto, denominado "Repensar Angola".

Isaías Samakuva e Agostinho Kamuango em LuandaFoto: DW/B.Ndomba

Apesar de estar à espera da notificação, Costa Júnior interroga-se: "Por que apenas agora?". "A matéria relacionada com base é uma matéria que nós temos que abordar muitas vezes. Até me surpreende que só agora é que haja uma reação sobre conteúdos que nós tantas vezes temos falado. Até me parece que isso tem muito a ver com as candidaturas à liderança da UNITA dada essa coincidência um pouco estranha", diz.

Questionado sobre se haveria uma "mão invisível" nesta ação judicial, o analista Ilídio Manuel não entra em detalhes, mas lembra que o empresário angolano já forçou um pedido de desculpas à ativista social Sizaltina Cutaia. Quanto ao Adalberto, prefere ver para crer. "Se isso está dentro de uma estratégia liderada pelo próprio MPLA, só o tempo dirá".

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