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Angola: FLEC-FAC decreta cessar-fogo em Cabinda

7 de outubro de 2020

O movimento independentista de Cabinda acusa o Presidente angolano, João Lourenço, de falta de vontade política para garantir a paz no enclave petrolífero. Emmanuel Nzita, da FLEC-FAC, pede diálogo e apoio internacional.

Emannuel Nzita
Foto: Privat

A Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) decretou esta quarta-feira (07-10) "um cessar-fogo em todo o território" do enclave no norte de Angola, respondendo "positivamente" a um apelo do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Em entrevista à DW África, o presidente da FLEC-FAC, Emmanuel Nzita, acusa o Presidente de Angola, João Lourenço, de falta de vontade política para garantir a paz no enclave e lança um apelo à comunidade internacional no sentido de pressionar o chefe de Estado angolano a priorizar os problemas internos do país, em detrimento do que se passa nos outros países.

Cabinda é delimitada a norte pela República do Congo, a leste e a sul pela República Democrática do Congo e a oeste pelo Oceano Atlântico.

Rua em Cabinda, AngolaFoto: DW/B. Ndomba

DW África: Como é que explica a decisão da FLEC/FAC em decretar um cessar-fogo, quando o movimento independentista acusou, no início do mês, as Forças Armadas de Angola de atacar civis desarmados junto à fronteira com Cabinda?

Emmanuel Nzita (EN): O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu, mais uma vez, um cessar-fogo em Cabinda. Nesse sentido, estamos prontos para manter a paz neste momento da crise da COVID-19. Esse cessar-fogo começa hoje (07.10). Nós estamos prontos para dialogar com o Governo angolano para manter uma paz durável em Cabinda. Em caso de ataque, nós estaremos em posição de linha de defesa.

DW África: Se houver um ataque vão responder na mesma medida?

EN: Sim. O cessar-fogo não diz que nós não nos temos de nos defender. Nós mantemos o cessar-fogo para permitir que se responda à pandemia [em Cabinda] como em todo o mundo.

DW África: Como é que está a fase de negociação sobre o enclave com o Presidente de Angola e a comunidade internacional?

EN: Nós pedimos ao Governo angolano, ao Presidente João Lourenço, ao secretário-geral da ONU e às organizações da região para ativar um diálogo sobre a paz em Cabinda.

João Lourenço, Presidente de AngolaFoto: Getty Images/M. Spatari

DW África: Não há vontade política por parte de João Lourenço?

EN: Em relação a João Lourenço, eu não sei se é falta de vontade ou má-fé. Já o contactámos, mas ele não tem boa vontade sobre o cessar-fogo. João Lourenço quer manter a paz na região dos Grandes Lagos, no Congo, no Ruanda, no Uganda... Mas ele tem problemas na casa dele. Tem problemas há muitos anos em Cabinda, mas prefere manter a paz noutro lado.

DW África: Como é que está a situação da pandemia da Covid-19 no enclave?

EN: O Governo angolano não se preocupa nada com Cabinda, nem a comunidade internacional. O povo reclama, porque está abandonado. Falamos sobre a pandemia da Covid-19, mas há paludismo e não há medicamentos. Só Deus está a ajudar este povo. A mensagem que eu deixo aqui é uma chamada de paz. Eu peço a boa-vontade de todos, ao secretário-geral da ONU, à União Africana e à União Europeia...  Devem ajudar a manter a paz em Cabinda, porque o senhor João Lourenço não quer.
 

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