Líderes da UNITA, PRA-JA e Bloco Democrático anunciaram que a Frente Patriótica Unida será formalizada na próxima terça-feira (05.10). O líder do projeto da oposição também será conhecido na altura.
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As negociações entre a União para a Independência Total de Angola (UNITA), Partido do Renascimento Angola - Juntos por Angola - Servir Angola (PRA-JA) e o Bloco Democrático estão concluídas e na próxima semana as lideranças vão esclarecer como a Frente Patriótica Unida (FPU) vai atuar no campo político angolano. O líder do projeto também será conhecido na próxima semana.
"A Frente Patriótica vai ser formalizada na próxima terça-feira [05 de outubro]. É o culminar de um amplo processo de negociação e, ao ser agora, aqui, formalmente indicada esta data, significa que temos os documentos fundamentais terminados e estamos em condições de responder à enorme expetativa que sabemos nos está direcionada por parte de todos os angolanos", disse à imprensa esta quarta-feira (29.09) Adalberto Costa Júnior.
O anúncio foi feito pelo presidente da UNITA, no final da Reunião Magna do projeto político PRA-JA Servir Angola, que visou apreciar e decidir a viabilidade e a modalidade da sua participação na busca da alternância do poder político.
"Tudo muda"
Depois de a UNITA aprovar no seu congresso de 2019 e o Bloco Democrático na sua convenção de julho deste ano, os membros da Comissão Diretiva Provisória Nacional do PRA-JA Servir Angola disseram "sim" ao acordo sobre os princípios e normas de funcionamento da Frente Patriótica Unida.
No comunicado lido pelo coordenador do PRA-JA na Huíla, Armando Capoco, os delegados pedem à sociedade civil que aposte na organização que vai juntar numa única lista Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku e Filomeno Vieira Lopes, e mandam recado ao MPLA, partido no poder.
"Nada é permanente, porque tudo muda. A mudança de regime em Angola, hoje, representa a vontade dos angolanos", afirmam os membros do PRA-JA.
Efetivação da alternância
O presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, apelou ao patriotismo e sacrifício de todos os intervenientes da FPU para que a efetivação da alternância em Angola seja uma realidade.
"Avalanche de pessoas" revela insatisfação com MPLA
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"O Bloco Democrático, em particular, pelo facto de estar aqui com os nossos companheiros, já começou a fazer alguns sacrifícios. Todos os fundos que tínhamos da CASA-CE já nos foram cortados. Todos nós temos que fazer este sacrifício. Todos temos que deixar de ter os nossos egos. Todos temos que pensar na unidade nacional, temos que pensar no patriotismo. Se assim for, vamos conseguir. A mudança é possível. Por uma Angola diferente também é possível", frisou o economista que lidera o BD desde julho.
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Pré-campanha eleitoral
Por seu turno, Abel Chivukuvuku, coordenador-geral do PRA-JA, informou que, após a formalização da plataforma, a FPU vai começar com os trabalhos de pré-campanha eleitoral. Por isso, lança o apelo a todos os cidadãos para aderirem aos postos de registo eleitoral, "porque se diz que a qualidade dos processos políticos, económicos, sociais e culturais de cada sociedade, é diretamente proporcional a profundidade e qualidade da participação dos seus cidadãos".
"Os cidadãos não participam, vamos continuar a ter pobreza, vamos continuar a ter uma democracia de segunda e terceira qualidade. Os cidadãos participam e vamos realizar os sonhos e as vidas de cada um deles", garantiu Abel Chivukuvuku.
Com as três forças políticas unidas, a FPU deverá fazer frente já nas próximas eleições ao poder político controlado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) desde a independência de Angola, em 1975.
Angola: Os contrastes de um gigante petrolífero
O "boom" do petróleo ainda não é para todos. Ao mesmo tempo que Angola oferece oportunidades de investimento a empresas nacionais e estrangeiras, mais de um terço da população vive com menos de um dólar por dia.
Foto: DW/R. Krieger
Lama no cotidiano
O bairro Cazenga é o mais populoso de Luanda – ali, vivem mais de 400 mil pessoas numa área de 40 quilômetros quadrados. Em outubro de 2012, chuvas fortes obrigaram muitos habitantes a andar na lama. Do Cazenga saíram muitos políticos do partido governista angolano MPLA. "Uma das prioridades de políticos pobres é a riqueza rápida", diz o economista angolano Fernando Heitor.
Foto: DW/R. Krieger
Dominância do MPLA
Euricleurival Vasco, 27, votou no MPLA nas eleições gerais de agosto de 2012: "É o partido do presidente. Desde a guerra civil, ele tenta deixar o poder, mas a população não deixa". Críticos dizem que José Eduardo dos Santos não cumpriu nenhuma promessa eleitoral, como acesso à água e à eletricidade. Mas o governo lançou um plano de desenvolvimento em novembro para dar esses direitos à população.
Foto: DW/R. Krieger
Economia informal em Angola
Muitos angolanos esperam riqueza do chamado "boom" do petróleo. Mas grande parte da população é ativa na economia informal, como estas vendedoras de bolachas na capital, Luanda. Segundo a ONU, 37% da população vivem com menos de um dólar por dia. Elias Isaac, da organização de defesa dos direitos humanos Open Society, considera este um "contrassenso" entre "crescimento e desenvolvimento".
Foto: DW/R. Krieger
Uma infraestrutura de fachada?
A capital angolana Luanda é considerada uma das cidades mais caras do mundo. Um prato de sopa pode custar cerca de 10 dólares num restaurante, o aluguel de um apartamento mais de cinco mil dólares por mês. A Baía de Luanda é testemunho constante do "boom" do petróleo: guindastes e arranha-céus disputam quem é mais alto.
Foto: DW/Renate Krieger
O "Capitólio" de Angola
Próximo à Baía de Luanda, surge a nova sede do parlamento angolano. O partido governista MPLA vai ocupar a maior parte dos 220 assentos: elegeu 175 deputados em agosto de 2012. Por outro lado, o MPLA perdeu 18 assentos em comparação à eleição de 2008. A UNITA, maior partido da oposição, ganhou 32 assentos em 2012 – mas tem pouco espaço...
Foto: DW/R. Krieger
O presidente no cotidiano de Luanda
…porque, segundo críticos, o presidente José Eduardo dos Santos (numa foto da campanha eleitoral) "domina tudo": o poder Executivo, o Judiciário e o Legislativo, diz o economista Fernando Heitor. José Eduardo dos Santos também parece dominar muitas ruas de Luanda: em novembro de 2012, quase todas as imagens eram da campanha do partido no poder, o MPLA.
Foto: DW/R. Krieger
Dormir nos carros
Os engarrafamentos são frequentes em Luanda. Por isso, muitos funcionários que moram em locais mais afastados já partem para a capital angolana de madrugada. Ao chegarem em Luanda, dormem nos carros até a hora de ir trabalhar – juntamente com as crianças que precisam ir à escola. A foto foi tirada às 06:00h da manhã perto do Palácio da Justiça em novembro de 2012.
Foto: DW/R. Krieger
A riqueza em recursos naturais de Angola
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, mas também tem potencial para se tornar um dos maiores exportadores de gás natural. A primeira unidade de produção de LNG – Gás Natural Liquefeito, em inglês – foi construída no Soyo, norte do país, mas ainda está em fase de testes. A fábrica tem uma capacidade de produção de 5,2 milhões de toneladas de LNG por ano.
Foto: DW/Renate Krieger
Para acabar com a dependência do petróleo...
A diversificação da economia poderia ser uma solução, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo angolano criou um fundo soberano do petróleo para investir no país e no estrangeiro, e para ter uma reserva caso haja oscilações no preço do chamado "ouro negro". Uma alternativa, segundo especialistas, poderia ser a agricultura, já que o petróleo só deve durar mais 20 ou 30 anos.
Foto: DW/R. Krieger
Angola atrai estrangeiros
Vêem-se muitas placas em chinês e empresas chinesas em Angola. Os chineses são a maior comunidade estrangeira no país. Em seguida, vêm os portugueses, que em parte fogem à crise económica europeia. Depois, os brasileiros, por causa da proximidade cultural. Todos querem uma parte da riqueza angolana ou investem na reconstrução do país.
Foto: DW/R. Krieger
Homem X Asfalto
Para o educador Fernando Pinto Ndondi, o governo angolano deveria investir "no homem e não no asfalto". Há cinco anos, Fernando e sua famíla foram desalojados da ilha de Luanda por causa da construção de uma estrada. Agora vivem nestas casas precárias. O governo constrói novas casas para a população. Porém, os preços, a partir de 90 mil dólares, são altos demais para a maior parte dos angolanos.
Foto: DW/Renate Krieger
Para onde vai o dinheiro?
O que aconteceu com 32 mil milhões de dólares lucrados pela empresa petrolífera estatal angolana Sonangol entre 2007 e 2011? Um relatório do FMI constatou, em 2011, que faltava essa soma nos cofres públicos. A Sonangol diz ter investido o dinheiro em infraestrutura. Elias Isaac, da Open Society, diz que o governo disponibiliza mais informações – o que "não é sinônimo de transparência".