Angola garante estar a trabalhar para combater a fome
José Adalberto
17 de fevereiro de 2024
Em Angola, 38% das crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição crónica. Governo angolano e parceiros estão a recolher contribuições para enriquecer a Estratégia Nacional Alimentar e Nutricional.
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A desnutrição infantil em Angola contribui significativamente para a mortalidade infantil e pode causar danos permanentes ao desenvolvimento cognitivo de crianças e jovens, comprometendo o seu bem-estar e produtividade enquanto adultos, alerta Antero Almeida Pina, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em Angola.
"A situação requer conjugação de esforços dos diferentes departamentos ministeriais. É um esforço conjunto para que as políticas e as estratégias nacionais coincidam para melhorar a situação nutricional em todo país, e, em particular, das crianças, porque elas são as mais afetadas", comenta.
Antero Almeida Pina aponta o centro e o sul de Angola como as regiões mais críticas, devido à ocorrência de vários fenómenos naturais.
"A situação ainda tem alguns desafios, principal em algumas regiões afetadas pela seca, pelas cheias, como as províncias do Cunene, Huíla e Namibe, onde os números são mais elevados", advertiu.
"O indivíduo pode ficar extremamente magro, quando a alimentação não é suficiente em quantidade, mas também pode contrair doenças específicas que podem nem sempre levar à morte, mas prejudicar a saúde", alertou.
O secretário de Estado do Ministério da Agricultura e Florestas de Angola, André Moda, assinala as ações que o executivo tem estado a desenvolver para o alcance das metas inseridas na agenda sobre o desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, até 2030.
"A realização dos diálogos nacionais e regionais dos sistemas alimentares de consultas públicas Angola 2030, com a participação das diferentes partes interessadas, mostrou a visão clara do Governo de Angola e dos atores nacionais, em transformar o atual sistema alimentar tornando-o mais equitativo, sustentável, resiliente e saudável até 2030, com foco em desenvolvimento rural e territorial", concluiu.
Seca em África
Não chove, as colheitas são más, pouco há para comer, há quem consuma ervas para saciar a fome: É a pior seca das últimas décadas. 14 milhões de pessoas estão em perigo. Angola e Moçambique são dois dos países afetados.
Foto: Reuters/T. Negeri
À espera de água
Os jerricans estão vazios, não há água à vista. A Etiópia atravessa a pior seca das últimas três décadas, sem chover durante meses a fio. Segundo as Nações Unidas, mais de dez milhões de pessoas precisam urgentemente de assistência alimentar. Em breve, o número pode duplicar.
Foto: Reuters/T. Negeri
Sem fonte de sustento
Uma grande parte dos etíopes vive da agricultura e da criação de gado. Os animais são, muitas vezes, a fonte de sustento da família. "Vi as últimas gotas de chuva durante o Ramadão", conta um agricultor da região de Afar, no nordeste da Etiópia. O mês de jejum dos muçulmanos terminou em julho. "Desde essa altura, nunca mais choveu. Não há água, não há pasto. O nosso gado morreu".
Foto: Reuters/T. Negeri
Perigo para as crianças
Em 1984, mais de um milhão de pessoas morreu de fome na Etiópia. Pouco mais de três décadas depois, os etíopes voltam a correr perigo, sobretudo as crianças. Segundo o Governo etíope, mais de 400.000 rapazes e raparigas estão gravemente subnutridos e precisam de tratamento médico.
Foto: Reuters/T. Negeri
O El Niño
A colheita também foi magra no Zimbabué. Neste campo perto da capital, Harare, em vez de maçarocas de milho viçosas crescem apenas estes grãos secos. A seca foi agravada pelo El Niño. Noutros locais, o fenómeno meteorológico provocou chuvas fortes e inundações.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
No limite
Esta vaca está no limite das suas forças, mal consegue manter-se em pé. Os agricultores de Masvingo, no centro do Zimbabué, tentam movê-la. Em 2015, choveu metade do que havia chovido no ano anterior. Os campos ficaram completamente secos.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca em Moçambique
"Lá no nosso bairro já perdi trinta e cinco cabeças", conta um criador de gado do distrito de Moamba, a 80 quilómetros da capital moçambicana, Maputo. Milhares de famílias estão em situação de insegurança alimentar. A seca afeta principalmente o sul do país. O norte e centro têm sido fustigados por chuvas intensas.
Foto: DW/R. da Silva
Ervas para combater a fome
A província do Cunene, no sul de Angola, também tem sido afetada pela seca. À falta de outros alimentos, há populares que comem ervas para saciar a fome: "Muitos morreram, não há comida. Mas, depois, estas ervas causam diarreia", contou um morador do município do Curoca.
Foto: DW/A.Vieira
Rio seco
Seria impossível estar aqui, não fosse a seca. O rio Black Umfolozi, a nordeste da cidade sul-africana de Durban, ficou sem água à superfície. Só cavando os habitantes conseguem obter o líquido vital.
Foto: Reuters/R. Ward
Seca inflaciona os preços
O Malawi também atravessa um período de seca. E isso reflete-se aqui neste mercado perto da capital, Lilongwe. Os preços de produtos básicos como o milho aumentaram bastante, porque a colheita foi má e é necessário importá-los. Muitas vezes, os habitantes mal conseguem pagar os alimentos que precisam para sobreviver.