Angola: General Bento Kangamba notificado por Recredit
Lusa
3 de novembro de 2020
De acordo com anúncio publicado no Jornal de Angola, o empresário angolano terá de comparecer nos próximos cinco dias na sociedade estatal Recredit para tratar de "assuntos relacionados com o seu interesse".
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O empresário, político e dirigente desportivo angolano Bento Kangamba foi notificado com urgência para comparecer na Recredit, sociedade de recuperação de ativos para tratar de "assuntos relacionados com o seu interesse", segundo um anúncio publicado no Jornal de Angola esta terça-feira (03.11).
Além da notificação do general angolano, responsável da empresa Organizações Bento K, a Recredit, uma sociedade anónima do Estado angolano que visa recuperar créditos, notifica no mesmo anúncio mais 13 responsáveis de outras tantas empresas.
Na página do Facebook, a Organizações Bento K, aparece associada ao Programa de Apoio a Juventude (PAJ), "um instrumento de materialização do Plano Executivo do Governo de Apoio à Juventude (PEGAJ), que tem como objetivo primordial a mobilização dos jovens visando a sua participação ativa e permanente no processo de Reconstrução Nacional do País". A mesma página refere também "facilidades na aquisição de viaturas".
A 11 de agosto de 2017, a agência de notícias angolana Angop noticiou que a Organizações Bento Kangamba (BK) estava a financiar a construção de duas escolas e um hospital no Bairro da Capanga, a cerca de 14 quilómetros da sede municipal do Amboim, na província do Cuanza-Sul. No entanto, não foi possível obter informações posteriores a essa data sobre o desenvolvimento destas obras.
Detido em fevereiro
Bento dos Santos "Kangamba", sobrinho por afinidade do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, foi preso a 29 de fevereiro, na província do Cunene, no sul de Angola, quando alegadamente tentava fugir para a Namíbia. Foi indiciado da "prática do crime de burla por defraudação" e libertado três dias depois.
No final de junho, o Tribunal Supremo de Angola deu razão parcial a um recurso apresentado pela defesa do general Bento "Kangamba", pedindo a revogação das medidas de coação, por entender que não tentou fugir à Justiça.
Em outubro do ano passado, o Tribunal Provincial de Luanda ordenou o confisco de bens de Bento Kangamba, por falta de pagamento de uma dívida. O empresário assumiu estar em incumprimento relativamente à dívida, mas garantiu que a irá honrar "dentro de um prazo razoável", tendo já feito alguns pagamentos parciais.
Famílias influentes em África
Para muitos, a política continua a ser um negócio de família: o filho recebe a Presidência de herança, a filha dirige a empresa estatal, a esposa torna-se ministra. Há vários exemplos.
Foto: picture-alliance/dpa
Filha milionária
Isabel dos Santos, a filha mais velha do Presidente angolano, é uma das dez pessoas mais ricas de África. Do império da empresária constam a maior empresa de telecomunicações do país e uma cadeia de hipermercados. Além disso, dos Santos lidera a petrolífera angolana Sonangol. O irmão José Filomeno dirige o Fundo Soberano de Angola, que gere mais de cinco mil milhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
O meu pai decide…
Teodoro Nguema Obiang Mangue é vice-Presidente da Guiné Equatorial – e o filho do chefe de Estado. O pai, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, dirige o país desde 1979. O seu enteado, Gabriel Mbaga Obiang, é ministro das Minas e Hidrocarbonetos. A petrolífera estatal GEPetrol é controlada pelo cunhado do Presidente, Nsue Okomo.
Foto: Picture-alliance/AP Photo/F. Franklin II
O meu filho, o guarda-costas
Muhoozi Kainerugaba é o filho mais velho do Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, que está desde 1986 no poder. Ele é um oficial superior no Exército ugandês e comanda a unidade especial responsável pela proteção do chefe de Estado. A mulher de Museveni, Janet, é ministra da Educação e do Desporto. O cunhado, Sam Kutesa, é ministro dos Negócios Estrangeiros.
Foto: DW/E. Lubega
Uma irmã gémea influente
Jaynet Désirée Kabila Kyungu é filha do ex-Presidente congolês, Laurent Kabila. Agora, é o seu irmão gémeo, Joseph Kabila, que governa o país. Jaynet está no Parlamento; além disso, tem uma empresa de comunicação. Os "Panama Papers" revelaram que ela foi co-presidente de uma empresa offshore que terá tido participações no maior operador móvel no Congo.
Foto: Getty Images/AFP/J. D. Kannah
De secretária a primeira-dama
Grace Mugabe é a segunda mulher do Presidente zimbabueano, Robert Mugabe. Começaram a namorar enquanto ela ainda era a sua secretária. Entretanto, Grace é presidente da "Liga das Mulheres" do partido no poder e tem bastante influência. Grace, de 51 anos, é vista como a sucessora do marido, de 92 anos, embora ela tenha afastado essa hipótese.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
A ex-mulher ambiciosa
Nkosazana Dlamini-Zuma foi a primeira mulher eleita como presidente da Comissão da União Africana. Antes, foi ministra dos Negócios Estrangeiros no Governo do Presidente sul-africano Thabo Mbeki. Foi também ministra do Interior no Executivo do ex-marido, Jacob Zuma. O casamento desfez-se antes de Dlamini-Zuma ocupar esses cargos ministeriais.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Prinsloo
A empresa familiar, o Estado
Nas mãos da família do Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, estão numerosas empresas estratégicas e altos cargos na política. O irmão Maurice é dono de várias empresas, a filha Claudia (na foto) dirige o gabinete de comunicação do pai e pensa-se que o filho Denis Christel esteja já a ser preparado para assumir a Presidência.
Foto: Getty Images/AFP/G. Gervais
Autorizado: Presidente Bongo II
O autocrata Omar Bongo Ondimba governou o Gabão durante 41 anos até falecer, em 2009. Numas eleições polémicas, em que bastou uma maioria simples na primeira volta, o filho do ex-Presidente, Ali Bongo, derrotou 17 opositores. Ele foi reeleito em 2016. A família Bongo já governa o país há meio século.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Tal pai, tal filho
Dos cerca de 50 filhos do ex-Presidente do Togo Gnassingbé Eyadéma, Faure Gnassingbé foi o único a enveredar pela política. Entretanto, governa o país. Os pais dos atuais chefes de Estado do Quénia e do Botswana também já tinham estado na Presidência.