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Angola: Governo inicia realojamento e a demolição das casas

12 de abril de 2020

Decorre em Angola o processo de demolição das residências precárias e o realojamento das famílias atingidas pelas fortes chuvas. Moradores criticam o processo de realojamento.

Foto: DW/A. Domingos

O Governo provincial do Kwanza Norte, iniciou na sexta-feira (10.04) o processo de realojamento provisório das famílias desabrigadas pelas chuvas, no bairro de Sambizanga, no município de Cazengo, em Angola. A administração municipal começou também a demolição de residências precárias construídas nas chamadas zonas de risco ao longo do rio Muembeje, em Ndalatando.

As autoridades angolanas falam em 33 famílias já realojadas em residências no complexo habitacional de Catome e um total de 55 casas serão demolidas, no bairro de Sambizanga, disse à DW África, a administradora municipal adjunta para a área técnica de Cazengo, Helena Pereira. Alguns moradores ouvidos pela DW África criticam, tendo considerando que foram para lugares sem condições sociais dignas.

Engrácia Mussunda, moradora do bairro Sambizanga, que viu, na sexta-feira, a sua casa ser demolida, disse à DW África, que "agora cabe ao Governo decidir para onde viver já perderam as suas habitações”, desabafou.

Autoridades prometem criar condições

Helena Pereira, administradora municipal adjunta para a Área Técnica de Cazengo Foto: DW/A. Domingos

O Administrador Municipal de Cazengo, Malundo Fausto Catessamo responde que as condições provisórias foram criadas para receber as mais de 4.500 famílias desalojadas pelas chuvas do passado dia 03 de abril. "Numa primeira fase serão realojadas 75% dessa população nos outros bairros. De acordo com Malundo Catessamo, as condições estão a ser criadas para futuramente acomodar os restantes 25% das famílias.

Neto Pascoal "Exibido” é um conhecido taxista da cidade, que vive aí, com a sua família constituída por seis pessoas e relata à DW África a sua situação.

"Apesar de viver em zona considerada de risco, mas a minha casa não sofreu inundações, por isso, não sou vítima das últimas enxurradas, mas ainda assim, vi a minha casa a ser demolida pelo Governo do Kwanza Norte”, disse o Neto que não esconde a sua indignação pela falta de criação de condições de realojamento.

Há quem aguarde por realojamento há 4 anos

Taxista NetoFoto: DW/A. Domingos

Desde 2016 que Isabel Simão, residente numa das zonas críticas do bairro Sambizanga, em N'Dalatando, aguarda pela nova residência quando as águas das chuvas destruíram a sua casa.

"Estamos muito preocupados e tristes porque quando uma pessoa perde a casa há quatro anos, mas nunca nos deram um novo lugar, nunca nos deram nada, nunca nos apoiaram em nada…demos tudo que é preciso…fotocópias dos bilhetes de identidade, sem receber nada. Nós só queríamos que nos dessem terrenos para contruirmos as nossas habitações”.

Os bairros mais atingidos são os da Ilha, Onze de Novembro, 28 de agosto e São Felipe. Algumas casas junto ao rio Muembeje, nos bairros Sambizanga e Posse, foram afetadas devido à subida dos níveis de água.

Isabel Simão uma das vítimasFoto: DW/A. Domingos

No Lucala, há registos de duas casas destruídas e 20 pessoas ao relento. De acordo com os últimos dados oficiais do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros do Kwanza Norte, a chuva registada no passado dia 03 deste mês, que fustigou a capital da província do Cuanza Norte, durante oito horas consecutivas, provocou a destruição total de 263 residências, desalojando 1.778 famílias, perfazendo assim no total oito mil 902 pessoas que ficaram ao relento devido ao mau tempo em N'Dalatando, Segundo o balanço definitivo do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros, apresentado à imprensa.

Vítimas das enxurradas vão receber parcelas de terra

Luciano Martins "Soba Malanje”, do gabinete de comunicação social do Governo do Kwanza Norte, escreveu, esta sexta-feira (11.04), na sua página do Facebook, que "os sinistrados das últimas chuvas na província do Kwanza Norte, além de serem alojados em zonas mais seguras, começam nos próximos dias a receber as parcelas de terras para a construção de suas novas residências. Os trabalhos para a limpeza e talhamento das terras, localizadas no conhecido Km 11 na estrada nacional 230 Luanda/Malanje, decorrem a bom ritmo. No local serão alojadas mais de 200 famílias que perderam os seus haveres e residências fruto das últimas chuvas diluvianas que se abateram sobre a Província na passada semana”, publica na rede social.

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