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Governo angolano vai entregar apartamentos abandonados

13 de abril de 2022

Governo angolano vai retomar a comercialização de cerca de 500 apartamentos dos quase mil abandonados há cinco anos na centralidade do Capari, no Bengo. Mas a medida está a ser encarada como uma "jogada eleitoralista".

Uma delegação do Governo angolano visitou recenemente os blocos de edifícios vazios
Uma delegação do Governo angolano visitou recenemente os blocos de edifícios vaziosFoto: António Ambrósio/DW

Já muito se falou sobre o estado de abandono em que se encontram muitas residências na centralidade do Capari, na província do Bengo, a pouco mais de 40 quilómetros da capital angolana, Luanda. Mais de mil apartamentos estão desabitados naquela centralidade há cerca de cinco anos.

Por causa da morosidade na cedência destes apartamentos, populares chegaram a invadir o Bloco 8 deste projeto habitacional, inaugurado há sete anos - diferendo que teve de ser resolvido pelas autoridades judiciais.

Quinze meses depois da invasão, o ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território de Angola anunciou agora em abril a retoma das vendas. De acordo com Manuel Tavares, as residências "dentro dos próximos 20 dias já começarão a ser habitadas".

"É um grande impacto, principalmente, para os jovens que precisam de habitação e o sonho da casa própria será realizado", garantiu o representante do Governo angolano.

A governadora do Bengo, Mara Regina da Silva, e o ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território, Manuel Tavares, visitaram os apartamentos que devem ser comercializados em breveFoto: António Ambrósio/DW

Aproveitamento político

No total são 31 edifícios, o que corresponde a perto de 500 apartamentos para venda. A retoma da comercialização é aplaudida por populares ouvidos pela DW. Mas a aproximação do período eleitoral, em agosto, leva-os a suspeitar de aproveitamento político.

"Fico admirado porque que é somente agora, vimos que já passou muito tempo, podemos analisar que é por causa das eleições", disse um cidadão.

"Se não fosse pelas campanhas eleitorais penso que isso não seria comercializado assim ao público. É só para quem tem", opinou outro popular.

Mais de mil apartamentos estão desabitados na centralidade há cerca de cinco anosFoto: António Ambrósio/DW

Críticas ao Governo

A mesma visão partilha o analista e docente universitário Amílcar de Armando, que tece criticas ao Governo angolano.

"Isto é que as pessoas devem perceber que somos governados por pessoas completamente irresponsáveis, descomprometidas com o bem comum, ou seja, o mais importante é a manutenção do poder e para manutenção do poder vale qualquer coisa, inclusive, sacrificar as pessoas. Não têm casas, não têm nada, não dão. Chega a época eleitoral, aparece tudo aquilo que não existiu ao longo de todo o ano", critica Armando.

Visão diferente tem o secretário provincial da JMPLA, o braço juvenil do partido no Governo. Júnior Daniel desvaloriza as críticas de "aproveitamento eleitoralista" e que o "Estado tinha que recuperar [os apartamento]", o que terá levado "muito tempo".

"Julgamos nós que este tempo levou até esta altura e está a coincidir com o período. Penso que são aqueles jovens que se calhar não têm condições para se candidatar e vem com estes argumentos que visa desincentivar um outro jovem, que visa confundir a opinião pública", argumenta o representante do JMPLA.

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