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Greve nos Caminhos de Ferro de Luanda

14 de janeiro de 2019

Funcionários dos Caminhos de Ferro de Luanda (CFL) encontram-se em greve para exigirem melhores condições de trabalho e aumentos salariais.

Angola Streik der Eisenbahnarbeiter in Luanda
Foto: DW/M. Luamba

Os trabalhadores dos Caminhos de Ferro de Luanda (CFL) entraram esta segunda-feira (14.01.) em greve, por tempo indeterminado, para reivindicar melhores condições laborais, igualdade de subsídios, e aumento salarial na ordem dos 80%.

"Nós trabalhamos damos no duro, mas o salário é 40 mil", desabafou Júlia José, trabalhadora de limpeza dos Caminhos de Ferros de Luanda (CFL).Já, António Vieira, outro funcionário da empresa pública, há 24 anos, fala em discriminação entre os antigos e novos trabalhadores.

Júlia JoséFoto: DW/M. Luamba

"A gente já não sabe o que se passa na empresa. Há (trabalhadores) que entram agora e já têm novo salário. E o salário é melhor do que aqueles que têm 20 a 30 anos de serviço".

Aumento de salários? 

Por seu turno, Agnaldo Bernardo, questiona: "Porquê o salário não sobe? Temos bilhetes de comboios de 500 kwanzas (cerca de 2 euros), comboios de longo curso que já foram aumentados os preços por três vezes, temos comboios cisternas e temos comboios para transporte de contentores. Porque o salário não sobe?".

A não subida do salário foi o principal ponto que fez com que as negociações fracassassem entre as partes. Apenas 15 das 19 exigências foram acordadas entre a comissão sindical e a empresa. Mas o aumento salarial na ordem dos 80 por cento continua a ser o motivo da discórdia."Nós solicitamos à comissão sindical o adiamento da efetivação da grave porque nós pensamos que tendo mais de 95 por cento aceites pela entidade empregadora era bom que a comissão optasse pela suspensão enquanto estávamos a negociar", afirma Augusto Osório, porta-voz dos Caminhos de Ferro de Luanda em declarações à rádio privada angolana MFM.

Angola: Greve nos Caminhos de Ferro de Luanda por tempo indeterminado

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Somente serviços mínimos 

Por esta razão, esta segunda-feira (14.01.), foi decretada por tempo indeterminado, a greve no CFL, apenas com os serviços mínimos. Ou seja, há somente dois comboios por dia: uma frequência de manhã e outra à tarde até a suspensão da paralisação.

Entretanto, logo à entrada da estação do Musseque, em Luanda, a DW África viu um dístico com dizeres como: "estamos em greve". Por outro lado, a escassos metros, estavam dezenas de grevistas concentradas entre mulheres e homens exibindo cartazes e sobre as paredes com escritos como "dar dignidade ao trabalhador ferroviário" e também "Conselho de Administração Fora".Lourenço Contreiras Secretário para Informação da Comissão Sindical do CFL diz que enquanto a direção não resolver a questão salarial a greve não será suspensa.

Foto: DW/M. Luamba

"Mas são pontos que não levam o interesse principal dos trabalhadores porque os pontos ligados à situação financeira não foram resolvidos. Aumento salarial na ordem dos 80 por cento e a unificação dos subsídios de alimentação para todos os trabalhadores".

Negociações prosseguem 

Segundo a comissão sindical, os responsáveis da empresa ganham 90 mil kwanzas (mais de 250 euros) de subsídio de alimentação contra os 14 mil (menos de 50 euros) dos funcionários.

Apesar do diferendo, a direção dos Caminhos de Ferro de Luanda, está aberta às negociações como explica o porta-voz. "Nós continuamos abertos para que o problema se resolva rapidamente".

Lourenço Contreiras manifesta a mesma vontade. "Estamos dispostos a negociações até encontrarmos a solução para estes problemas".

Os serviços dos Caminhos de Ferro de Luanda estendem até às províncias do Cuanza-norte e Malanje, Norte de Angola. As frequências para essas regiões também estão paralisadas.

 

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