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Angola: Há mais heróis para além de Agostinho Neto

17 de setembro de 2018

Hoje (17.09.) é Dia do Herói Nacional. A data foi escolhida pelo MPLA em memória ao homem que proclamou a independência em 1975. No país há quem defenda que a data deve ser inclusiva e até uma revisão da História.

Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola inependenteFoto: casacomum.org/Documentos Dalila Mateus

O dia 17 de setembro é a data do nascimento de António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola independente, e Dia do Herói Nacional. A data homenageia o médico e o poeta pelo seu contributo para a descolonização do país.

O cidadão Marcos Francisco, residente em Luanda, não esconde a admiração que nutre por Neto: "Foi um presidente que libertou o seu povo. Temos a ele como um exemplo a seguir. Para além disso é um escritor, um poeta, acho que deve ser lembrado todos os anos porque ele foi um Presidente muito bom para nós, libertou o povo”.

Mas, Para António Vemba, outro cidadão residente na capital angolana, o Dia do Herói Nacional deve ser dedicado a todos que contribuíram para a libertação de Angola: "Nas escolas deviam divulgar as figuras que lutarem e [ensinar] quem são os heróis. Mas você vai às escolas e encontra uma História bem fantasma que só fala sobre Agostinho Neto. Agostinho Neto não lutou sozinho. Ele foi egoísta proclamando a independência sozinho enquanto havia outros que também lutaram. Lutaram três que eu conheço. Deviam ser considerados os três”.

Angola: Há mais heróis para além de Agostinho Neto

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Os três heróis de quem António Vemba fala são Agostinho Neto do MPLA, partido no poder, Jonas Savimbi, líder fundador da UNITA, hoje o maior partido da oposição, e Holdem Roberto da FNLA, também partido da oposição, este último descrito no livro de João Paulo Ganga como "o pai do nacionalismo angolano”.

"O primeiro revolucionário da República de Angola é Holden Roberto embora a FNLA esteja como está, mas eu também o considero [herói]”, diz António Vemba. 

Onde ficam os heróis anónimos?

Para além destes três, há outros nomes que lutaram contra o colonialismo português que também deviam ser lembrados, sublinha Cláudio Fortuna do Centro de Estudos Africanos (CEA) da Universidade Católica de Angola.

Holden Roberto (centro)Foto: picture-alliance/dpa

"O Dia do Herói Nacional deve ser no plural e não apenas no singular. Agostinho foi um dos indivíduos que desempenhou um papel preponderante, foi o primeiro Presidente da República de Angola. Mas houve outros heróis anónimos e não só que tanto quanto Agostinho Neto desempenharam um papel importante na defesa e vanguarda do nacionalismo angolano”.

O CEA leva a cabo um projeto denominado "encontro com a história”. Por lá já passaram figuras como a engenheira Albina Assis antiga ministra dos petróleos e o engenheiro Ernesto Mulato ex-vice presidente da UNITA.

O investigador Cláudio Fortuna diz que há falta de imparcialidade na composição da História de Angola. Por isso, entende que muitos conteúdos ministrados nas escolas angolanas deveriam ser revistos: "A História de Angola tem sido escrita na perspetiva do vencedor da guerra. À medida que o tempo vai passando vamos descortinando algumas inverdades que nos foram impingidas ao longo deste tempo como se fosse verdades."

"As autoridades vão ser forçadas a dar a mão à palmatória e rever algum conteúdo da História de Angola que tem sido adulterada”, acredita Fortuna.

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