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Angola: Construção de novo hospital gera polémica

4 de janeiro de 2020

À DW, Nelito Ekwikwi, da UNITA, diz que este tipo de hospital "cria um muro entre o cidadão comum e a elite governativa". Já Lindo Bernardo Tito, deputado independente da CASA-CE, vê vantagens no projeto hospitalar.

Mosambik Chimoio, Manica Provinz - Krankenhaus in Chimoio
Foto ilustrativaFoto: DW/B. Jequete

O presidente angolano, João Lourenço, assinou, recentemente, um decreto que autoriza a construção de um hospital onde ele e os "principais dirigentes do Estado" passarão a receber tratamento médico. Um assunto que, à semelhança do "Bairro dos Ministérios", está a gerar polémica e a suscitar as mais vivas reações na imprensa local e nas redes sociais, como é exemplo a publicação feita pelo analista angolano Augusto Báfuabáfua na sua página do Facebook: "2019 Bairro dos Ministérios... 2020 Hospital dos Ministros".

Investimento de 128 milhões

O hospital chamar-se-á Pedro Maria Tonha "Pedalé", um antigo combatente da guerrilha de libertação nacional, e vai custar aos cofres do Estado 128,1 milhões de dólares.

Segundo o decreto presidencial datado de 24 de Dezembro, a referida unidade hospitalar vai prestar assistência médica ao "Presidente da República e aos principais dirigentes do Estado".

Angola: Hospital para "principais dirigentes do Estado" gera polémica

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Nelito Ekwikwi, jurista e deputado pelo Grupo Parlamentar da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), diz que a iniciativa presidencial "viola o princípio da igualdade previsto na Constituição angolana". Ou seja, separa o povo dos dirigentes do Estado. "Mais do que isso, acaba criando um muro entre o cidadão comum e a elite que governa o país. Portanto, é mau para Angola, é mau para os dirigentes que governo esse país", afirma.

O deputado mais jovem do parlamento angolano vai mais longe e defende que o Presidente João Lourenço e outros dirigentes deviam receber assistência médica em hospitais públicos já existentes ao invés de se construir mais uma unidade hospitalar em tempo de crise."Refiro-me concretamente ao Maria Pia, ao Américo Boa-vida, entre outros hospitais de referência do país. O senhor Presidente (pode) ir ao Maria Pia como vai o cidadão que mora no Katinton (um dos bairros humildes de Luanda). Isto é que é igualdade. Isto é que é governar para as pessoas".

Evacuação de doentes

Lindo Bernardo Tito, CASA-CEFoto: DW/N. Sul de Angola

Por outro lado, Lindo Bernardo Tito, também jurista e deputado independente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), diz entender que existem vantagens neste projeto. Por exemplo: "É um hospital que será multidisciplinar, irá permitir também que os cidadãos que tiverem problemas de saúde e que necessitem de evacuação para o exterior do país sejam aqui assistidos. É um hospital que vem resolver um problema que o país tem, o de evacuação permanente de doentes, cidadãos angolanos para o exterior", diz.

Para além disso, acrecsenta, o novo hospital "também vem auxiliar do ponto de vista de investigação médica porque o nosso sistema de saúde está com muita fragilidade relativamente à investigação médica. Por isso, será um hospital investigativo, um hospital de natureza cientifica".

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