Angola também sofreu recentemente com os incêndios florestas, apesar destes terem uma origem diferente dos incêndios na Amazónia. A opinião pública angolana espera que haja medidas e soluções no futuro.
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Os incêndios na Amazónia trouxeram a debate sobre a questão da preservação do meio ambiente em todo mundo. Em Angola, os cidadãos ouvidos pela DW África pedem a adoção de políticas públicas de sensibilização.
O Governo angolano promete apostar em espaços verdes, mas nega que Angola tenha um problema de incêndios semelhante ao da Amazónia. Imagens da NASA mostram uma mancha vermelha dos fogos maior em África do que na América do Sul. Enquanto a floresta da Amazónia está a arder no Brasil, há países africanos onde há muito mais fogos.
No Brasil foram registados cerca de 2.000 fogos desde a semana passada, em Angola, por exemplo, houve registo de mais do triplo, quase 7.000 focos de incêndio, segundo os dados da NASA.
África e América do Sul diferentes
Mas, segundo o governo angolano, não faz sentido comparar os fogos na Amazónia com os de Angola. Em entrevista à DW África ministra angolana do Ambiente, Paula Francisco Coelho mostrou-se pragmática.
"Não há necessidade de se levantar aqui parâmetros comparativos em relação aos incêndios a decorrer noutras partes do (mundo) com o nosso país, Angola. Neste momento, não temos nenhum incêndio em ocorrência. O que acontece são queimadas feitas por algumas das nossas comunidades para a preparação dos solos para a próxima campanha agrícola", afirmou Paula Francisco Coelho.
Ainda assim, Bernardo Castro, responsável da ONG angolana Rede Terra, diz que é preciso debater estas questões.
"África ocupa o primeiro lugar quanto aos fogos florestais, segundo dados da própria FAO. E, no ranking mundial em matéria de desflorestação, nós, a África, ocupamos o segundo lugar depois da Amazónia, e isso já é preocupante", sublinhou Bernardo Castro.
Opinião Pública
Vários cidadãos angolanos ouvidos pela DW África pedem ao Governo que tome medidas para proteger o meio ambiente. Guilherme Domingos, morador de Luanda, comentou o seguinte: "Sabemos que a camada de ozono está, até certo ponto, a deteriorar-se. Então, há toda uma necessidade de estarmos envolvidos para que protejamos o nosso meio ambiente."Benedito Gonçalves, também morador da capital angolana, sugere ações concretas como por exemplo, plantar árvores.
Incêndios florestais em Angola
Para Bernardo Castro, responsável da Rede Terra e mestre em adaptação às alterações climáticas, ainda é preciso trabalhar muito no capítulo da educação ambiental em Angola.
"No nosso país, a educação ambiental, até a própria consciência ecológica, ainda é muito empobrecida. Nós estamos muito péssimos em matéria de educação ambiental, tanto ao nível das escolas como ao nível do discurso social público e ao nível da televisão e da rádio, não há esta educação ambiental"
O Governo angolano promete combater a desflorestação e aumentar os espaços verdes em Angola. A ministra Paula Francisco Coelho lembra ainda que já foi implementada nova legislação sobre as florestas para preservar os ecossistemas e promete tomar mais medidas.
"Nós vamos intensificar o programa de educação e consciencialização, de forma integrada com o Ministério da Agricultura sobretudo, para que estes programas possam também melhorar as práticas de subsistência da produção alimentar no nosso país", explicou a ministra.
Angola: Os contrastes de um gigante petrolífero
O "boom" do petróleo ainda não é para todos. Ao mesmo tempo que Angola oferece oportunidades de investimento a empresas nacionais e estrangeiras, mais de um terço da população vive com menos de um dólar por dia.
Foto: DW/R. Krieger
Lama no cotidiano
O bairro Cazenga é o mais populoso de Luanda – ali, vivem mais de 400 mil pessoas numa área de 40 quilômetros quadrados. Em outubro de 2012, chuvas fortes obrigaram muitos habitantes a andar na lama. Do Cazenga saíram muitos políticos do partido governista angolano MPLA. "Uma das prioridades de políticos pobres é a riqueza rápida", diz o economista angolano Fernando Heitor.
Foto: DW/R. Krieger
Dominância do MPLA
Euricleurival Vasco, 27, votou no MPLA nas eleições gerais de agosto de 2012: "É o partido do presidente. Desde a guerra civil, ele tenta deixar o poder, mas a população não deixa". Críticos dizem que José Eduardo dos Santos não cumpriu nenhuma promessa eleitoral, como acesso à água e à eletricidade. Mas o governo lançou um plano de desenvolvimento em novembro para dar esses direitos à população.
Foto: DW/R. Krieger
Economia informal em Angola
Muitos angolanos esperam riqueza do chamado "boom" do petróleo. Mas grande parte da população é ativa na economia informal, como estas vendedoras de bolachas na capital, Luanda. Segundo a ONU, 37% da população vivem com menos de um dólar por dia. Elias Isaac, da organização de defesa dos direitos humanos Open Society, considera este um "contrassenso" entre "crescimento e desenvolvimento".
Foto: DW/R. Krieger
Uma infraestrutura de fachada?
A capital angolana Luanda é considerada uma das cidades mais caras do mundo. Um prato de sopa pode custar cerca de 10 dólares num restaurante, o aluguel de um apartamento mais de cinco mil dólares por mês. A Baía de Luanda é testemunho constante do "boom" do petróleo: guindastes e arranha-céus disputam quem é mais alto.
Foto: DW/Renate Krieger
O "Capitólio" de Angola
Próximo à Baía de Luanda, surge a nova sede do parlamento angolano. O partido governista MPLA vai ocupar a maior parte dos 220 assentos: elegeu 175 deputados em agosto de 2012. Por outro lado, o MPLA perdeu 18 assentos em comparação à eleição de 2008. A UNITA, maior partido da oposição, ganhou 32 assentos em 2012 – mas tem pouco espaço...
Foto: DW/R. Krieger
O presidente no cotidiano de Luanda
…porque, segundo críticos, o presidente José Eduardo dos Santos (numa foto da campanha eleitoral) "domina tudo": o poder Executivo, o Judiciário e o Legislativo, diz o economista Fernando Heitor. José Eduardo dos Santos também parece dominar muitas ruas de Luanda: em novembro de 2012, quase todas as imagens eram da campanha do partido no poder, o MPLA.
Foto: DW/R. Krieger
Dormir nos carros
Os engarrafamentos são frequentes em Luanda. Por isso, muitos funcionários que moram em locais mais afastados já partem para a capital angolana de madrugada. Ao chegarem em Luanda, dormem nos carros até a hora de ir trabalhar – juntamente com as crianças que precisam ir à escola. A foto foi tirada às 06:00h da manhã perto do Palácio da Justiça em novembro de 2012.
Foto: DW/R. Krieger
A riqueza em recursos naturais de Angola
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, mas também tem potencial para se tornar um dos maiores exportadores de gás natural. A primeira unidade de produção de LNG – Gás Natural Liquefeito, em inglês – foi construída no Soyo, norte do país, mas ainda está em fase de testes. A fábrica tem uma capacidade de produção de 5,2 milhões de toneladas de LNG por ano.
Foto: DW/Renate Krieger
Para acabar com a dependência do petróleo...
A diversificação da economia poderia ser uma solução, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo angolano criou um fundo soberano do petróleo para investir no país e no estrangeiro, e para ter uma reserva caso haja oscilações no preço do chamado "ouro negro". Uma alternativa, segundo especialistas, poderia ser a agricultura, já que o petróleo só deve durar mais 20 ou 30 anos.
Foto: DW/R. Krieger
Angola atrai estrangeiros
Vêem-se muitas placas em chinês e empresas chinesas em Angola. Os chineses são a maior comunidade estrangeira no país. Em seguida, vêm os portugueses, que em parte fogem à crise económica europeia. Depois, os brasileiros, por causa da proximidade cultural. Todos querem uma parte da riqueza angolana ou investem na reconstrução do país.
Foto: DW/R. Krieger
Homem X Asfalto
Para o educador Fernando Pinto Ndondi, o governo angolano deveria investir "no homem e não no asfalto". Há cinco anos, Fernando e sua famíla foram desalojados da ilha de Luanda por causa da construção de uma estrada. Agora vivem nestas casas precárias. O governo constrói novas casas para a população. Porém, os preços, a partir de 90 mil dólares, são altos demais para a maior parte dos angolanos.
Foto: DW/Renate Krieger
Para onde vai o dinheiro?
O que aconteceu com 32 mil milhões de dólares lucrados pela empresa petrolífera estatal angolana Sonangol entre 2007 e 2011? Um relatório do FMI constatou, em 2011, que faltava essa soma nos cofres públicos. A Sonangol diz ter investido o dinheiro em infraestrutura. Elias Isaac, da Open Society, diz que o governo disponibiliza mais informações – o que "não é sinônimo de transparência".