Insatisfação marca primeiro ano do segundo mandato de JLo
15 de setembro de 2023![](https://static.dw.com/image/63144155_800.webp)
O primeiro ano do segundo mandato do Presidente de Angola, João Lourenço, fica assinalado por um aumento notório da insatisfação entre académicos, sindicalistas e a população em geral. Apesar das promessas de defender a sustentabilidade das finanças públicas, reduzir a dependência do petróleo e estabilizar a economia, o Governo atual parece não estar a cumprir as suas garantias.
A população angolana mostra-se cada vez mais descontente com a falta de avanços na implementação das reformas económicas e sociais, que eram consideradas cruciais para consolidar o legado de João Lourenço. Analistas apontam para a falta de assertividade do Presidente na condução destas reformas, o que tem gerado níveis crescentes de contestação à sua liderança.
O politólogo David Sambinza avaliou o primeiro ano do segundo mandato de João Lourenço como negativo, apontando para uma perda de legitimidade do Presidente junto da população. "É suficiente observar os níveis de contestação à figura do Presidente da República, que estão em constante ascensão. Existe uma perda de legitimidade do Presidente João Lourenço", afirmou.
Crise económica e desemprego
A taxa de desemprego, especialmente entre os jovens, continua alarmantemente elevada, atingindo os 30% em 2022, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística. Economistas alertam que a situação tem vindo a piorar devido ao aumento dos preços dos produtos, à escassez de divisas e à desvalorização da moeda nacional, o kwanza.
Estes desafios contrariam uma das principais promessas do partido no poder, o MPLA, que era a de garantir a estabilidade macroeconómica. O economista Heitor de Carvalho enfatizou que a contínua dependência da venda de petróleo e a importação massiva de bens deixaram o país vulnerável às flutuações dos preços internacionais e a choques financeiros.
"Com a diminuição dos rendimentos do petróleo em comparação com o passado, surgiu um grande défice entre as importações, a necessidade de dólares para importações e o fluxo de dólares provenientes das nossas exportações", explicou.
Para além disso, Heitor de Carvalho criticou a falta de cortes significativos em gastos supérfluos, sublinhando que o país não pode dar-se ao luxo de desperdiçar recursos em despesas desnecessárias. O economista realçou a importância de colocar as contas do Estado em ordem para evitar que a população seja prejudicada.
A crise económica também se refletiu no poder de compra da população, que foi afetado pela desvalorização do kwanza. Francisco Jacinto, secretário-geral da Central dos Sindicatos Livres e Independentes de Angola (CGCILA), manifestou preocupação com a situação social dos trabalhadores.
Violação da Constituição
"A prática não está a demonstrar aquilo que se diz. O Governo diz uma coisa, mas a prática é outra, e o diálogo tripartido não existe", lamentou, apontando para a violação, segundo ele, da Constituição devido à falta de diálogo entre o Executivo e os parceiros sociais para abordar as questões cruciais que afetam os cidadãos.
Com o aumento da insatisfação, o Presidente João Lourenço enfrenta desafios significativos para cumprir as suas promessas e restabelecer a confiança da população no seu Governo. O país aguarda com expectativa a implementação de ações concretas que possam aliviar os problemas económicos e sociais que assolam a Nação.