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Insatisfação marca primeiro ano do segundo mandato de JLo

José Adalberto
15 de setembro de 2023

Há um ano que João Lourenço tomou posse pela segunda vez como Presidente de Angola. No país, académicos e sindicalistas expressam insatisfação no primeiro ano do segundo e último mandato constitucional de JLo.

Investidura do Presidente João Lourenço foi no dia 15 de setembro de 2022Foto: Julio Pacheco Ntela/AFP/Getty Images

O primeiro ano do segundo mandato do Presidente de Angola, João Lourenço, fica assinalado por um aumento notório da insatisfação entre académicos, sindicalistas e a população em geral. Apesar das promessas de defender a sustentabilidade das finanças públicas, reduzir a dependência do petróleo e estabilizar a economia, o Governo atual parece não estar a cumprir as suas garantias.

A população angolana mostra-se cada vez mais descontente com a falta de avanços na implementação das reformas económicas e sociais, que eram consideradas cruciais para consolidar o legado de João Lourenço. Analistas apontam para a falta de assertividade do Presidente na condução destas reformas, o que tem gerado níveis crescentes de contestação à sua liderança.

O politólogo David Sambinza avaliou o primeiro ano do segundo mandato de João Lourenço como negativo, apontando para uma perda de legitimidade do Presidente junto da população. "É suficiente observar os níveis de contestação à figura do Presidente da República, que estão em constante ascensão. Existe uma perda de legitimidade do Presidente João Lourenço", afirmou.

Com a diminuição do poder de compra, o mercado informal tornou-se uma alternativa para a compra de alimentos.Foto: José Adalberto /DW

Crise económica e desemprego

A taxa de desemprego, especialmente entre os jovens, continua alarmantemente elevada, atingindo os 30% em 2022, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística. Economistas alertam que a situação tem vindo a piorar devido ao aumento dos preços dos produtos, à escassez de divisas e à desvalorização da moeda nacional, o kwanza.

Estes desafios contrariam uma das principais promessas do partido no poder, o MPLA, que era a de garantir a estabilidade macroeconómica. O economista Heitor de Carvalho enfatizou que a contínua dependência da venda de petróleo e a importação massiva de bens deixaram o país vulnerável às flutuações dos preços internacionais e a choques financeiros.

Apesar da oferta de produtos, este supermercado no centro da cidade está praticamente vazio.Foto: José Adalberto /DW

"Com a diminuição dos rendimentos do petróleo em comparação com o passado, surgiu um grande défice entre as importações, a necessidade de dólares para importações e o fluxo de dólares provenientes das nossas exportações", explicou.

Para além disso, Heitor de Carvalho criticou a falta de cortes significativos em gastos supérfluos, sublinhando que o país não pode dar-se ao luxo de desperdiçar recursos em despesas desnecessárias. O economista realçou a importância de colocar as contas do Estado em ordem para evitar que a população seja prejudicada.

A crise económica também se refletiu no poder de compra da população, que foi afetado pela desvalorização do kwanza. Francisco Jacinto, secretário-geral da Central dos Sindicatos Livres e Independentes de Angola (CGCILA), manifestou preocupação com a situação social dos trabalhadores.

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Violação da Constituição

"A prática não está a demonstrar aquilo que se diz. O Governo diz uma coisa, mas a prática é outra, e o diálogo tripartido não existe", lamentou, apontando para a violação, segundo ele, da Constituição devido à falta de diálogo entre o Executivo e os parceiros sociais para abordar as questões cruciais que afetam os cidadãos.

Com o aumento da insatisfação, o Presidente João Lourenço enfrenta desafios significativos para cumprir as suas promessas e restabelecer a confiança da população no seu Governo. O país aguarda com expectativa a implementação de ações concretas que possam aliviar os problemas económicos e sociais que assolam a Nação.

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