Fortes chuvas destruíram mais de 200 casas em zonas ribeirinhas de risco na cidade de N'dalatando, a capital da província angolana do Kwanza Norte.
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Várias famílias perderam as suas casas devido às fortes chuvas que caíram sobre N'dalatando, a capital da província do Kwanza Norte, em Angola, entre sexta-feira e este sábado (04.04). As enxurradas duraram mais de oito horas e deixaram um enorme rasto de prejuízos.
Os bairros mais afetados foram Kamunzuzulu, Posse, Valódia, Sambizanga, Kamungu, Vieta, São Filipe, Ilha, 11 de Novembro, Kibuangoma e Kilamba Kiaxi. As referidas áreas ribeirinhas são consideradas zonas de risco. Muitos cidadãos construíram as suas casas à beira dos riachos Muembeji, Katende e Kamungo.
Imaculada Chilombo, residente do bairro Sambizanga, viu a sua casa destruída pela chuva e não conseguiu retirar nenhum mobiliário e utensílio doméstico. "Até temos óbitos. Ficamos por três horas no sereno. Assustei, porque a minha casa caiu. Quatro casas desabaram e várias ficaram inundadas. Nós vivemos em seis pessoas na minha casa", lamentou.
Isabel Salvador é moradora na mesma zona ribeirinha. Em entrevista à DW África, afirmou que já não tem casa desde o ano passado, que foi destruída no ano passado pelas enxurradas. A nova casa que arrendou também não foi poupada pela fúria das águas.
Mais de 200 casas destruídas
O responsável provincial dos serviços de proteção civil e bombeiros local, Zacarias Kinanga, fez um balanço provisório dos estragos da chuva e disse que 275 casas ficaram destruídas e várias famílias estão ao relento.
Em declaração à imprensa local, o administrador municipal de Cazengo, Malundo Fausto Catessamo, disse que a maior parte da população construiu as suas casas em zonas de riscos. A previsão é que essas famílias sejam reassentadas no mês de maio, onde estão loteadas parcelas de terrenos.
Não é a primeira vez que várias famílias no Kwanza Norte ficam sem teto devido às chuvas fortes que se têm ocorrido em várias regiões da província. Muitas famílias nunca foram realojadas.
Feridas do ciclone Kenneth não cicatrizaram, seis meses depois
O ciclone Kenneth devastou o norte de Moçambique, em abril. 45 pessoas morreram e 250 mil foram afetadas pelo ciclone. Seis meses depois, muito já foi feito, mas muito continua por fazer na província de Cabo Delgado.
Foto: Reuters/OCHA/Saviano Abreu
Salas de aula por reconstruir
Mais de 500 salas de aula ficaram destruídas depois da passagem do ciclone Kenneth. Com apoio financeiro, recuperaram-se cerca de 100 salas. Em alguns casos, foram alocadas tendas às escolas destruídas para permitir o decurso das aulas. Entretanto, há várias escolas por reconstruir. Um exemplo é esta escola primária na Ilha das Quirimbas, distrito do Ibo, cuja cobertura foi arrasada.
Foto: DW
"Comida pelo trabalho"
O Programa Alimentar Mundial (PAM) em Cabo Delgado, chefiado por Enrique Alvarez, continua a prestar assistência alimentar às famílias afetadas pelo ciclone. Em agosto, iniciou uma nova etapa de reconstrução, denominada "Comida pelo trabalho", onde cerca 70 mil pessoas beneficiarão de apoio alimentar ou material de construção, mediante a prestação de trabalhos na comunidade.
Foto: DW
Setor da pesca atingido
O ciclone Kenneth destruiu ou danificou muitos barcos de pesca artesanal, e a atividade piscatória ficou paralisada. O motor deste barco ficou avariado com o ciclone e o proprietário e os seus sete trabalhadores viram-se obrigados a paralisar a atividade durante cinco meses.
Foto: DW/D. Anacleto
Lonas para cobrir as casas
Várias habitações devastadas pelo mau tempo em Cabo Delgado continuam por reabilitar. O Governo ofereceu tendas às famílias que tiveram as casas totalmente destruídas. Para muitas casas onde só o tecto ficou destruído, foram oferecidas lonas.
Foto: DW/D. Anacleto
A longa espera pelo reassentamento
Na cidade de Pemba, depois da passagem do ciclone, em abril, cerca de 300 famílias que tiveram as suas habitações destruídas foram levadas para o centro de trânsito do bairro de Chuiba. Aguardam aqui a distribuição de terrenos para recomeçar uma nova vida. "Ainda não há sinal de luz verde", lamentam estes cidadãos.
Foto: DW
Sistema de drenagem obstruído
Em abril, as chuvas intensas que se fizeram sentir em Pemba durante a passagem do Kenneth alagaram os bairros de Natite, Josina Machel, Eduardo Mondlane e Paquitequite. Uma das causas para o fenómeno terá sido o deficiente sistema de drenagem, que estava obstruído. O edil de Pemba, Florete Simba Motarua, promete melhorá-lo.
Foto: DW
Família pede ajuda
Uma das casas da família de Fernando Fernandes foi destruída pelo ciclone. Com um agregado numeroso, os membros têm de partilhar o pequeno espaço na residência principal. Fernandes renova o pedido de apoio a pessoas de boa-fé: "Se eles realmente sentem pelo desastre que o povo sofreu, que venham dar um apoio, não digo financeiro, mas material, como ferros ou cimento…"
Foto: DW
Lixeira municipal foi transferida
A lixeira municipal de Pemba, que há 60 anos ficava na unidade residencial de Chibuabuare, no centro da cidade, está agora a 22 quilómetros da zona urbana. A lixeira terá soterrado seis pessoas durante a passagem do ciclone Kenneth, em abril passado.
Foto: DW/D. Anacleto
União Europeia apoia reconstrução
A União Europeia ofereceu 3,5 milhões de euros para apoiar a reconstrução da autarquia de Pemba, através de um programa denominado "Mais Pemba". O programa de apoio inclui a melhoria das vias de acesso destruídas, requalificação dos espaços públicos e a limpeza da cidade. A maior parte das estradas danificadas pelo Kenneth em Pemba já foi reconstruída.