Angola: IURD diz que igreja é "maioritariamente angolana"
Lusa | ni
22 de julho de 2020
Bispos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) repudiaram esta terça-feira (21.07) o que classificam como uma "narrativa falsa" de um grupo de dissidentes angolanos.
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Numa carta aberta, sete bispos angolanos da IURD alegam dar a conhecer "toda a verdade sobre a perseguição impiedosa" que a igreja vem sofrendo, numa alusão ao conflito interno que se vem agudizando desde novembro do ano passado e que culminou com a rutura de um grupo de dissidentes angolanos com a ala brasileira e a tomada de vários templos.
Os dissidentes, que criaram entretanto uma comissão de reforma, acusam os dirigentes brasileiros de práticas contrárias à religião, como racismo, vasectomias forçadas e desvio de fundos, estando atualmente em curso dois processos-crime contra a IURD.
Na carta, os sete bispos salientam que a IURD está legalmente instalada no país há 28 anos e sempre integrou angolanos na sua liderança, contando com pastores e bispos de várias nacionalidades em Angola.
"Até há oito meses, a igreja contava com oito bispos angolanos, tendo deles saído apenas um bispo, agora líder da dissidência (rebelião), sendo que, sete mantêm-se incólumes na igreja", destacam.
IURD diz que é alvo de notícias parciais
Na carta acusam o ex-bispo, Valente Bezerra, de ter internamente mobilizado alguns pastores dissidentes e ex-pastores, "alegando discordância com os pastores brasileiros e tantas outras infâmias que servem de argumentos para sustentar a sua tese de rebelião e justificativa para cometimento de atos criminosos como: invasão, furto, agressão, calúnia, burla entre outros".
Os responsáveis da IURD queixam-se também de serem alvo de notícias parciais, por "não se colher previamente o contraditório da liderança da Igreja ou testemunhas isentas", acusando os órgãos públicos de informação angolanos de "prestigiar esta forma de comunicar quando se trata de ferir a instituição IURD".
Afirmam também que "a narrativa falsa" construída pelos ex-pastores é de que lutam contra os bispos e pastores brasileiros e interrogam: "onde é que colocam os Bispos e Pastores Angolanos que se mantêm na igreja? Será que os dissidentes são mais angolanos do que todos nós?"
O silêncio das autoridades
Criticam ainda o silêncio das autoridades enquanto se assiste "ao esbulho violento do património da Igreja e agressão física de pastores", questionando se os bispos e pastores angolanos e estrangeiros da Igreja Universal do Reino de Deus não são dignos e merecedores da proteção estatal.
As crescentes tensões já levaram ao envolvimento dos governos de ambos os países: Jair Bolsonaro, o presidente brasileiro, escreveu ao seu homólogo angolano, João Lourenço, pedindo proteção para os bispos brasileiros.
Por seu turno, o chefe da diplomacia angolana, Téte António, assegurou que a relação com o Brasil é boa e que a justiça está "a tratar esta questão". Entretanto, a ministra de Estado angolana, Carolina Cerqueira, anunciou que vai ser feito um relatório sobre os incidentes, notando que "há indícios de alguns crimes".
Costa do Marfim: Uma visita à maior basílica do mundo
Yamoussoukro deveria ser a jóia da coroa da Costa do Marfim. O plano não deu certo, mas a cidade é agora o lar da Basílica Nossa Senhora da Paz, uma das maiores igrejas em todo o mundo.
Foto: DW/S. Fröhlich
Uma pérola escondida da África Ocidental
No coração de Yamoussoukro - a capital “esquecida” da Costa do Marfim - está uma igreja maior do que a Basílica de São Pedro, em Roma. A Basílica Nossa Senhora da Paz, Basilique Notre-Dame de la Paix (em francês), é a maior do mundo. Sua construção, entre 1986 e 1989, foi planeada pelo “pai fundador” do país e primeiro Presidente, Félix Houphouët-Boigny, e tornou-se seu legado.
Foto: DW/S. Fröhlich
Espaço para 200 mil fiéis
Dentro da basílica cabem 11 mil pessoas em pé. 7 mil visitantes podem assistir à missa sentados. O prédio, em si, pode abrigar 18 mil fiéis. Mas há espaço para ainda mais pessoas do lado de fora: a praça ao redor da igreja pode acomodar 30 mil e até 150 mil podem ocupar a esplanada em frente à construção. Isso é o que faz da Nossa Senhora da Paz a maior basílica do mundo.
Foto: DW/S. Fröhlich
A basílica mais alta do mundo
A Nossa Senhora da Paz imita, em formato e tamanho, a famosa Basílica de São Pedro, em Roma. A cúpula é ligeiramente menor, mas com a grande cruz chega até 158 metros. O prédio tem 191 metros de altura e 150 metros de largura. Desenhada pelo arquiteto libanês Pierre Fakhoury, a área interior tem mais de 8 mil metros quadrados. Cerca de 400 mil árvores, sebes e arbustos foram plantados no espaço.
Foto: DW/S. Fröhlich
Milhares de cores
Os enormes vitrais da basílica tem ao todo uma área de 7400 metros quadrados. Cerca de 6 mil cores foram usadas para ilustrar diferentes cenas do Velho e do Novo Testamento, incluindo a criação e o nascimento de Jesus Cristo. Em uma janela, a representação do primeiro Presidente da Costa do Marfim, Félix Houphouët-Boigny, ajoelhado na frente de Jesus, com seu nome esculpido no vidro.
Foto: DW/S. Fröhlich
Sem permissão para casamentos
Não é possível casar ou celebrar funerais na basílica. Como menos de um terço da população se identifica como cristã, a presença de fiéis nas missas não é grande - em geral, poucas centenas. Mas aqueles que visitam a igreja podem desfrutar de um sistema italiano de ar condicionado, descrito como um “oásis de frescor”.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um plano ambicioso
A basílica foi um presente do Presidente Félix Houphouët-Boigny ao Vaticano. Ele queria uma igual a de São Pedro - só que maior. O papa João Paulo II concordou, cético, sob duas condições: a cúpula não deveria ser maior do que a da basílica em Roma e um hospital deveria ser construído nas proximidades da igreja. O hospital foi planeado como pedido, mas a inauguração não ocorreu antes de 2015.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um projeto caro
Controvérsias cercam o financiamento da basílica. Diz-se que Houphouët-Boigny gastou cerca de 300 milhões de dólares e escondeu o fato de ter usado principalmente dinheiro dos contribuintes. A construção também duplicou a dívida do país, em meio a uma crise económica. A manutenção hoje custa aproximadamente 1,5 milhão de dólares por ano, valor que é pago por uma fundação criada pelo ex-Presidente.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um papa ausente
Todos os 18 mil lugares da igreja foram completamente ocupados apenas uma vez: no dia da consagração, em 1990. Desde então, não houve visitas do Papa, talvez por causa do contraste entre o projeto multimilionário e a pobreza que o cerca - mais de 40% dos 23 milhões de habitantes do país vivem abaixo da linha da pobreza.
Foto: DW/S. Fröhlich
A cidade esquecida
Hoje, a basílica fica numa cidade quase deserta, cheia de rodovias que levam a lugar nenhum. Em 1983, Félix Houphouët-Boigny nomeou Yamoussoukro como a nova capital da Costa do Marfim. Ele encomendou grandes monumentos e edifícios, incluindo o Hotel Presidente, de cinco estrelas. Mas nenhuma das embaixadas ou ministérios sequer mudaram-se de Abidjan. Yamoussoukro logo se tornou uma capital vazia.