Angola já expulsou mais de oito mil refugiados congoleses
AP | tms
24 de junho de 2017
Agências humanitárias pedem ajuda financeira para apoiar o Governo angolano no acolhimento de refugiados. Itália já garantiu suporte de 300 mil euros.
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Angola expulsou mais de oito mil congoleses que entraram no país para fugir da violência na sua terra natal nos últimos meses, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) em um novo relatório este sábado (24.06). Agências humanitárias estão a pedir ajuda financeira para dar suporte ao Governo angolano no apoio aos refugiados.
O relatório humanitário diz que mais de 30 mil congoleses fugiram para Angola desde agosto do ano passado, quando a violência aumentou nas regiões centrais do Kasai, na República Democrática do Congo.
Autoridades católicas no Congo estimaram que mais de 3,3 mil pessoas já foram mortas na agitação. Esta sexta-feira, o Conselho de Direitos Humanos da ONU votou em enviar peritos para a região a fim de investigar os supostos abusos que incluem decapitações.
Mais de um milhão de congoleses foram deslocados no país por culpas de milícias e forças governamentais, diz a ONU. O relatório diz que milícias usaram cerca de 500 meninas e meninos como lutadores ou "escudos humanos". O acesso da ajuda humanitária tem sido restrito em função da violência na região.
Ajuda
No sábado, o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Angelino Alfano, disse que a Itália está contribuindo com 300 mil euros para os esforços das agências de refugiados da ONU, com objetivo de "responder à dramática emergência humanitária" nas regiões do Kasai e para ajudar os refugiados congoleses em Angola, informou um comunicado.
Alfano disse ainda que a ajuda vai para cuidados de saúde, segurança alimentar, educação e "promover a dependência das populações de refugiados vulneráveis". Ele disse que o auxílio visa "aliviar o peso que pesa sobre o Governo angolano na garantia de assistência e proteção à população refugiada".
A ONU diz que o apelo geral de ajuda de emergência, no valor de 64 milhões de dólares, para a crise do Kasai "continua a ser mal financiado". A agência de refugiados da ONU solicitou 6 milhões de dólares para ajudar os congoleses em Angola.
Missões de paz da ONU em África
Os capacetes azuis da Organização das Nações Unidas têm intervido em vários países africanos. A MONUSCO, missão de paz da ONU na República Democrática do Congo, é a maior e mais cara de todas. Mas há várias.
Foto: picture-alliance/AA/S. Mohamed
RD Congo: a maior missão da ONU
Desde 1999, que a Organização das Nações Unidas (ONU) tenta pacificar a região oriental da República Democrática do Congo (RDC). A missão conhecida como MONUSCO conta com cerca de 20 mil soldados e um orçamento anual de 1,4 mil milhões de euros. Ainda que esta seja a maior e mais cara missão da ONU, a violência no país persiste.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Darfur: impotente contra a violência
A UNAMID é uma missão conjunta da União Africana e da ONU na região de Darfur, no Sudão, considerada por alguns observadores um fracasso. “O Conselho de Segurança da ONU deve trabalhar mais arduamente para encontrar soluções políticas, em vez de gastar dinheiro no desdobramento militar a longo prazo”, afirmou o especialista em segurança, Thierry Vircoulon.
Foto: picture-alliance/dpa/A. G. Farran
Sul do Sudão: fechar os olhos ao conflito?
A guerra civil no Sul do Sudão já fez com que, desde 2013, mais de quatro milhões de pessoas abandonassem as suas casas. Alguns estão abrigadas em campos de ajuda da ONU. Mas, quando os confrontos entre as forças do Governo e os rebeldes começaram na capital Juba, em julho de 2016, os capacetes azuis não foram bem sucedidos na intervenção.
Foto: Getty Images/A.G.Farran
Mali: mais perigosa missão da ONU no mundo
As forças de paz da ONU no Mali têm estado a monitorizar o cumprimento do acordo de paz realizado entre o Governo e a aliança dos rebeldes liderada pelos tuaregues. No entanto, grupos terroristas como o AQMI continuam a levar a cabo ataques terroristas que fazem com que a Missão da ONU no Mali (MINUSA) seja uma das mais perigosas do mundo. A Alemanha cedeu mais de 700 militares e helicópteros.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
RCA: abusos sexuais fazem manchetes
A missão da ONU na República Centro-Africana (MINUSCA) não ajudou a melhorar a imagem das Nações Unidas no continente africano. As tropas francesas foram acusadas de abusar sexualmente de crianças pela campanha Código Azul. Três anos depois, as vitimas não têm ajuda da ONU. Desde 2014, 10 mill soldados e 1800 polícias foram destacados para o país. A violência diminuiu, mas a tensão mantém-se.
Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images
Saara Ocidental: Esperança numa paz duradoura
A missão da ONU no Saara Ocidental, conhecida por MINURSO, está ativa desde 1991. Cabe à MINURSO controlar o conflito existente entre Marrocos e a Frente Polisário que defende a independência do Saara Ocidental. Em 2016, Marrocos, que ocupa este território desde 1976, dispensou 84 funcionários da MINURSO após um discurso do secretário-geral da ONU que o país não aprovou.
Foto: Getty Images/AFP/A. Senna
Costa do Marfim: um final pacífico
A missão da ONU na Costa do Marfim cumpriu o seu objetivo a 30 de junho de 2016, após 14 anos. As tropas têm vindo a ser retiradas, gradualmente, o que, para o ex secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, significa “um ponto de viragem das Nações Unidas na Costa do Marfim”. No entanto, apenas depois da retirada total das forças e a longo prazo é que se saberá se a missão foi ou não bem sucedida.
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Libéria: missão cumprida
A intervenção da ONU na Libéria chegou ao fim. Desde o fim da guerra civil, que durou 14 anos, que a Missão da ONU na Libéria (UNMIL) tem assegurado a estabilidade na Libéria e ajudado a construir um Estado funcional. O Governo do país quer agora garantir a segurança da Libéria. O país ainda está a lutar com as consequências de uma devastadora epidemia do Ébola que o assolou.
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Sudão: Etiópia é promotora da paz?
Os soldados da Força de Segurança Interina da ONU para Abyei (UNISFA) patrulham esta região, rica em petróleo, e que, tanto o Sudão, como o Sudão do Sul, consideram ser sua. Mais de quatro mil capacetes azuis da Etiópia estão no terreno. A Etiópia é o segundo maior contribuinte para a manutenção da paz no mundo. No entanto, o seu exército é acusado de violações de direitos humanos no seu país.
Foto: Getty Images/AFP/A. G. Farran
Somália: Modelo futuro da União Africana?
As forças de paz da ONU na Somália estão a lutar sob a liderança da União Africana numa missão conhecida como AMISOM. Os soldados estão no país africano para combater os islamitas al-Shabaab e trazer estabilidade ao país devastado pela guerra. Etiópia, Burundi, Djibouti, Quénia, Uganda, Serra Leoa, Gana e Nigéria contribuem com as com suas tropas para a AMISOM.