Jornalistas de órgãos privados vão aderir ao apelo de boicote à cobertura de debates parlamentares feito pelo Sindicato dos Jornalistas Angolanos. Eles queixam-se de limitações e maus-tratos por parte do Parlamento.
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Aproxima-se a sessão do Parlamento angolano prevista para o dia 18 deste Janeiro, onde será debatido e aprovado na generalidade o primeiro Orçamento Geral do Estado (OGE) da era João Lourenço. Mas, neste dia, os órgãos de comunicação social privados não deverão fazer a cobertura. Esta seria uma forma de protesto contra o que consideram ser humilhações e proibição no acesso à sala onde decorrem os debates.
O diretor do semanário Expansão, Carlos Rosado de Carvalho, diz que na Casa das Leis os jornalistas são tratados como gado e por isso se juntou ao apelo do Sindicato para defender o direito à informação.
E ele conta: "Somos confinados a uma pequena sala, não temos acesso às fontes e, portanto, é uma coisa que é verdadeiramente incrível que não pode continuar."
Carvalho mostra o seu desapontamento: "O que estamos a fazer é uma situação também de recurso, o ideal seria que as coisas fossem resolvidas. Mas efetivamente os serviços de apoio da Assembleia tem tomado uma posição que não deixa outra alternativa aos jornalistas, senão enveredar por esta forma. Em nenhum país democrático acontece isso”.
Parlamento ignora queixas dos jornalistas
O diretor para informação da Radio Comercial Despertar, Queirós Chiluvia, diz que são várias as denúncias e reclamações sobre os maus-tratos contra os jornalistas que a direção da Assembleia Nacional tem ignorado. E por isso diz que não resta outra saída aos profissionais da sua emissora senão o boicote.
E Chiluvia também denuncia que "os profissionais da Rádio Despertar têm sido vítimas de descriminação e humilhação na Assembleia Nacional, órgão que por sinal tem a vocação de aprovar leis."
E ele garante: "E todos os profissionais da Rádio Despertar estão de acordo com esta decisão do Sindicato dos Jornalistas Angolanos”.
Angola: Jornalistas boicotam cobertura de debates parlamentares
Luta
William Tonet, diretor do jornal Folha 8, afirmou que o boicote a próxima sessão do Parlamento será uma luta pelo direito à informação e pela dignidade dos jornalistas.
"Se quisermos liberdade imprensa, liberdade de expressão e transparência, os jornalistas não podem ser tratados como pessoas menores, como profissionais menores, sem qualquer tipo de dignidade. Portanto, a melhor forma é os órgãos não só não comparecerem, como também não reportarem, porque se não formos a defender a nossa classe ninguém o fará por nós”, defende Tonet.
A Radio Ecclesia e o jornal O País são outros órgãos que abraçaram o apelo do Sindicato para o boicote. A DW África contactou os responsáveis de informação da Televisão Pública de Angola (TPA) e da Rádio Nacional de Angola (RNA), mas não obteve resposta.
Direitos Humanos - Prêmio Mídia para o Desenvolvimento
No âmbito do Prêmio Mídia para o Desenvolvimento, promovido pela DW, o público escolheu as melhores fotografias africanas para a categoria "Direitos Humanos em África". Nós mostramos as fotos selecionadas.
Foto: Adballe Ahmed Mumin
A aldeia do abuso sexual
Nikiwe Masango, de 87 anos, acordou no meio de uma noite com um homem sobre ela, em Jambeni, na África do Sul. "Me violou durante toda a noite. Pediu para que eu cobrisse meus olhos, assim eu não poderia identificá-lo", diz Masango. Foto: Lungi Mbulwana. Uma das fotos que foram selecionadas pelo público para o Prêmio Mídia para o Desenvolvimento da DW na categoria "Direitos Humanos em África".
Foto: Lungi Mbulwana
Brutalidade policial
O motorista de um taxi-motocicleta "okada" defende-se de um policial após ser preso por se desnudar em um protesto em Lagos, na Nigéria. Em 2012, o governo de Lagos baniu as "okadas" das principais avenidas da capital nigeriana. A polícia foi acusada de uso excessivo da força e violência para forçar o cumprimento da legislação do tráfego na cidade. Foto: Olufemi Ajasa.
Foto: Olufemi Ajasa
Onde há vontade, há educação
Estes alunos estão prestes a remar para a casa em Makoko, um bairro de lata construído com palafitas sobre as lagoas de Lagos. A educação tem sido descrita como a grande arma contra a pobreza. Mas, este bairro de lata flutuante, o mais pobre da Nigéria, muitas crianças têm pouca esperança de ir para a escola. Na foto, estão crianças de sorte. Foto: Oluyinka Ezekiel Adeparusi.
Foto: Oluyinka Ezekiel Adeparusi
Os males sanitários da Cidade do Cabo
Um garoto se diverte pulando sobre casas de banho em Khayelitsha, perto da Cidade do Cabo, na África do Sul. Para as pessoas vivendo em assentamentos informais na região, ir à casa de banho pode ser um pesadelo. As instalações têm manutenção precária e não são higiênicas. O alto índice de criminalidade obriga as pessoas a optarem pelo uso de baldes em suas casas. Foto: David Harrison.
Foto: David Harrison
As emoções dos desafortunados
Este homem sul-africano passou mais de 20 anos na prisão. Cada tatuagem no seu rosto simboliza seu status e posição na quadrilha. O retrato mostra que existe beleza em cada um de nós, apesar das circunstâncias que enfrentamos na vida. Foto: Theodore Afrika.
Foto: Theodore Afrika
Maternidade segura
Zituni mostra orgulhosamente seu saudável bebê que nasceu em um pequeno hospital, a alguns metros de sua cabana. O hospital localizado na aldeia de Diff, na fronteira do Quênia com a Somália, tem uma ala de maternidade. A primeira deste tipo na área. Foto: Abraham Ali.
Foto: Abraham Ali
Tribunal de rua
Um homem é arrastado pelas ruas de um bairro da Cidade do Cabo após ter sido espancado pela população, suspeito de ter roubado um telemóvel. O homem foi levado ao hospital pela polícia, mas ninguém foi preso pelo linchamento. O direito a um julgamento justo é um direito humano. Foto: Lulama Zenzile.
Foto: Lulama Zenzile
O espancamento de Bonnie
Agentes de segurança levam o ativista queniano Boniface Mwangi após ele gritar: "traidor, traidor!", durante o discurso de um dirigente sindical. Mwangi foi posteriormente espancado e trancado em uma cela da polícia por fazer uso, pura e simplesmente, do seu direito de liberdade de expressão. Foto: Evans Habil Kweyu.
Foto: Evans Habil Kweyu
O longo caminho para a água potável
Estas pessoas do vilarejo de Jatokrom, no norte do Gana, caminham quilômetros para buscar água da represa. O rio perto da comunidade agrícola secou. A barragem é usada para armazenar água e não é própria para o consumo humano. Milhões de pessoas no Gana ainda carecem de acesso a água potável. Foto: Geoffrey Buta.
Foto: Geoffrey Buta
As lágrimas de uma família despejada
Uma mãe de sete crianças chora na rua. Ela e seus familiares foram despejados de sua casa na capital do Chade, N'Djamena, para dar lugar a um novo hotel de luxo. Mais de 670 pessoas na cidade foram expulsas e suas casas demolidas. Nenhuma, incluindo esta mulher, receberam indenização ou uma moradia alternativa. Foto: Salma Khalil Alio.
Foto: Salma Khalil Alio
Lutando pelo direito de informar
Jornalistas somalis protestam contra a detenção e assassinato de colegas de profissão. As manifestações acontecem depois da prisão de um repórter que entrevistou uma mulher vítima de abuso sexual pelas forças do governo. Com 18 jornalistas mortos em 2012, a Somália é um dos mais perigosos lugares do mundo para profissionais de imprensa. Foto: Adballe Ahmed Mumin.