Jornalistas da Rádio Despertar continuam suspensos
11 de novembro de 2016A suspensão dos profissionais da Rádio Despertar foi levantada na quarta-feira, 9 de novembro. Houve, entretanto, um "problema de comunicação" que levou a um retrocesso, segundo o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos.
"De facto, a situação tinha sido ultrapassada. Alguns colegas já tinham regressado ao serviço, mas infelizmente voltou a haver um problema de comunicação entre os trabalhadores", diz Teixeira Cândido.
O sindicalista adianta que a direção da rádio abriu um processo disciplinar contra os jornalistas, mas mostrou-se esperançoso num desfecho amigável. Cândido garante que o sindicato continuará a acompanhar o caso. "É a nossa obrigação", afirma. "A par disso, estamos a fazer outras diligências no sentido de acautelarmos os interesses dos nossos afiliados."
"Greve tem regras"
O diretor da Rádio Despertar, Emanuel Malaquias, refuta acusações de que os profissionais da emissora teriam sido suspensos por tentarem organizar uma greve geral para exigir salários em atraso e melhores condições de trabalho.
Os jornalistas enfrentam um processo disciplinar, de acordo com Malaquias: "Um dos jornalistas tentou impedir e usou terminologia ofensiva contra um colega seu, que estava a cumprir uma missão que lhe foi incumbida pelo diretor-geral da Rádio Despertar. O outro jornalista recusou-se a apresentar um jornal, e ostensivamente respondeu a quem o quis ouvir que não o fazia porque estava em greve. A greve tem regras."
Questionado sobre um eventual afastamento definitivo dos jornalistas suspensos, em função do processo disciplinar em curso, o diretor-geral da emissora respondeu que tudo "vai depender do que o processo trouxer", no que diz respeito ao "apuramento dos dados."
"É por isso que existem estes processos", comenta Emanuel Malaquias.
Partidos reagem
Para o partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a suspensão dos profissionais da Rádio Despertar, ligada à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), mostra como a força da oposição "não é flor que se cheire".
Para "quem apregoa muito ser democrata, falta-lhe alguma coisa", afirmou o vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, João Pinto. "Um democrata não precisa de dizer que é democrata."
A UNITA defende-se. O porta-voz do partido assegura que a UNITA não interfere na linha editorial da Rádio Despertar. "Nós não temos nenhuma interferência. A rádio é comercial, como todos sabem", disse Alcides Sakala.