Manifestantes de diferentes estratos sociais da província do Zaire foram às ruas para protestar contra o Governo central. Os jovens exigem obras de infraestrutura e o cumprimento de promessas eleitorais.
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Essa foi a primeira vez em 46 anos de independência que os jovens na província angolana do Zaire se manifestaram para exigir os seus direitos. Muitos dos cartazes carregados pelas centenas de participantes diziam: "O Zaire diz basta às injustiças da parte do Governo central".
No local marcado para a concentração este sábado (15.05), na cidade de Mbanza Kongo, António Castelo, um dos subscritores do ato, fez a leitura do manifesto popular no qual os jovens criticam a falta de desenvolvimento da província e o facto de o governo central, segundo eles, não incluir o Zaire nos projetos de âmbito nacional.
"O ato que a província testemunhou hoje não é um pedido de independência, mas, sim, um pedido de atenção especial ao Executivo central", afirmou.
O manifesto trazia também uma chamada de atenção aos jovens a fim de que tomem consciência de que "o futuro depende da sua coragem".
Obras paralisadas
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As questões que a juventude do Zaire pretende ver resolvidas são, entre outros, o reatar das obras paralisadas em toda a província. Os participantes estavam visivelmente descontentes com a situação difícil que se vive no Zaire e em Angola, no geral.
Ainda exigiram a construção de centralidades, um novo aeroporto e escolas, bem como a reabilitação de estradas.
Um dos cartazes levantados por uma manifestante dizia: "Ainda vão a tempo de cumprir as promessas eleitorais". Outro cartaz dizia: "Igualdade e justiça: Zaire também merece crescer".
Os organizadores da marcha fizeram um balanço positivo quanto à atuação da polícia no decorrer da manifestação.
Mbanza Congo: Património Mundial sem condições para turismo
Capital da província angolana do Zaire acolhe a partir de 5 de julho o primeiro Festival Internacional da Cultura e Artes. Mas a cidade, que é Património Mundial, tem problemas e poucas condições para acolher turistas.
Foto: DW/B. Ndomba
FestiKongo anual
O Festival Internacional da Cultura e Artes (FestiKongo) passará a realizar-se anualmente na capital da província do Zaire. Essa foi uma das recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), aquando da inscrição da cidade angolana na lista do património mundial.
Foto: DW/B. Ndomba
Participação de países africanos
República Democrática do Congo, Congo Brazzaville, Gabão, Camarões, Chade e Guiné Equatorial são alguns dos países convidados. O Ministério da Cultura quer fazer da cidade um "palco de referência cultural nacional e regional", realçando os hábitos, usos e costumes da região. Evento visa também a promoção de músicos, artistas plásticos e criadores de moda, entre outros agentes culturais.
Foto: DW/B. Ndomba
Poucas condições para atrair turistas
A escassez de hotéis e outros serviços é um dos fatores que pode pôr em risco a presença de turistas na cidade histórica. Só há dois hotéis e o mais antigo não oferece condições de alojamento, segundo alguns clientes. O chefe do Turismo na província do Zaire, Ábias Fortuna, reconhece que é preciso construir novas infraestruturas e melhorar os serviços prestados para atrair mais turistas.
Foto: DW/B. Ndomba
O dilema dos transportes públicos
A província do Zaire, cuja capital foi classificada a 8 de julho de 2017 como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, não dispõe de um serviço público de transporte. Por isso, os mototaxistas são a "bóia de salvação" para muitos residentes.
Foto: DW/B. Ndomba
Falta de água potável
Tal como em outras partes de Angola, Mbanza Kongo também regista graves problemas na distribuição de água potável, apesar de a província do Zaire ter vários rios. A maior parte da população consome água imprópria para consumo.
Foto: DW/B. Ndomba
Grutas de Zau Evua
Localizadas bem no centro da província do Zaire, a poucos quilómetros de Mbanza Kongo, as grutas de Zau Evua constam da lista de sete maravilhas naturais de Angola. As cavernas fazem parte de uma rede de grutas e galerias, quase todas desconhecidas e ainda por explorar. É um local que não pode faltar no roteiro de quem visita Mbanza Kongo.
Foto: DW/B. Ndomba
Lixo espalhado pela cidade
É visível a falta de um programa de limpeza na cidade, onde os contentores estão cheios de resíduos não recolhidos. Outro exemplo é a piscina construída pelo Governo Provincial, cuja água não trocada já ganhou a cor verde. Como é prática das administrações, tendo em conta a importância do festival, começaram agora a ser traçados programas de limpeza na cidade dos "Reis do Kongo".
Foto: DW/B. Ndomba
Faltam espaços de lazer
A falta de espaços de lazer é outra preocupação dos munícipes de Mbanza Kongo, na sua maioria jovens. Devido à falta de locais para a prática desportiva, a equipa do escalão júnior do São Salvador do Kongo, o principal clube da província, treina no "jardim moribundo" do Governo do Zaire.
Foto: DW/B. Ndomba
Novo aeroporto em construção
Cumprindo as recomendações da UNESCO no dossier Mbanza Kongo como Património Mundial da Humanidade, a cidade terá um novo aeroporto, em substituição do antigo, no centro da capital do Zaire. Enquadrado no âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP), o novo aeroporto está a ser construído na comuna de Kiende, a 33 quilómetros de Mbanza Kongo.