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Angola: Lançada campanha "Alternância sim! Sofrimento não!"

Stélio Guibunda
29 de abril de 2022

Em Angola, grupo de jovens ativistas e defensores dos direitos humanos lançaram esta semana uma campanha pela alternância política nas eleições gerais previstas para agosto deste ano.

Angola Kampagne "alternation yes, suffering no"
Da esquerda para a direita, os ativistas: Angelo Calende, Papusseco Songo, Laurinda Gouveia, Esperança Veiga, Luismado Calucangumoco e Mauyco BallumFoto: Privat

A campanha chama-se "Alternância sim! Sofrimento não!" e envolve jovens espalhados pelas dezoito provincias angolanas. A sensibilização e a mobilização social para o voto são as palavras de ordem deste grupo.

Os ativistas dizem basta aos 46 anos de governação do MPLA e acreditam que é possível haver, sim, uma alternância política se os eleitores aderirem em massa às urnas.

Em entrevista a DW África, a ativista Esperança Veiga falou de algumas estratégias e atividades que serão desencadeadas pela sociedade civil até o dia das eleições com vista a mudar a situação de atual de Angola. 

DW África: Haverá uma alternância política em Angola neste ano? 

Esperança Veiga (EV): Nós acreditamos em uma alternância política por isso é que decidimos trabalhar para que isso seja possível. Porque se ficarmos parados e acharmos que as coisas vão vir de bandeja, acho que não é possível. Com as nossas ações, com as nossas campanhas de sensibilização,acreditamos que será possível.

DW África: Falam em elevados índices de abstinência eleitoral. Alguma razão para esse desinterece por parte dos eleitores?

EV: Devido à falta de esperanças. As pessoas têm votado desde as primeiras eleições que aconteceram em Angola até 2017 e nada mudou, é sempre o mesmo partido que governa. Então as pessoas perderam a esperanças nas eleições. As pessoas já não confiam nas eleições e preferiram agora se abster. 

Campanha pretende levar mais eleitores às urnas em AngolaFoto: Privat

DW África: E há garantias de uma alternância política será uma melhor opção?

EV: Sim, porque sendo o mesmo partido que nos governa, nós já não confiamos que com o MPLA alguma coisa vai melhorar. Se não melhorou de 1975, tivemos várias eleições e é sempre a mesma coisa, a situação vai de mal a pior. Em Angola, antes víamos só malucos a procurar alimentos no lixo. Hoje, há casos de pessoas normais, pais e mães de família a procura de alimentos no lixo. É algo que vai de mal a pior e é sempre o mesmo partido que esta no poder. Então com a nossa campanha, nós temos o momento da mobilização de pessoas ao voto. Vamos explicar às pessoas que só conseguiremos tirar o partido que nos governa a tanto tempo por meio das eleições, visto que Angola é um país democrático. Então acreditamos nessa democracia.

DW África: Como pensam em fazer para que a vossa campanha consiga abranger a maior número de eleitores nas cidades, na periferia e em zonas recônditas?

EV: Nós temos uma representatividade nas dezoito províncias angolas, temos várias formas de trabalho, a sensibilização, a mobilização,. Vamos criar campanhas, é uma serie de atividades que temos em mente. Criamos estratégias para alcançar todo e qualquer tipo de pessoas.

DW África: E como é que pensam e garantir uma transparência eleitoral no dia das eleições de agosto?

EV: Aqui em Angola a monitoria não é possível. Nós vamos nos juntar a outros movimentos de observação eleitoral e estamos a pensar em criar um movimento forte para fazermos a observação no momento das eleições.

DW África: Há previsão de protestos ou manifestações?

EV: Há sim, há previsão de protestos. Mas nós decidimos entrar nos bairros periféricos, esse é o nosso foco. Nós agora estamos a testemunhar muitos atos de intolerância politica. Os partidos da oposição não conseguem chegar em alguns bairros em que tenha militantes do partido que governa. Então, nós membros da sociedade civil, decidimos entrar nesses bairros, falar com as pessoas, mobilizar as pessoas, sensibilizar e tentar explicar às pessoas para ver se nos melhoramos a situação aqui em Angola.

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