Justiça angolana ordenou o encerramento e apreensão de todos os templos da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola. Pastores dizem-se surpreendidos com operação policial em quatro templos na capital, no domingo.
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O encerramento de vários templos no fim de semana – como o de Kilamba, Estalagem, Km 30 e Samba - decorre no âmbito das investigações a alegados crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exportação ilícita de capitais, entre outros ilícitos.
"Por despacho do Ministério Público, todos os templos da IURD em território nacional estão apreendidos e encerrados, só que o processo de selagem está a ser feito de forma gradual", indicou fonte policial à agência de notícias Lusa que disse que só na capital angolana, Luanda, existem 211 templos.
Em comunicado, a IURD mostrou-se "surpreendida" este domingo com a chegada da polícia aos templos, apesar de os agentes não estarem "munidos de qualquer mandato ou documentação de suporte" ao seu encerramento.
Em declarações à DW África, o Pastor Jimi Inácio, da Comissão de Reforma da Igreja Universal em Angola, não se mostrou surpreso com o encerramento das instituições em Luanda. "Nós tínhamos conhecimento de que o processo iria decorrer, iria continuar, e que nos próximos dias as igrejas seriam todas encerradas", revela, acrescentando que "esse processo começou na sexta-feira [18.09]".
Apesar das notícias que dão conta da ordem de encerramento de todos os templos no país, Jimi Inácio afirma que a atividade religiosa da igreja universal continua. "Seguindo, é claro, aquilo que são as determinações sobre a pandemia que estamos a viver, a igreja nas demais províncias, à exceção de Luanda e do Kuanza-Norte, realizamos as atividades normalmente", garante.
Violação da liberdade religiosa?
O jurista angolano Agostinho Canando descarta que o Estado esteja a violar a liberdade religiosa dos fiéis e pastores da IURD. "O que aconteceu foi o aplicar de uma certa medida cautelar a esta congregação, já que se encontra a decorrer um processo no Ministério Público ainda contra esta mesma congregação pelo que, todo e qualquer direito de realização de culto fica, até certo ponto, suspenso", esclarece.
Para este jurista, o Estado, ao proceder ao encerramento e à detenção de alguns pastores, apenas aplicou a lei angolana. "Na combinação do artigo 10º com o artigo 41º da Constituição da República de Angola, estamos a afirmar que o Estado angolano concede, sim, a liberdade religiosa, mas quando dentro destas congregações houver qualquer possibilidade de violação das normas do direito angolano, o Estado deverá impor-se no sentido de fazer valer aquelas que são as normas que vigoram no Estado angolano", justifica.
"Investigação profunda"
O desfecho do caso que envolve a IURD em Angola ainda é incerto. O politólogo e analista angolano Agostinho Sicatu defende a realização de "uma investigação profunda". "Porque a igreja universal, desde que chegou aqui, portou-se sempre como uma empresa", comenta. "A igreja universal foi também, em parte, responsável pelo muito sofrimento de cidadãos que acreditaram, que, apenas a pretexto da fé, tiveram de vender os seus bens", adverte.
Agostinho Sicatu desconfia que há muitos políticos angolanos que se beneficiaram daquela igreja. "Alguns destes indivíduos das autoridades também estão envolvidos. Até porque podemos considerar (a IURD) uma lavandaria de dinheiro", resume o analista.
Enquanto se espera por um desfecho judicial, as atividades religiosas da Igreja Universal do Reino de Deus, na capital angolana, vão continuar suspensas. "Se o Estado for sério, é encerrar a igreja universal em Angola. Definitivamente encerrar. Essa história de prender um pastor aqui e prender outro [ali] cria outros problemas", conclui Agostinho Sicatu.
Nove mesquitas em África que são verdadeiras obras de arte
O continente africano possui diversos edifícios religiosos de várias épocas: de 670 a.C. a 2019, existem mesquitas para praticamente todos os gostos e estilos arquitetónicos.
Foto: AFP/SEYLLOU
A mesquita de Massalikul Jinaan, Senegal
Com um custo total de mais de 30 milhões de euros, a mesquita de Massalikul Jinaan foi inaugurada em setembro de 2019. É a maior mesquita da África Ocidental e tem capacidade para albergar 15.000 fiéis no interior e outros 15.000 no átrio principal. O nome do edifício deriva do título de um poema do xeque Ahmadou Bamba Mbacke, fundador da Irmandade Mouridiyya no século XIX e reverenciado santo.
Foto: AFP/SEYLLOU
Grande Mesquita de Cairuão, Tunísia
Esta mesquita é um dos mais antigos locais de culto do mundo islâmico e possivelmente o mais antigo de África. Foi fundada no ano 670 a.C. pelo general árabe Uqba ibn Nafi. O edifício tem uma influência mista da arquitetura pré-islâmica, romana e bizantina. Está localizado em Cairuão, no deserto do norte da Tunísia, e é Património Mundial da UNESCO.
Foto: Imago/Panthermedia
Mesquita de Larabanga, Gana
Apelidada de Meca da África Ocidental, a Mesquita de Larabanga está construída no estilo arquitetónico sudanês e pode ser vista e visitada precisamente em Larabanga, no Gana. Foi fundada em 1421 e é uma das mais antigas mesquitas da África Ocidental. Foi já submetida a vários trabalhos de restauração minuciosos, uma vez que esta obra é feita de reboco de lama.
Foto: Imago/UIG
Mesquita de Touba, Senegal
A Grande Mesquita de Touba foi fundada em 1887 pelo santo sufi e fundador da Irmandade Mouridiyya, Amadou Bamba. No entanto, só foi oficialmente concluída em 1963. Bamba morreu em 1927 e está enterrado na mesquita que agora é administrada pelos seus descendentes. É considerada uma das mais belas mesquitas do mundo.
Foto: Imago Images
A Grande Mesquita de Djenne, Mali
A Grande Mesquita de Djenne é a maior estrutura de tijolos de barro do mundo. Foi construída em 1907, usando um estilo arquitetónico único, que remonta às paisagens do Sahel no século XIV. Todos os anos, a comunidade de Djenne participa num festival que visa reparar danos causados pela erosão natural - uma festa que envolve música e comida, é claro.
Foto: Getty Images/AFP/M. Cattani
Mesquita Nacional de Abuja, Nigéria
Esta mesquita foi construída em 1984 e é a Mesquita Nacional da Nigéria. Embora tenha sido construída para responder às necessidades da população muçulmana da Nigéria, também está aberta ao público não muçulmano, exceto durante as orações oficiais. Está simbolicamente localizada em frente ao Centro Cristão Nacional.
Foto: Imago Images/F. Stark
Mesquita Nacional do Uganda
Terminada em 2006, a Mesquita Nacional de Uganda é um exemplar de arquitetura moderna. Foi encomendada em Kampala pelo ex-líder líbio Muammar Kadhafi e posteriormente renomeada em sua homenagem. Atualmente esta mesquita é também sede do Conselho Supremo Muçulmano de Uganda.
Foto: Imago/UIG
Mesquita Hassan II, Marrocos
Concluída em 1993, a Mesquita Hassan II era até recentemente a maior mesquita do continente africano e a terceira maior do mundo. Este edifício foi construído para comemorar o 60.º aniversário do ex-rei Hassan II. A sua localização em cima do oceano representa um verso do alcorão, que afirma que o trono de Deus foi construído sobre a água.
Foto: picture alliance/Arco Images
Djamaa el Djazair ou Grande Mesquita de Argel, Algéria
Foi concluída em 2019 após sete anos de construção, com um custo total estimado em 915 milhões de euros. A sua construção resultou de um esforço global: foi financiada pelo Governo da Argélia, projetada por arquitetos alemães e construída pela China State Construction Engineering Corporation. O seu minarete de 265 metros torna esta mesquita no edifício mais alto de África.