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Angola: Manifestações em 7 províncias para dizer "MPLA fora"

8 de janeiro de 2021

Em Angola, ativistas do movimento "Sociedade Civil Contestatária" preparam-se para sair às ruas neste sábado, (09.01), em sete províncias, numa "mega manifestação nacional" contra a permanência do MPLA no poder.

Angola Ndalatando | Protest gegen Arbeitslosigkeit
Foto: António Domingos/DW

"45 é muito, MPLA fora" é o lema proposto pelo movimento "Sociedade Civil Contestatária" para mais uma manifestação, a nível nacional, agendada para este sábado (09.01).

Depois do adiamento das eleições autárquicas no país, previstas para 2020, os ativistas afirmam que a "população angolana está cansada" e quer dizer não à permanência do MPLA no poder.

Os promotores apelam, especialmente aos jovens, que se façam ouvir e saiam às ruas em sete províncias: Huambo, Cunene, Kuando Kubango, Uíge, Huíla, Luanda e Kwanza Norte.

Falta de vontade política

Adilson Manuel é ativista e membro do núcleo de Luanda da "Sociedade Civil Contestatária". É também um dos promotores da manifestação e defende que o executivo tem feito de tudo para a não realização das eleições também em 2021.

"Tudo isso faz parte de uma política do MPLA de dissuadir todas as formas práticas de exercício livre da cidadania e de implementar então uma política de expressão nas nossas comunidades. Ou seja, as autárquias em si acabarão por abalar a hegemonia política do MPLA, de tal modo que eles têm feito de tudo para estas não se realizarem em 2021", explica.

Últimos meses de 2020 foram de muitas manifestações em AngolaFoto: Borralho Ndomba/DW

André Mpanzu, também ativista, partilha dessa visão e não vai ficar de fora nos protestos deste sábado. Afirma que a situação atual do país "é o resultado de 45 anos de má governação do MPLA".

"Para nós, os angolanos, e os jovens de uma forma particular, o MPLA é a principal fonte dos problemas que nós vivemos há 45 anos. Em 45 anos, o MPLA não conseguiu dar-nos um sistema de educação forte e para todos, não conseguiu dar-nos um sistema de saúde forte e para todos, não conseguiu dar, em 45 anos, emprego para todos, nem água, nem transportes públicos para todos. Não cria condições para a juventude ter emprego condigno e bons salários, ter habitação e formar famílias", lamenta.

Alto custo de vida também preocupa

Metade dos jovens angolanos está desempregada, de acordo com as estatísticas do terceiro trimestre de 2020. As restrições impostas pela pandemia da Covid-19 agravaram a crise económica que se arrasta há anos e a inflação está no valor mais alto desde 2017.

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O alto custo de vida da população representa também uma preocupação para os ativistas. "Juntamos outros temas como a pobreza que vem, cada vez mais, a acelerar-se e subindo a escalas globais aqui dentro da capital, mas não só. Também nas profundezas das províncias e que tem ceifado muitas vidas. É preocupante aquilo que tem acontecido em Angola, claramente", salienta Adilson Manuel.

Protestos pacíficos

Várias manifestações realizadas em Angola nos últimos meses de 2020 terminaram em incidentes e ficaram marcadas pela forte repressão policial, à excepção das últimas, a 10 de dezembro. Um mês antes, um jovem de 26 anos saiu gravemente ferido de um protesto, acabando por falecer.

Para este sábado espera-se que as marchas sejam pacíficas, garante Adilson Manuel. "Foi feito o endereçamento de uma carta ao Governo provincial de Luanda que já enviou a carta ao Comando Provincial da Polícia Nacional a fim de chamar-nos e discutirmos esse assunto sobre o protocolo da marcha. Uma colaboração, digamos, com a Polícia a fim de uma realização pacífica da manifestação", diz.

Na capital, Luanda, a concentração está marcada para as 11 horas de sábado, no cemitério da Santana, com destino ao Largo 1º de Maio.

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