No Kuando Kubango, mais de dois mil candidatos apurados nos concursos públicos da Educação não foram admitidos. Governo local criou uma comissão de inquérito para investigar. Queixas espalham-se por outras províncias.
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As denúncias não são poucas. E são quase todas do conhecimento das autoridades locais. Na província do Kuando Kubango, sudeste de Angola, foi agora criada uma comissão de inquérito para investigar as queixas de mais de dois mil candidatos, que dizem não ter entrado na função pública mesmo depois de serem aprovados no teste de admissão dos concursos em 2017 e 2018.
O porta-voz da comissão de inquérito, João Miguel, disse esta sexta-feira (10.01) à Rádio Nacional de Angola que a comissão já começou a avaliar os resultados dos concursos públicos.
Problema nacional
Este não é um caso único. Há queixas em muitas províncias de Angola. No Moxico, por exemplo, no leste do país, mais de 400 candidatos no concurso de 2018 disseram ter sido excluídos injustamente.
Angola: Milhares de reclamações colocam concursos públicos sob suspeita
"O que aconteceu é que aquelas pessoas que tiveram 14 ou 16 valores, que concorreram na mesma disciplina ou cadeira, não foram aprovadas. E aquelas pessoas que tiveram notas baixas, mesmo tendo concorrido na mesma disciplina ou cadeira, foram apuradas. A que se deve isso? Ou envolveu a corrupção, venda de vagas, ou trata-se de tráfico de influências", comenta Benedito Jeremias, da associação Lauleno, sediada no Moxico.
Depois de fazer queixa, uma candidata citada pela agência de notícias angolana ANGOP viu a nota subir de 7 para 13 valores. Mas nem todos tiveram a mesma sorte.
Desemprego e concorrência
O jornalista angolano Ilídio Manuel duvida que estes problemas tenham os dias contados, porque a procura é maior que a oferta. O índice de desemprego já ronda os 30%, de acordo com os dados oficiais.
"Há muito desemprego. São milhares de pessoas que se apresentam aos concursos para provimento de poucos lugares. Num universo, por exemplo, de 20 mil pessoas, estão disponíveis mil lugares", explica.
À semelhança do Kuando Kubango, na província do Bengo, vizinha da capital angolana, também foi criada uma comissão para apurar eventuais irregularidades, depois de muitas queixas de candidatos. Numa nota datada de 5 de janeiro, a administração local estabelece 30 dias para a divulgação dos resultados do inquérito.
O que se espera destas comissões? Ilídio Manuel responde:
"As comissões, muitas das vezes, nem sequer chegam a concluir [o seu trabalho], e, se concluem e detetam algumas situações anómalas, elas nunca vêm a público", afirma o jornalista.
Fazer as unhas nas ruas de Moçambique
Em Inhambane, fazer as unhas às mulheres nas ruas já se tornou um negócio. Jovens sem emprego percorrem a província com tábuas de vernizes. Outros têm "salões" nos quais oferecem os serviços de manicure e pedicure.
Foto: DW/L. da Conceicao
Caminhar todos dias
O negócio de pintar unhas não é fácil para os jovens que realizam esta atividade, é preciso caminhar pelas ruas das cidades com uma tábua de vernizes, além de ser necessário conquistar a clientela. Valdimiro Chapuana conseguiu lobolar (ter um casamento tradicional) a sua esposa e tem dois filhos graças aos rendimentos deste negócio.
Foto: DW/L. da Conceicao
“Estou feliz com o meu trabalho”
Lourenço Zacarias concluiu o nível médio na escola secundária e não teve oportunidade para entrar na faculdade nem conseguir emprego. Pediu dinheiro ao irmão mais velho para começar o negócio e abriu uma banca de pintar unhas em frente à escola que frequentou na cidade de Maxixe. “Estou feliz com o meu trabalho”, diz.
Foto: DW/L. da Conceicao
Colocar e pintar unhas para lobolar
Antunes Costa e a noiva, que estão a preparar-se para lobolar (casamento tradicional), decidiram tratar das unhas por uma questão de elegância e beleza. Recorreram a uma banca onde colocam e pintam unhas. Questionados sobre a escolha deste local, disseram que o trabalho é de qualidade e os preços razoáveis.
Foto: DW/L. da Conceicao
Salões de unhas nas ruas
Os salões que pintam unhas estão espalhados pelas cidades e vilas da província de Inhambane. O negócio começou a fazer sucesso na África do Sul e em Maputo, de onde vieram empreendedores que passaram os seus conhecimentos aos jovens locais. Nos últimos três anos, o negócio ganhou espaço nas ruas da província. Muitas mulheres que procuram realçar a sua beleza recorrem estes locais.
Foto: DW/L. da Conceicao
Detalhe da pedicure
A manicure e a pedicure podem ser realizadas nas ruas, nos locais de trabalho ou nas residências das clientes. Os jovens que exercem a atividade deixam o seu contacto com os clientes. A clientela acredita no trabalho de qualidade. O preço varia entre 100 e 450 meticais (um e seis euros).
Foto: DW/L. da Conceicao
Perigos para a saúde
Esta atividade requer cuidados com a saúde, tanto para quem faz o trabalho, como para as clientes. Nem todos usam proteção, como luvas e máscaras, e o material nem sempre é esterilizado. Muitas vezes os equipamentos são conservados em condições precárias.
Foto: DW/L. da Conceicao
Trabalho infantil
Matias Pedro é um adolescente de 15 anos que abandonou a família no distrito de Funhalouro e veio para a cidade de Maxixe em busca de melhores condições de vida. Não teve escolha quando lhe ofereceram este trabalho para pintar unhas nas ruas. Ganha cerca de 1.500 meticais (20 euros).
Foto: DW/L. da Conceicao
“Faço o trabalho há 15 anos”
Nido Zaqueu conseguiu empregar-se depois de aprender a atividade na África do Sul em 2003. Seis anos depois, voltou a Moçambique e começou a fazer negócio na cidade de Maputo. Devido à procura de novos mercados, fixou-se na cidade de Maxixe. É casado e pai de três filhos. Diz que o negócio vale a pena e emprega temporariamente três jovens, entre eles o irmão.
Foto: DW/L. da Conceicao
Cliente satisfeita
O trabalho requer muita atenção, pois um pequeno erro pode estragar a beleza das unhas. Ainda assim, os jovens pouco experientes conseguem deixar as suas clientes satisfeitas. Os modelos disponíveis encontram-se nos cartazes. “Cada mulher quer um modelo diferente e que combine com o seu vestuário, mas também com a época do ano”, explicam os jovens.
Foto: DW/L. da Conceicao
Quem procura este serviço?
Mulheres trabalhadoras, estudantes universitárias e turistas estão entre os grupos que procuram este serviço. Muitas delas contam que não têm material nas suas casas ou não sabem fazer melhor. Falta de tempo, paciência e criatividade são outros motivos que as levam a pagar por serviços de manicure e pedicure.
Foto: DW/L. da Conceicao
À espera de melhores oportunidades
Delercio Arnaldo, adolescente natural do distrito de Massinga, conseguiu emprego a pintar unhas em Inhambane. Conta que deixou a família e abandonou os estudos por falta de condições há cerca de dois anos. Espera um dia ter outras oportunidades na sua vida.
Foto: DW/L. da Conceicao
Publicidade
O serviço de pintar unhas tem publicidade espalhada em todas as avenidas. Os panfletos incluem o nome de quem pratica a atividade e os contactos. Algumas mulheres recorrem aos salões ou mesmo a jovens na rua por terem confiança neles. Outras solicitam serviços ao domicílio. “Às vezes viajamos para outras províncias, distritos ou mesmo residências aqui dentro da cidade”, dizem muitos jovens.