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MPLA rejeita diálogo com quem "não respeita as instituições"

19 de janeiro de 2022

Aumenta a tensão política em Angola com o aproximar das eleições gerais, previstas para agosto. A oposição voltou a pedir um diálogo com o Presidente da República, mas o partido que governa, o MPLA, está contra.

João Lourenço, Presidente de AngolaFoto: Gianluigi Guercia/AFP/Getty Images

João Pinto, deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), culpa o maior partido da oposição pelo clima de tensão política em Angola.

Segundo o parlamentar, são os dirigentes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) – e em particular o líder do partido, Adalberto Costa Júnior – que têm apelado à desordem, nas redes sociais.

"A oposição deve moderar a linguagem, porque, até agora, o Presidente da República tem apenas garantido o regular funcionamento das instituições", considera João Pinto. 

O deputado lembra que "o país vive uma dificuldade, e uma oposição com sentido de Estado não pode estar a apelar à desobediência civil, não pode estar a apelar à ingovernabilidade do país. A ingovernabilidade do país prejudica todos".

O clima político em Angola é cada vez mais tenso. Na semana passada, o MPLA acusou a UNITA de se aproveitar da greve dos taxistas para atear fogo ao seu comité de ação no distrito urbano do Benfica, em Luanda. A UNITA rejeita as acusações.

Depois dos distúrbios, o partido do "galo negro" apresentou um "voto de protesto" e pediu a responsabilização de todos aqueles que criam "caos" e incitam ao "ódio e à instabilidade".

Lucas Ngonda, deputado da FNLAFoto: DW/J. Adalberto

"Queremos sentar-nos com o senhor PR"

Numa conferência de imprensa conjunta, os partidos da oposição defenderam ainda o diálogo com o partido no poder e com o Presidente João Lourenço para resolver os problemas no país.

Segundo o deputado da Frente Nacional para Libertação de Angola (FNLA), Lucas Ngonda, "tem de se identificar o que está na base das perturbações, o que está na base da miséria e na base de tudo, para depois podermos solucionar."

Liberty Chiyaka, líder do grupo parlamentar da UNITA, concorda: "Vamos dialogar com o MPLA, sim. Volto a reiterar a disposição e disponibilidade expressas pelo presidente da UNITA na sua última comunicação, para dialogarmos. Queremos sentar-nos com o senhor Presidente da República, queremos dialogar com a liderança do MPLA. É o país que está em causa. Não são os nossos orgulhos partidários".

MPLA pede a UNITA que pare com "discursos musculados"

Mas João Pinto rejeita que o MPLA se sente à mesma mesa com a oposição. Em entrevista à DW, o político insiste que o Presidente João Lourenço não pode dialogar com alguém que "não respeita as instituições".

"Foi a UNITA que começou a dar uma imagem de que tem mais popularidade e mais aceitação. Começou a ter pronunciamentos provocadores e organizou, em pleno estado de emergência em quase toda a parte do mundo, manifestações violentas", acusa o deputado angolano.

Liberty Chiyaka, líder do grupo parlamentar da UNITAFoto: Borralho Ndomba/DW

Pinto acusa o partido do "galo negro" de criar deliberadamente um falso clima de crispação no país, para camuflar os sucessos de João Lourenço.

"O Presidente está num processo de reforma muito ousado que tem sido bem sucedido, com a moralização da sociedade e a apreensão de bens que são incongruentes face ao rendimento das pessoas que tenham exercido cargos públicos. A oposição quer pôr isso em causa", diz.

Questiona ainda: "Como é que um líder da oposição, eleito no meio do mandato de um Presidente, vem pôr em causa um programa de Governo aprovado?"

Por fim, o deputado apela ao líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, que ponha fim aos "discursos musculados".

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