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No Moxico combustível só "jorra" para propaganda do MPLA?

Georgina Malonda
19 de agosto de 2021

População do Moxico anda aborrecida com a falta de combustível. Mas o liquído não falta para o partido que governa quando se trata de preparação eleitoral. A Sonangol fala em soluções, mas sem mencionar datas.

Angola | Treibstoffknappheit
Filas enormes para a compra de combustível no Moxico, AngolaFoto: Georgina Gomes/DW

No âmbito da mobilização partidária para a preparação das eleições gerais de 2022, entre 6 e 7 de agosto, a vice-presidente do MPLA, partido que governa, Luísa Damião, fez com que o governo local distribuísse, gratuitamente, gasolina aos taxistas para que estes participassem da sua passeata.

Os populares criticaram o gesto do MPLA, alegando injustiça e favoritismo. Desconfiam que a situação da falta de combustível só vai melhorar na véspera da campanha eleitoral para "fazer a cabeça" dos angolanos, tudo em prol do voto.

Honório Manuel, um dos contemplados pelo combustível gratuito, desabafa dizendo que a falta de gasolina tem causado problemas. "Quando o Governo vem aqui, uma comissão de Luanda, disponibiliza gasolina de favor e quando vai o povo fica a sofrer”, diz. E ainda conta que em média uma pessoa tem de acordar às três horas da manhã para ir para a fila e conseguir combustível.

Bombas de combustível da Sonangol, a petrolífera estatal angolanaFoto: Georgina Gomes/DW

Má distribuição nas bombas

O moto-taxista Isaías Daniel também teve de esperar para conseguir gasolina e relata que a causa das filas é que o combustível está disponível em apenas algumas bombas. Alega que numa cidade tão grande como Moxico, isso faz com que haja uma aglomeração desnecessária. "Há sítios que não têm [gasóleo] e os cidadãos do município vêm [todos ao mesmo lugar]”, explica.

A escassez do combustível deu espaço à especulação do preço. Onde um bidão de 20 litros está a custar cinco mil kwanzas, cerca de 4 euros, anteriormente era vendido a três mil Kwanzas, equivalentes a cerca de 2 euros.

Empresas afetadas

A escassez também pode causar transtornos para algumas companhias. Juliana Lilo, gestora de empresas, explica que essa insuficiência pode influenciar "negativamente no ciclo de organizações que dependem fundamentalmente do combustível ou da corrente eléctica para produzir de maneira eficaz”.

Jeremias Job, responsável pela Sonangol no Moxico, reconhece que a falta se dá pelo "fraco abastecimento a partir da estrutura central”.

Moto-taxistas do MoxicoFoto: Georgina Gomes/DW

Ele explica que a falta de refinarias no país é uma das causas no baixo nível de produção dos derivados de petróleo. "A situação será mitigada com a construção de refinarias nas províncias de Benguela, Cabinda e Zaire”, garante o responsável da Sonangol. 

Falta de iluminação é consequência

O ativista social João Baptista critica as políticas implementadas pelo partido dos camaradas. Diz que com a distribuição de combustível, o MPLA conseguiu "sustentar as motos para fazerem a propaganda”, contudo, "não conseguem sustentar a iluminação da cidade da paz”. E

Baptista conta que depois das 18h não há iluminação por falta de combustíveis e critica dizendo que "para assuntos políticos e sustento dos seus partidos conseguem de ter combustível”.

A DW procurou o MPLA para ouvir a sua reação, mas no Moxico o partido disse não ter autorização para falar. 

Luanda: Marcha contra aumento dos combustíveis em Angola

01:19

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