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EducaçãoAngola

Angola: Novo ano letivo arranca com problemas antigos

Simão Lelo
1 de setembro de 2023

Novo ano letivo arrancou oficialmente em Angola. Pais e encarregados de educação queixam-se da falta de organização interna de várias instituições de ensino, da escassez de vagas e da degradação de infraestruturas.

Alunos da Escola de Lombo Lombo em Cabinda
Foto: Simão Lelo/DW

O ano letivo arrancou oficialmente hoje (01.09), mas as aulas começam apenas na segunda-feira (04.09) para o ensino geral.

Muitos angolanos consideram que o Governo não atribui a quota necessária para a melhoria da qualidade do ensino no país. Muitos pais e encarregados de educação relatam dificuldades na obtenção de vagas e a desorganização em certas escolas afetas ao Estado quanto ao processo de matrículas.

Por isso, muitos são obrigados a recorrer às instituições privadas, numa altura em que outros tantos correm o risco de ficar em casa no novo ano letivo.

Desafios em Cabinda

Em Cabinda, Paulo Adão, que se dirigiu à Escola Barão de Puna, descreve os embaraços encontrados para efetuar as matrículas dos seus filhos: "Vim para efetuar as matrículas das crianças, mas infelizmente deparei-me com algumas situações menos boas, o que presumo existir falta de organização total."

Em contrapartida, a secretária provincial de Educação em Cabinda refere que para este ano letivo, 2023/2024, a província tem disponíveis cerca de 254 mil vagas para os novos alunos, o que considera ser número suficiente.

O responsável máximo da Educação em Cabinda, Miguel Zinga, afirma que foram criadas todas as condições para o êxito do ano letivo. "O setor que dirijo está preparado para o arranque do ano letivo 2023/2024, concernente às questões relacionadas às infraestruturas, bem como à qualidade de ensino", diz.

Escola Primária de Lombo Lombo em CabindaFoto: Simão Lelo/DW

Material cada vez mais caro

A cada ano letivo, renovam-se as esperanças de melhoria no ensino em Angola, mas as soluções tardam a chegar. E o elevado preço dos materiais escolares também ameaça comprometer a frequências das aulas.

"Cadernos que nós comprávamos a 300 kwanzas equivalente à (0,33 euros), agora estamos a comprar a 2000 mil  kwanzas, equivalente à (2,23 euros). E aqueles que custavam 800 kwanzas, estamos a encontrar agora a 2.500", queixa-se o taxista Eduardo, taxista, é pai de dois filhos.

Madalena, mãe de dois alunos, também está preocupada: "Este ano, está mesmo muito puxado, porque eu tenho dois filhos e tentei fazer algumas compras, mesmo assim não está a ser suficiente devido aos preços que estão mesmo altos."

Livros gratuitos à venda nos mercados

Além dos desafios que as famílias enfrentam para a aquisição do material didático, outra preocupação que muito se debate tem a ver com o facto de o Estado gastar milhares de milhões de kwanzas na produção de livros escolares para o ensino primário que, em vez de serem distribuídos gratuitamente, acabam nos mercados.

Em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA), O secretário do Estado para o Ensino Pré- Escolar e Primário garante que o Governo tem disponíveis mais dois milhões de livros escolares para o ensino primário, que serão distribuídos em todas províncias.

"Grande parte das províncias que recepcionaram os materiais escolares alegam que os materiais não chegam às escolas e dizem que compram no mercado. No entanto, se encontram e compram no mercado, estes também estão a contribuir. Portanto, o que devem fazer é denunciar, porque o material é gratuito."

Para acabar com este problema, o professor Alberto defebde que o estado deve ser mais contundente: "Adotar mecanismos de fiscalização para que isso não venha acontecer e responsabilizar Criminalmente que for encontrado a comercializar estes livros."

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