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Angola: "O estado de emergência vai ser muito difícil"

27 de março de 2020

O primeiro dia de estado de emergência foi marcado por longas filas nos bancos e nos supermercados. Angolanos temem o que possa acontecer aos vendedores informais.

Foto: DW/P. Borralho

Pela primeira vez em quase 45 anos de independência, o Estado angolano decretou na quarta-feira (25.03) o estado de emergência nacional e suspendeu o direito de circulação aos seus cidadãos.

É uma medida extraordinária em tempos extraordinários, para travar a propagação do novo coronavírus, que já provocou cerca de 25 mil mortes em todo o mundo. 

No primeiro dia do estado de emergência, muitos angolanos acorreram aos bancos e mercados. Outros ficaram em casa.

O funcionário público Morais Ferreira acredita que esse é o melhor remédio, mas lembra que há também muitas pessoas que vão sofrer com as medidas.

"O estado de emergência vai ser muito difícil, porque há muitas famílias que dependem do negócio diário para ter alimento em suas casas", avisa.

Filas num banco da capital angolanaFoto: DW/P. Borralho

Venda ambulante condicionada

Na quinta-feira (26.03), o ministro da administração do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, esclareceu que gozam do direito de circulação somente os que efetuarem as deslocações necessárias e urgentes para aquisição ou prestação de bens e serviços essenciais.

Adão de Almeida disse que todos os estabelecimentos comerciais fecham as portas, exceto os que prestam serviços essenciais como a venda de bens alimentares a grosso ou a retalho, bancos e serviços de pagamentos automáticos, telecomunicações e serviços de imprensa.

A venda ambulante é permitida "desde que individual, devendo ser observado um distanciamento mínimo recomendado entre o vendedor e o comprador no ato da compra". Mas "são proibidos os mercados informais de rua que impliquem a concentração num determinado local".

Com o país em estado de emergência, vendedores de roupa, de produtos para a casa ou de peças de carro, por exemplo, que costumam fazer negócio nas ruas de Luanda, ficam sem fonte de sustento. 

A DW África responde às suas perguntas sobre o coronavírus

00:39

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Abastecimento de água

Quanto à distribuição de água, o Governo garantiu o abastecimento gratuito a unidades de saúde, mercados informais, centros de quarentena e prisões.

Mas, nos bairros de Luanda, ainda não se sabe como será feita a distribuição.

Entretanto alguns alimentos estão mais caros, constatou o jovem Bernardino Superdino: "Os preços da cesta básica estão um pouquinho altos", comenta em entrevista à DW África.

O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor angolano anunciou, na quinta-feira (26.03), que, pelo menos, cinco pessoas foram detidas na capital angolana por especulações de preços de material de proteção contra o novo coronavírus e de produtos da cesta básica. O instituto decretou "tolerância zero" aos especuladores. 

O estado de emergência estará em vigor até 11 de abril às 23:59, mas pode ser prolongado.

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