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Angola: "O MPLA teme pelo seu futuro"

2 de abril de 2024

Dirigente do MPLA acusou o maior partido da oposição, a UNITA, de não ter quadros capazes de governar Angola. Em entrevista à DW, membro do "Galo Negro" refere que estas são "manobras" de diversão sem fundamento.

Campanha eleitoral em Angola, agosto de 2022
Foto: D. Vasconcelos/DW

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) pede a exoneração do governador do Cuanza Sul. Em causa estão as acusações feitas ao maior partido da oposição angolana por Job Capapinha.

O também primeiro secretário do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) na província disse esta segunda-feira (01.04), num evento partidário, que se um dia a UNITA for Governo, os roubos ao erário público serão superiores aos que o partido no poder está a combater. Declarações "totalmente infundadas", considera o primeiro secretário provincial da UNITA, Armando Caquepa.

Em entrevista à DW, o deputado afirma que as declarações do governador só vêm confirmar "a roubalheira" do atual Governo aos cofres do Estado e pede a intervenção da Procuradoria-Geral da República (PGR).

DW África: Qual é a posição da UNITA relativamente às acusações feitas ao partido pelo governador da província do Cuanza Sul?

Armando Caquepa (AC): Não é só a UNITA que contesta o discurso do primeiro secretário provincial do MPLA, que é ao mesmo tempo governador da província do Cuanza Sul – são todos os cidadãos do Cuanza Sul que estão contra. Todos estão revoltosos com as declarações de Job Capapinha. Como partido, a nossa posição é muito clara: nós estamos diante de um governador provincial que não tem visão governativa, que perdeu o norte. Ela não tem o controlo da situação na província. Estamos diante de um governador provincial que consta na lista de 14 províncias que não prestam contas sobre a gestão das contas públicas. O Cuanza Sul está a recuar, está a tornar-se um canteiro de obras abandonadas ou inacabadas. É um Cuanza Sul sem horizonte.

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DW África:  O governador do Cuanza Sul disse que, se um dia a UNITA fosse Governo, os roubos ao erário público seriam superiores aos que o MPLA está a combater. Também disse que a UNITA não tem quadros capazes de governar Angola e não tem nem nunca terá um programa alternativo ao MPLA para governar o país. Portanto, são acusações e declarações que a UNITA considera infundadas?

AC: São totalmente infundadas; sem norte, nem estratégia. Nós estamos diante de um governador que não tem visão governativa, como já referi. Politicamente, eu considero Capapinha como um simples ativista, que tem saudade de voltar para o Movimento Espontâneo. Ele não tem qualquer política inovadora para a província do Cuanza Sul. Aqui junto-me a milhares de cidadãos do Cuanza Sul que clamam pela exoneração dele, porque nós queremos um governador com visão governativa, que traz políticas sociais para alavancar a economia da província. Hoje, a nossa província é considerada uma "província-cauda" por causa da incompetência do atual governador.

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DW África: Acha que são manobras de diversão do MPLA? Por exemplo, na semana passada, o Governo disse que apreciou a proposta de lei orgânica sobre a institucionalização das autarquias, que vai enviar ao Parlamento, mas a UNITA já disse que duvida que esta proposta possa resultar na realização prática de eleições autárquicas.

AC: As manobras fazem parte da agenda do MPLA desde os seus primórdios. E se se remeteu agora, às pressas, a proposta de lei sobre as autarquias, é por causa da pressão que a UNITA e o coletivo da oposição têm vindo a fazer; é por causa da sociedade angolana que faz uma pressão extraordinária e porque tomou conhecimento que o grupo parlamentar da UNITA vai remeter dentro de poucos dias a proposta de lei sobre as autarquias. Então, nós estamos aqui diante de um partido que teme pelo seu futuro. Estamos diante de um partido sem esperança para o futuro deste país.

Além disso, olhando para as declarações do governador, quando diz que, se a UNITA for para o poder, vai roubar mais que o Governo, ele admite assim toda a roubalheira que este Executivo tem feito aos cofres do Estado. São, portanto, declarações que não passam de propaganda política comprometedora, pois comprometem a linha política do próprio MPLA.

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